Capítulo 3 - Dias Difíceis

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- Como se sente Spencer? - Questionou Scarlett que havia ido visitá-la em sua casa.

- Bem melhor... Por uns instantes eu achei que tinha morrido... Eu vi os meus pais... Pensei tanto nos meus filhos... Houve momentos da minha vida em que desejei tanto estar com os meus pais outra vez, mas dessa vez eu fiquei tão tranquila em ouví-los dizerem que não era a minha hora... Porque eu sabia que os meus filhos precisam de mim. - Respondeu a olhando. - Me desculpa por não ter conseguido ir ao funeral de Vicent.

- Está tudo bem... Isabella e Eu entendemos. - Respondeu a olhando.

- Como ficou o caso da família Miller? - Questionou ainda preocupada com Laura.

- Demos por encerrado. Afinal Carter está morto... As imagens das câmeras ficaram prontas e era a prova que faltava para colocá-lo atrás das grades. Pois da pra ver claramente com uma resolução melhor que foi ele mesmo que cometeu o crime. - Iniciou Scarlett. - Como não é possível prendê-lo, creio que ele deve estar recebendo sua punição no inferno. Laura ficou com a esposa dele, ela tem a guarda da menina. Também ficou surpresa quando soube de Carter, ela não sabia de nada. Achamos que nunca íamos saber o porquê ele cometeu esse crime. Mas descobrimos pelo celular dele que ele tinha muita inveja do irmão, da família que ele tinha e dos bens materiais que possuía. Esse mundo está mesmo perdido... Como o cara tem coragem de matar o próprio irmão e quase toda a família por inveja? É um absurdo isso. - Completou balançando a cabeça em negação.

- Realmente, um absurdo. Tenho pena da Laura que irá carregar aquela imagem pro resto de sua vida. - Comentou.

- Como está com Emma e Kristen? - Questionou a olhando.

- Ainda não conversei com a Emma. - Respondeu comprimindo os lábios. - E o clima aqui em casa não está dos melhores. Não que Kristen e Eu estejamos nos desentendendo. Mas está estranho.

- Também né, depois de oito anos você me vem com essa confusão do nada. - Comentou. - Resolva isso o quanto antes e não deixe que qualquer atitude sua respingue nas crianças. - Aconselhou. - Eu preciso ir, Isabella ainda não está bem e... Eu preciso ficar com ela. Tenho receio de deixá-la sozinha, mesmo que Eloá, Helena e Zoey estejam fazendo companhia a ela. Se cuida Spencer. - Finalizou levantando-se da beirada da cama e pousando um beijo em seu rosto em despedida.

- Obrigada por ter vindo. - Agradeceu a olhando com carinho.

- Eu jamais deixaria de vir ver como está. Qualquer coisa não hesite em me ligar. - Respondeu dando uma piscadela. Então Scarlett retirou-se do quarto.

Ao chegar na sala Scarlett pôde ver Kristen analisando algumas coisas em seu notebook. As crianças não estavam em casa. Nathan estava com Emma e Diana estava com sua bisavó, gostava de ficar com ela. Scarlett se despediu de Kristen que a acompanhou até a porta. Em seguida ao se ver sozinha com Spencer, Kristen foi até o quarto ver se ela precisava de alguma coisa.

- Oi, está precisando de algo? - Questionou ao entrar e pegá-la de surpresa. Kristen aproximou-se da cama. - Você precisa ajeitar os travesseiros, vai ficar com uma dor insuportável na coluna se ficar deitada assim toda torta. - Disse enquanto arrumava os travesseiros nas costas dela. - Pronto, pode encostar. Está melhor assim?

- Está sim, obrigada! - Respondeu a olhando após ajeitar-se.

- Eu vou fazer um chocolate quente pra mim, você quer também? Está um pouco frio hoje. - Sugeriu a olhando.

- Eu aceito. - Respondeu dando um leve sorriso de canto. Quando Kristen ia afastar-se, Spencer segurou em sua mão a impedindo e fazendo olhá-la.

- Spencer... Não torne as coisas mais difíceis do que já estão. - Disse quase num sussurro.

- Eu te amo. - Respondeu a olhando.

- Eu também te amo, muito. Mas precisa resolver sua confusão interna. Antes que isso nos machuque... Eu só quero que seja sincera comigo. - Debateu. Então Kristen curvou-se e pousou um beijo na testa de Spencer a olhando em seguida. - Vou fazer o chocolate quente. - Completou soltando a sua mão e retirando-se do quarto. Spencer respirou fundo e passou a olhar o tempo lá fora através da parede envidraçada de seu quarto.

