Capítulo 12

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– Vocês estavam se beijando! – Sungjin entortou os lábios enojados. 

Jisung havia amado aquele beijo. Antes de dormir, fez questão de relembrar segundo por segundo daquele momento e daqueles sabores. 

Mas agora, com a reação de seu empresário, sentiu ter cometido o pior dos erros. 

O arrependimento bloqueando suas cordas vocais, sem conseguir explicar ou tocar no assunto. 

– Sentir vergonha é o primeiro passo, Ji! 

– Não sinto vergonha – respondeu sincero. – Só não queria te desapontar. 

O empresário o puxou para seus braços e afagou aqueles fios escuros. Jisung prendeu o choro como pôde, querendo demonstrar força para evitar mais decepções. 

– Não se preocupe, minha função é te dizer quando você sofre injustiças. Eu preciso te proteger! 

Jisung concordou rapidamente e Sungjin serviu um copo de água, entregando em sua direção. 

– Mas eles não me fazem mal, sabe? – as mãos rodeando o copo. – Eu sinto que estão se esforçando. 

O empresário se afastou e, com seu hábito nervoso de jogar os cabelos para trás, respirou profundamente. 

A caminhada em círculos pela sala de Jisung e uma expressão entristecida e dissimulada. 

– São tão mentirosos – uma respiração profunda e teatral serviu de pausa para finalmente revelar: – Os dois estão em um relacionamento fechado até hoje… estão te convencendo para que trabalhe para eles. 

– Sung, me perdoa, mas não acho que seja dessa forma… 

– Então veja por si mesmo – buscou pelas fotos na galeria do celular e esticou o objeto para Han, que hesitou tempo demais. – Sei que pode doer, mas precisa ver isso. 

Uma lentidão duvidosa até finalmente segurar o aparelho nas mãos, o artista ainda fitava os olhos do empresário, com medo do que pudesse encontrar. 

Bangchan e Changbin estavam dentro do carro, com os vidros levemente embaçados. As bocas grudadas e as mesmas roupas da noite passada. 

Mais uma vez o deixaram de fora. Mais uma vez não fizeram questão de sua presença. 

Por que esperaram Jisung ir embora para fazer isso? Claro que não queriam que o rapaz estivesse junto. 

– Tiveram relações sexuais, Jisung – puxou o celular de volta. – Eu te mostraria o vídeo, mas não acho que mereça ver isso. 

– Eles sabem o que fazem – sorriu forçadamente, se encostando na bancada para continuar de pé. – São adultos, e nós não temos nada sério. 

– Não negue seu sofrimento, somos amigos… pode chorar

Permissão dada, ato cumprido. 

Em meio a soluços, Jisung se xingava de várias formas, uma humilhação sem fim. 

Parecia um adolescente indefeso novamente. Quase sentiu ter voltado no tempo, quando Sungjin o contou sobre Bang e Changbin se beijando no banheiro da empresa. 

▪︎

Os dois dias seguintes não trouxeram conversas.

Os mais velhos, tímidos demais para mandar mensagens, só puderam esperar o tempo passar.

Jisung também não entrou em contato, é claro. Chateado por ter beijado seus ex-amigos que no passado foram tão cruéis.

Aquele estúdio estava claustrofóbico.

Seungmin participava da reunião para os últimos ajustes, Bang super concentrado, Changbin empolgado como uma criança e Jisung sentado na ponta do sofá.

Se esforçava para lançar sorrisos mas estava sufocado, entediado e infelizmente irritado.

Era insuportável querer se aproximar e perceber que alguns dias atrás, tinha certeza de que viveriam algo.

O algo romântico que sempre achou que merecia viver com eles. E agora estavam de volta para a estaca zero.

– O que houve? – Bang tocou no assunto assim que Seungmin deixou o estúdio.

Changbin se aproximou também, sentando ao lado do mais novo e o observando com as orbes curiosas e afetuosas.

– Hannie?

– Ah, merda! Vocês são mesmo falsos para caralho! – explodiu se levantando do sofá. O grito repentino fez Bang piscar os olhos de susto e Changbin encolher os ombros.

Quando o moreno esfregou o rosto e pousou o olhar nos amigos, sentiu estar completamente errado.

Avistou os donos de seu coração assustados por sua causa, surpresos demais e sem uma reação sequer. Jisung até preferiu que o tratassem da mesma forma, uma briga seria bem melhor.

– Desculpa, é bobeira minha.

Bangchan se aproximou sem raiva alguma em seu corpo, realmente estava preocupado.

– O que aconteceu? – tocou sua franja para limpar a visão mas Jisung se afastou rapidamente.

– Não temos nada, vocês dois são livres.

– O que quer dizer? – Changbin se levantou e caminhou até os dois. – E não somos falsos, por que diz isso?

O mais novo riu com uma mistura irônica e nervosa. Sua cabeça zonza de arrependimento por ter se exaltado. Como poderia cobrar algo de pessoas que nem são nada suas?

– É que por um momento eu considerei que poderíamos começar algo, e... – tentou ao máximo não fazer contato visual. – Sei que vocês têm um relacionamento bem íntimo e eu fui intrometido demais.

– Íntimo? – Changbin parecia completamente perdido. Entender uma equação matemática seria bem mais fácil.

Os alertas de seu empresário faziam muito sentido agora. Jisung considerou a atuação de Seo muito boa, fingindo não saber de nada.

– Eu já sei que transaram, não precisam disfarçar.

Bangchan engasgou com a própria saliva e fitou o castanho. Aquela conversa telepática onde perguntavam um para o outro o que estava acontecendo.

– Não fizemos isso.

– Eu vi que fizeram.

– Como viu? Onde? – Changbin indagou quase como uma provocação, queria muito ouvir a resposta inventada.

– Depois que me deixaram em casa, no carro.

A expressão chateada não deixou o castanho provocar novamente, estava preocupado e arrependido por algo que nem sequer fez.

Magoar Han não era justo.

– Nós só nos beijamos – Bang começou mas fora impedido por um grito vitorioso de Jisung.

Não estava feliz, mas foi satisfatório saber que Sungjin dizia a verdade.

– Eu sabia! Eu vi vocês fazendo aquilo.

– Jisung, tenha dó! – Changbin resmungou voltando a se sentar no sofá, já começava a se cansar daquilo. – A gente se beijou e mesmo assim colocamos você no meio.

O moreno ouvia tudo com gigante desconfiança e Bang percebeu que ele não queria acreditar.

– O Binnie quase gemeu seu nome, inclusive.

– Sem detalhes, Christopher. Quanta humilhação.

O mais velho riu e já se preparava para explicar toda a situação para Jisung, mas este logo assumiu não comprar as desculpas fajutas.

Queria muito que fosse verdade. Em um mísero segundo de esperança, desejou ser uma mosquinha para estar naquele carro.

Mas não poderia se iludir mais, ou acabaria estragando toda a sua carreira e a confiança de Sungjin.

Não perderia mais nada.

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