Na casa de Scarlett, Helena estava estudando em seu quarto, enquanto Eloá e Zoey faziam companhia a Isabella no outro quarto. Tentavam convencê-la a comer alguma coisa, mas estava difícil. Logo Helena pôde ouvir alguém bater em sua porta e sem verificar quem era apenas pediu que entrasse. Quando a porta se abriu devagar ela ficou surpresa ao ver que se tratava de Nathan, ele logo a encarou com pesar e encostou a porta.

- Oi, vim ver como você está. Pedi que minha mãe me trouxesse. - Disse ele com uma voz serena e rouca. - Sinto muito pelo seu vô. - Acrescentou. Helena logo largou seu caderno sobre a cama e num gesto rápido levantou-se da mesma e foi até ele o surpreendendo com um abraço. Nathan envolveu seus braços em volta da cintura dela e apoiou seu queixo no ombro da mesma. - Desculpa por ter sumido depois do cemitério, eu queria muito ter vindo com você e não te deixar sozinha. Mas não consegui.

- Tudo bem Nathan... - Respondeu Helena baixinho. Logo ela se soltou do abraço e afastou-se um pouco para olhá-lo. - Eu quero muito ajudar a minha mãe, mas não sei como. - Desabafou.

- Só de estar ao lado dela já é suficiente. Ela vai ficar bem, você vai ver. Mas para isso você precisa estar bem também, pra dar a ela a força que ela precisa pra continuar. - Aconselhou. - O que estava fazendo? - Questionou mudando de assunto para ela não ficar ainda mais triste.

- Estava estudando. - Respondeu dando um leve sorriso.

- Pleno final de semana e você estudando. - Disse num tom divertido.

- É mais pra ocupar a cabeça com alguma coisa. - Debateu o olhando.

- Vamos ouvir música, dizem que música faz bem. - Indagou pegando seu celular no bolso e desbloqueando o mesmo. Logo ele selecionou a playlist que costumava ouvir quando estava com ela e colocou seu celular sobre a cama. Então ele aproximou-se, tirou o boné que estava usando e colocou na cabeça dela virado para trás, a fazendo sorrir. E segurando suas mãos ele deu-se a mover seu corpo no ritmo da música a fazendo dançar com ele. Por uns instantes ele a fez esquecer de todo sentimento triste que ela estava sentindo naquele momento.

Lembranças de Isabella...

- Chegou mais cedo do trabalho hoje. - Comentou sorrindo.

- Eu vim pra ficar com a pessoa que mais amo nesse mundo todo. - Respondeu Vicent pousando um beijo em sua cabeça e a abraçando. - O que acha de pedirmos algo pra comer? Ou prefere sair um pouco dessa casa? - Sugeriu a olhando.

- A gente podia ir naquele restaurante que a gente gosta. - Respondeu.

- Acho uma ótima idéia, eu só vou tomar um banho e já saímos. - Concordou ele sorrindo.

- Papai... - Chamou ela antes que ele se retirasse de seu quarto. Ele parou na porta e a olhou.

- Oi meu amor? - Indagou a olhando.

- Já falei que te amo hoje? - Questionou. Ele sorriu.

- Hummm... Deixa-me ver. - Murmurou fazendo cara de pensativo. - Acho que disse umas dez vezes por mensagens.

- Então falta eu te dizer pessoalmente... Eu te amo muito pai. Sou muito grata por cuidar tão bem de mim, por tudo que faz por mim. Se um dia eu te perder eu acho que me perco também. - Comentou o olhando. Ele então aproximou-se novamente e sentou-se na beirada da cama de frente para ela.

- O dia que isso acontecer... O dia que eu tiver que partir. Eu sei que vou poder ir tranquilo, porque você já vai ser uma mulher feita e já vai ter conquistado tudo o que mais deseja nesse mundo. Eu vou com a certeza de que cumpri a minha missão de te fazer uma mulher independente, determinada, forte, incrível... Ainda temos muito tempo meu amor, quero ver os meus netos crescerem. - Disse num tom divertido a fazendo sorrir. - E eu não quero que se perca... Quero que seja forte como sempre foi todos esses anos desde que nasceu. Você lutou tanto pela vida, eu via em seus olhos o desejo de viver. Não deixe esse brilho se apagar. Porque independente de onde eu estiver quando isso acontecer, eu vou estar sempre do seu lado te protegendo. E eu também te amo muito meu amor. - Finalizou a abraçando forte.

Dias atuais...

- Mamãe! - Chamou Eloá mais uma vez. Isabella deixou algumas lágrimas percorrerem seu rosto e a olhou com pesar.

- Oi meu amor. - Respondeu.

- Eu sei o quanto está difícil pra você, mas não deixe o brilho nos seus olhos se apagar. O vovô ainda está com a gente, em outro plano agora. Mas sempre vai estar aqui com a gente. - Disse a olhando.

- Eu sei disso... - Disse quase num sussurro.

- Desculpem a demora, eu acabei me estendendo um pouco com a Spencer. - Disse Scarlett ao entrar no quarto de supetão. - Que música é essa? - Questionou ao ouvir uma música vir de outro cômodo.

- Deve ser o Nathan e a Helena. Ele veio vê-la, Emma passou aqui e o deixou para fazer companhia a ela. - Respondeu Zoey.

- Isso é bom, não é legal ela ficar sozinha agora. - Respondeu aproximando-se de Isabella. - Eu trouxe o que você mais ama comer, vamos tentar comer um pouco? - Indagou a olhando enquanto a abraçava.

- Obrigada amor, mas estou sem fome. - Respondeu baixinho.

- Só tenta... Por favor! - Insistiu. - E eu prometo que não insisto mais.

- Ok, eu vou tentar. - Concordou se dando por vencida.

Isabella não estava bem e com razão, e via o quanto os outros tentavam fazê-la ficar bem, via o quanto estavam se esforçando pra isso. E após a lembrança que teve com seu pai ainda a pouco, ela percebeu que não podia se perder. Iria fazer o que ele lhe pediu, iria lutar para não deixar o brilho em seus olhos se apagar. Iria tentar ser forte como ele disse que sempre foi.

Do outro lado da cidade, Alex chegou em seu apartamento e colocou sua arma junto com as chaves do carro sobre a bancada que dividia a cozinha da sala. Então ela respirou fundo e aproximando-se do sofá sentou-se no mesmo passando as duas mãos por entre os seus cabelos. A morte de Vicent e a forma que ele morreu foi um gatilho para ela. Lembrou-se de sua amada. As cenas daquela noite vieram nítidas em sua cabeça, pensar que poderia ter sido evitado a fazia ficar se remoendo o tempo todo. Pouco depois a porta se abriu revelando sua parceira atual.

- Oi... Eu achei melhor ficar aqui com você. Imagino que essa tragédia não te traga boas lembranças. - Disse aproximando-se ao fechar a porta. Ela parecia adivinhar o tempo todo quando Alex não estava bem, tinham uma conexão surreal. Sabiam perfeitamente quando a outra não estava bem.

- Obrigada por ter vindo, não sabe o quanto isso é importante pra mim. - Respondeu quase num sussurro. - Você tem sido incrível pra mim Ashley. Ela aproximou-se e sentou-se ao lado de Alex a abraçando em seguida e pousando um beijo em sua bochecha.

- Eu vou estar sempre aqui com você, por você. - Sussurrou. Alex a olhou e selou os seus lábios.

- Obrigada por tudo! - Agradeceu acariciando o rosto dela em seguida.

° ° °

Horas mais tarde Emma buscou Nathan na casa de Scarlett, ficou lá um pouco conversando com as demais e por fim foi levá-lo de volta a Spencer. E aproveitou para lhe fazer uma visita. Quase surtou quando soube do ocorrido, não foi fácil dizer para Nathan que ela havia se machucado e estava no hospital. Mas nesse meio tempo ainda não haviam tido a chance de conversarem. Então ela aproveitou a oportunidade de ver como ela estava. Spencer foi quem abriu a porta quando chegaram.

- A dor melhorou? - Questionou Emma a olhando. Estavam conversando na sala. Diana estava dormindo e Nathan havia ido pro quarto dele jogar vídeo game. Kristen estava de plantão aquela noite.

- Estou bem melhor, pronta pra outra. - Respondeu num tom divertido.

- Nada de outra, chega de sustos. - Repreendeu Emma. Então um silêncio se fez. E ela havia notado que Spencer estava inquieta. - O que te aflige Spencer? - Questionou a olhando ao quebrar o silêncio.

- A gente precisa conversar Emma... - Disse de uma só vez a pegando de surpresa.

- E sobre o que quer falar exatamente? - Questionou.

- Sobre nós, sobre quando foi embora, sobre a carta... - Respondeu. Emma ficou pensativa.

- Eu já pensei que um dia fosse querer tocar nesse assunto de novo. Resolver o que ficou mal resolvido talvez... - Iniciou a olhando séria. - Eu sei que não devia ter ido daquela forma, mas foi preciso. O que você quer saber?

- Eu não sei por onde começar... - Disse a olhando.

- Bom... Vejamos... - Iniciou pensando em quais palavras usaria para aquela conversa. - Você teve uma história bonita com a Kristen, e não te culpo por todo aquele sentimento que sentia por ela ter reacendido quando ela reapareceu na sua vida. E sem querer eu acabei dando brecha pra isso. Eu sei que passamos por mals bocados juntas, quem acompanhou a nossa história de perto sabe. Mas isso não significa que iríamos ficar juntas. Todo mundo tem bons e mals momentos com alguém. E mesmo superando tantas barreiras nem sempre acaba bem... Como eu disse, você tinha uma história linda com a Kristen, e ela não foi embora porque queria. Infelizmente sofreu ameaças e torturas, ela me contou alguns detalhes com o tempo que fomos criando um laço de amizade. Se não fosse por isso, você nem teria ficado comigo quando me conheceu. Estaria com ela. Quero que saiba de fato o que houve quando viagei e fiquei incomunicável... Eu não conseguia falar com você, minha vida estava uma correria, mal tinha tempo para respirar. Eu deixei aquele espírito de adolescente rebelde tomar conta e acabei fazendo besteira. Era jovem e as pessoas que estavam perto de mim, as pessoas que conheci nessas viagens me convenceram de que eu precisava viver, precisava aproveitar mais antes de assumir qualquer responsabilidade. Eu fui mente fraca eu sei... - Contava a olhando séria. Spencer prestava atenção em cada detalhe. - Mas não foi justo com você. Eu devia ter dito, eu devia ter feito alguma coisa, não devia ter te machucado como machuquei. Na noite em que fiz besteira eu recebi uma mensagem, dizendo que você e Kristen estavam mais próximas. E isso me irritou, me deixou com ciúmes, me fez pensar merda. E ao invés de entrar em contato com você, eu saí, enchi a cara, usei drogas, fiz tudo o que fazia na época do colégio naquelas festas apocalípticas. E conheci aquele cara, a gente acabou ficando, mas eu juro que não aconteceu nada além de um beijo. - Completou respirando fundo em seguida. - Quando voltei, eu fui observando como as coisas estavam, no fundo eu me culpava por não estarmos como antes. O que eu havia feito me remoia todos os dias, e eu comecei a aceitar que talvez fosse melhor você ficar com uma pessoa que não te machucasse como eu fiz. Ela também te machucou, mas não dessa forma. Sei que também foi embora e te deixou sem mais nem menos. Mas eu também soube do porquê. Ela não teve culpa de nada, pois se fosse pela vontade dela, ela jamais teria saído de perto de você. Ela fez isso pra salvar a sua carreira, a sua vida e a vida das pessoas que ela amava por estar sofrendo ameaças de um idiota...

- Você me amava? Em algum momento você me amou de verdade? - Questionou Spencer a interrompendo.

- Eu sempre te amei Spencer. Desde quando te conheci. Mas não é pra ser, sempre fomos muito diferentes uma da outra. Eu cheguei depois, como eu disse você tinha uma história com a Kristen. E está tudo bem. - Disse dando um leve sorriso de canto. - Eu estou bem, e você precisa estar bem. Se passaram oito anos, você se casou, teve uma filha com ela. Construiu sua família. Eu aprendi a viver sem você, como era antes de você chegar. Guardo todos os momentos maravilhosos que tivemos juntas, tudo o que fez por mim. Serei eternamente grata por salvar a minha vida, por ter cuidado de mim. E eu sempre desejei que fosse muito feliz, independente de com quem você estivesse. Você é incrível, é uma pessoa maravilhosa. E merece isso. Eu não estava pronta pra tudo isso, mas também não quis me desvincular do Nathan, porque ele sempre foi nosso filho. Hoje eu amadureci, e as vezes penso que poderia ter lutado um pouco mais por nós. Mas aconteceu o que tinha que acontecer, era pra ser assim. Eu sempre vou ter um carinho imenso por você.

- Quem enviou a mensagem? - Questionou a olhando.

- Eu não sei. De verdade, era número desconhecido. Mas isso não importa mais Spencer. Valorize o que você tem hoje, o que você construiu. E se um dia você precisar de mim estarei sempre aqui, como amiga. - Respondeu séria. Logo a porta se abriu chamando a atenção de ambas, e quando as duas olharam juntas na direção da porta era Kristen.

- Oi. - Cumprimentou Kristen quase num sussurro. - Atrapalho? - Questionou em seguida após fechar a porta e olhá-las. - Se quiserem continuar conversando, eu vou tomar um banho e deitar. Fique a vontade Emma. - Completou.

- Não, eu já estava de saída. Vim trazer o Nathan e aproveitei para ver como a Spencer estava depois do que houve. - Respondeu levantando-se. Spencer vendo essa situação ficou indignada, por ver o quanto elas eram boas pra ela. A forma que lidavam com toda a situação, como mulheres maduras, sem show e sem discussões.

- Merda! Isso não está certo, vocês são demais pra mim. - Murmurou levantando-se. Então as duas olharam fixamente para ela e em seguida se entre olharam.

- O que quer dizer com isso? - Questionou Kristen.

- A forma com que lidam com a situação em si, você diz que compreende que Emma e eu temos um assunto mal resolvido, e que independente da decisão que eu tome, da forma que eu queira resolver está tudo bem. Emma diz que entende que sempre tivemos uma linda história e que entende que meus sentimentos por você sejam fortes e tenham se reacendido. E está tudo bem. E eu sinto como se estivesse usando as duas, além de demonstrar que não sei o que quero, como aquelas adolescentes confusas. Mas eu sou adulta e deveria resolver da forma mais madura possível. - Disse olhando para elas. - Vocês não surtam, não discutem, não brigam entre si, não fazem show, nem nada do tipo. Em outras situações éramos para estar em guerra. - Completou, ambas deram um leve riso e balançaram a cabeça em negação.

- Spencer somos mulheres adultas, maduras. E temos que resolver como tal, seja lá o que tivermos para resolver. - Debateu Emma. - Você tem mais alguma dúvida? - Questionou a olhando.

- Querem que eu saia para continuarem a conversa? - Questionou Kristen. - Eu vou pro quarto tomar um banho e...

- Não Kristen, primeiro a casa também é sua. Segundo você é a atual da Spencer. Terceiro o assunto também inclui você, então não vejo porque não estar presente se a Spencer ainda quiser conversar. Eu de verdade não acho legal que a gente converse na sua casa sem a sua presença. - Interferiu Emma.

- Então tá, o que vamos fazer? - Questionou Kristen. Spencer olhava as duas incrédula. E já que ela não tomava nenhuma atitude, Kristen tomou a frente. - Como você está Emma?

- Eu estou bem, obrigada! E você? - Devolveu com outra pergunta.

- Estou bem também. - Respondeu a olhando.

- Que bom. - Disse sorrindo.

- Vocês querem pudim? - Questionou Spencer as olhando. As três se entre olharam e então caíram na gargalhada. Mas ao se lembrarem que Diana estava dormindo e provavelmente Nathan também, taparam suas próprias bocas.

- É sério isso Spencer? Do nada. - Comentou Emma.

- Ué. - Respondeu dando de ombros.

- Vamos sentar na mesa, e conversamos melhor. - Sugeriu Kristen indo até a cozinha. Emma e Spencer a acompanharam.

Spencer pegou mesmo um pudim na geladeira e colocou sobre a mesa, em seguida pegou alguns pratos de sobremesa e logo elas se serviram. A princípio não tocaram no assunto, mas minutos depois começaram a conversar sobre o que estava acontecendo. Precisavam se resolver, mas por Emma já estava tudo resolvido. Apesar de ser ex de Spencer, ela não tinha problemas em conversar com Kristen, nunca tiveram nenhum atrito ou algo do tipo. A verdade era que as três se davam muito bem, diferente de muitas pessoas com uma situação parecida.

- Amor, você já sabe se vai voltar para Barcelona? - Questionou Zoey ao entrar no antigo quarto que era de Eloá antes delas se casarem. Essa estava com um retrato em mãos enquanto estava sentada sobre a cama. Nele havia uma foto dela com Vicent.

- Eu vou voltar pra cá... Quero ficar perto da minha mãe nesse momento difícil. Vai demorar até tudo amenizar. Para todos nós. - Respondeu a olhando. E respirando fundo ela pousou o retrato sobre a mesinha de cabeceira.

- Sério? Mas e o time? - Questionou a olhando.

- Eu viajo quando tiver jogos. De qualquer forma já viajo mesmo quando tem jogos fora de Barcelona. Mas a temporada se encerrou por enquanto, vai demorar um pouco até tudo voltar. Quanto aos treinos, não me impede de treinar aqui mesmo. - Respondeu. - Por enquanto estou de licença por conta do ocorrido, mas eu disse que se precisarem de mim eu vou até eles.

- Por uns instantes achei que iria desistir. - Comentou sentando-se ao lado dela na cama.

- Jamais vou desistir, era o nosso sonho... - Respondeu olhando a fotografia. - Ele sempre dizia que eu iria ser uma grande jogadora. Eu gostei da experiência que eu tive com a mamãe na agência, mas não era o que eu queria de fato. - Completou respirando fundo em seguida. - Vamos dormir aqui hoje e amanhã a gente vai pra nossa casa. Ajeitamos as coisas por lá e eu venho ficar com a minha mãe. Eu deixei a Lilian informada, ela vai cuidar da casa em Barcelona e nos manter informadas de tudo. Tia Sophia também disse que vai passar lá pra ver se está tudo bem.

Zoey passou um dos braços em volta dela e a acolheu em seus braços a envolvendo em um abraço apertado. Logo pousou um beijo em sua cabeça e um silêncio se fez. Não demorou muito para Eloá começar a chorar em silêncio, ela fitava o retrato sobre a mesinha de cabeceira. Lembranças com seu vô dominavam sua mente, tudo o que ele a ensinou, todas as conversas que tiveram, todas as vezes que ele a apoiou. Cada abraço, cada sorriso, cada momento.

O mundo nos prega muitas surpresas. Muitas nos fazem sofrer, trazem tristeza, dor e luto. A sua partida prematura, foi uma dessas surpresas imprevisíveis do destino que nos tiram o chão. Ninguém poderia imaginar que você nos deixaria tão cedo, tão abruptamente.
Você deixou um imenso vazio em nossas vidas e em nossos corações. Depois da sua partida, a nossa vida nunca mais será a mesma. Você sempre estará vivo em nossas lembranças, sempre fará parte de nossas vidas nas grandes e pequenas recordações.
Você deixou muito amor em nós. O seu amor pela vida continua pulsando em nosso peito. Siga o seu caminho em paz, iluminado pelas bênçãos de Deus. Nós estaremos sempre aqui, orando por você e enviando as nossas energias positivas de amor e carinho. Na hora em que você partiu eu soube que no meu coração estava nascendo uma saudade sem fim.
Eu sei que um dia a vida de cada um de nós termina, mas nunca estamos preparados para lidar com a dor do desaparecimento de quem amamos. Não há lágrima que salve a paz na hora da morte. E só o luto acalma a tristeza. É preciso chorar, aceitar e entender que a lei da vida não tem de ser justa. A vida simplesmente acontece e o adeus também. Pra mim nunca será um adeus vovô, sempre será um até logo. Eu te amo com todas as minhas forças.

Att Eloá
Em memória a Vicent Bradley

° ° °

- Bom dia maninha, eu trouxe umas torradas, geleia de morango. Um suco natural de laranja, algumas uvas e uma rosa azul para alegrar o seu dia. - Disse Dean ao entrar no quarto com uma bandeja e colocar sobre a mesinha de cabeceira. Isabella o olhou meio triste e sequer se mexeu. Ele então sentou-se na beirada da cama bem próximo à ela e tirou as mechas de cabelo que cobria parte de seu rosto. Era notável que ela estava chorando ainda há pouco. - O papai amava as rosas azuis, lembra? Porque a sua mãe dizia a ele o quanto lembrava os olhos dele. Assim como o grande oceano, como os seus. É impossível olhar para você e não se lembrar dele, mas me corta o peito ver o quanto esse olhar está triste. Eu também não suporto tudo o que houve maninha, mas ele não iria querer nos ver assim, isso parece clichê, ou é mesmo clichê de se dizer, eu sei. Eu só preciso que você reaja, que seja forte como ele sempre dizia que você sempre foi desde que nasceu, tão pequena, tão prematura, lutando pela vida desde cedo. Eu sei que no momento está sem forças para isso, mas eu estou fazendo o possível e o impossível para ter forças por nós dois. Alguém tem que se manter forte, nós dois não podemos cair juntos. Eu vou estar sempre aqui para ser o seu apoio.

- Não precisa parar a sua vida pra ficar aqui comigo, ninguém precisa parar a vida para estar aqui comigo. Eu vou ficar bem, vocês precisam retomar suas vidas. - Respondeu Isabella quase num sussurro.

- Eu estou de licença da corporação... Preciso cuidar de você, da Emi e da minha mãe. - Respondeu a olhando enquanto acariciava seu rosto.

- Obrigada pelo café da manhã, mas não estou com fome. - Agradeceu desviando o olhar.

- Eu não vou sair daqui até pelo menos comer uma torrada e tomar um gole do suco. Faça isso por nós. - Insistiu. - Se quiser eu como com você. - Sugeriu. - Vamos começar colocando você sentada. - Completou levantando-se. Vendo que ele realmente não desistiria tão fácil, ela se ajeitou na cama sentando-se. Ele então ajeitou os travesseiros em suas costas e sentou-se na beirada da cama de frente para ela novamente. E pegando uma torrada, logo em seguida ele pegou a espátula e passou um pouco de geleia. Por fim ele deu uma leve mordida na mesma e fez uma expressão de que aquilo estava uma delícia. Ela sabia que ele não gostava muito da geleia de morango, mas estava se esforçando por ela. Ele preferia Nutella. Em seguida ele levou a torrada até a boca dela, mas ela manteve a boca fechada o olhando. Ele fez um gesto com a mão insistindo para ela dar uma mordida, então Isabella se deu por vencida e deu uma mordida na torrada passando a mastigá-la lentamente. - Isso maninha, eu sei que você consegue.

Em poucos minutos ele colocou a bandeja sobre o colo dela e juntos começaram a conversar enquanto compartilhavam aquele café da manhã preparado com tanto carinho por Dean. Scarlett observava da porta, não acreditava no que estava vendo. Pois todos haviam tentado fazê-la comer, mas era em vão. Achava que pelo menos ela conseguiria, mas nem mesmo ela. Dean a deixou mais tranquila por conseguir.

- Srta Dawnson, eu até tentei dispensar as pessoas que estão ali na porta, mas eles insistem em falar com a sua esposa. - Comentou a moça que cuidava dos afazeres da casa.

- Eu vou ver quem são, obrigada! - Respondeu retirando-se. Scarlett andou pelo corredor e logo desceu as escadas deparando-se com um casal e uma criança na sala. - Boa tarde, em que posso ajudar? - Questionou aproximando-se deles.

- Eu sou Leon, essa é a minha esposa Valéria, e essa é a nossa filha Lua. - Iniciou o rapaz apresentando-se e apresentando as demais.

- Scarlett Dawnson! - Respondeu o cumprimentando com um aperto de mão.

- Nós não queríamos de verdade incomodar, mas a nossa filha Insistiu em procurar sua esposa. Ela disse que não vai sossegar até falar com ela. - Comentou a olhando. Scarlett olhou para a garota. Pensava que a conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde.

- A minha esposa não está muito bem, não sei se consegue receber visitas. - Respondeu o encarando.

- Deixa só eu entrar Tia. - Pediu a garotinha. - Os meus pais não precisam ir se não quiser.

- Certo... Tudo bem, vamos lá. - Concordou por fim. - Vocês dois podem ficar a vontade, vou pedir para trazerem alguma coisa pra vocês beberem. - Disse retirando-se em direção às escadas com a garotinha.

Scarlett subiu as escadas conversando com Lua, estava curiosa pra saber de fato o que ela queria com Isabella, e a todo instante tentava se lembrar de onde aquele rosto lhe era familiar, mas não conseguia de fato. Quando chegaram em frente a porta do quarto puderam ver Dean e Isabella aos risos. Scarlett pediu que a garota esperasse no corredor só um instante, para primeiro avisar sua esposa de que tinha visitas.

- Oi meu amor, é muito bom te ver assim, mais leve, sorrindo. - Comentou ao entrar no quarto.

- Com jeitinho a gente trás ela de volta. - Respondeu Dean.

- Tem uma pessoa no corredor esperando pra te ver. O rosto dela me é familiar, mas eu não lembro de onde... - Iniciou Scarlett, mas logo foi cortada.

- Eu não quero receber visitas. - Murmurou Isabella a olhando.

- Eu sei, eu tentei fazer com que viessem outra hora, mas ela insiste em falar com você. Só dá uma chance... - Insistiu.

- Me desculpa, mas não quero ver nin... - Antes mesmo de Isabella finalizar a frase Lua apareceu na porta chamando sua atenção. Ela ficou estática, seus olhos marejaram no mesmo instante, então lágrimas passaram a percorrer seu rosto. Scarlett olhou para trás para ver o que ela estava vendo, e deparou-se com Lua ali parada.

- Você a conhece? - Questionou voltando a olhar para Isabella. Dean olhava para elas sem entender nada.

- Oi... Hãm... Eu me chamo Lua. - Tentou a garotinha meio acanhada. - Eu preciso muito falar com você. - Completou.

- Hãm... Ok... Dean, vamos deixá-las a sós. - Manifestou-se Scarlett. Dean levantou-se da cama e pousou um beijo na testa de Isabella em despedida e passando pela garotinha saiu dali com Scarlett.

- Quem é ela? - Perguntou Dean a Scarlett enquanto desciam as escadas.

- Eu não faço idéia, ainda. Mas vou falar com os pais dela. - Respondeu indo em direção a sala após descer as escadas. No quarto, Isabella e Lua ficaram longos minutos se encarando até finalmente iniciarem algum assunto.

- Você tem os olhos dele... - Comentou Lua a olhando. - Eu posso... Chegar mais perto? - Questionou. Isabella respondeu com um aceno positivo de cabeça. Então ela aproximou-se após encostar a porta e sentou-se na beirada da cama de frente para ela.

- Quantos anos você tem? - Questionou Isabella quase num sussurro.

- Oito... - Respondeu a olhando.

- Por que me procurou? - Questionou curiosa.

- Porque ele me pediu pra te entregar uma coisa. - Respondeu, e colocando uma das mãos no bolso de sua calça ela puxou um cordão com um pingente. Isabella levou uma das mãos a sua boca para segurar o choro, mas foi em vão. Ela apanhou o cordão da mão da menina e abaixando a cabeça deu-se a chorar. Era o pingente que ele usava com sua mãe. - Ele disse que ia ficar tudo bem... Disse que já estava na hora de encontrar Helena... É sua mãe? Você também perdeu sua mãe? - Comentou curiosa.

- Sim... - Respondeu passando as mãos no rosto para secar as lágrimas. - Eu não a conheci, a perdi no dia em que nasci. - Completou com sua voz embargada.

- Eu sinto muito... - Lamentou comprimindo os lábios. - Eu tentei ajudar ele, mas eu não tinha força pra tirar aquela coisa de cima dele... - Acrescentou.

- Pode me dizer o que houve? Você se lembra? - Pediu a olhando com pesar. Ela respondeu com um aceno positivo de cabeça.

- Eu estava dormindo quando tudo começou... Acordei com gritos, e tinha fogo por toda parte... Eu tentei encontrar os meus pais, gritava por eles, mas não conseguia encontrá-los... Tentava sair do meu quarto, mas não conseguia o fogo não deixava eu abrir a porta... A maçaneta estava muito quente... Então eu me encolhi num cantinho e comecei a chorar... Até que alguém arrebentou a porta, era ele... Ele disse que tudo ia ficar bem, e que iria me levar pros meus pais. Disse que eu precisava confiar nele. Aí ele me envolveu em um cobertor, me pegou no colo e tentou sair comigo dali. - Contava a olhando. - Não tinha como sair pelo elevador, então ele tentou ir pelas escadas. A fumaça já estava por toda parte, o fogo... Houve um momento que uma passagem estava bloqueada, estávamos quase perto do fim. Ele me colocou no chão para tentar abrir caminho, foi aí que uma madeira enorme despencou em cima dele, sobre as pernas dele junto com pedaços que caiu do teto. Ele tentou sair dali, mas não conseguiria sozinho. Eu tentei ajudar, puxava a mão dele, tentei tirar as coisas de cima dele, mas era tudo muito pesado pra mim. Eu juro que tentei... - Continuou com a voz trêmula. - Até que ele tirou a jaqueta e me deu, pedindo pra eu vestir. Disse que assim eu não me queimaria muito. Depois ele tirou a máscara e pediu pra eu abaixar perto dele pra ele colocar em mim...

Lembranças de Lua...

- Eu vou precisar desconectar o cabo de oxigênio, porque você não vai aguentar levar o tanque com você. O oxigênio que vai restar dentro da máscara será suficiente pra você chegar lá fora. - Disse Vicent a olhando.

- Eu não vou sair sem você. - Respondeu Lua chorando.

- Vai sim, você precisa ir. Você é muito mais forte do que pensa. - Incentivou ele.

- E se eu não achar a saída? - Questionou com medo.

- Você vai encontrar, o fogo ainda não está tão intenso lá pra baixo. Falta apenas mais um andar. - Respondeu. - Olha... Preciso que me faça um favor... - Completou tirando o cordão de seu pescoço. - Entregue isso a minha filha, o nome dela é Isabella Bradley... Se não conseguir encontrá-la, guarde com você... Diga a ela que tudo vai ficar bem... Chegou a hora, Helena está me esperando... Eu vou encontrá-la... Diga que ela nunca estará sozinha e que eu a amo muito, com todas as minhas for... - Antes dele terminar a frase mais uma parte do teto desabou. - AAAAAARG!! - Gritou ele ao sentir o escrombo fazer mais peso em suas pernas. - CORRA!! SAIA DAQUI AGORA!! - Lua começou a chorar desesperadamente ao ver ele daquela forma e saber o que aconteceria se o deixasse ali.

- Como é seu nome? - Perguntou entre o choro. Ele sorriu com a inocência dela em não se preocupar com o perigo que se aproximava.

- Vicent... Vicent Bradley... - Respondeu a olhando.

- O meu é Lua... Obrigada por salvar a minha vida! - Exclamou o abraçando de repente. Vicent afagou os cabelos dela enquanto a abraçava. Em seguida ele a afastou rapidamente e desconectou o cabo do oxigênio.

- CORRE LUA!! CORREEEE!! - Gritou novamente.

Dia atual...

- Eu peguei o cordão e guardei no meu bolso... E só tive tempo de sair daquela parte... Tudo desabou e o fogo ficou pior... Eu corri para a saída... Estava difícil de enxergar... Mas eu consegui achar, fui seguindo as vozes dos meus pais gritando por mim... Quando eu finalmente sai, uma parte do prédio explodiu lá em cima... Eu fui correndo pros braços dos meus pais chorando muito. - Finalizou. - Eu queria ter ajudado ele... Eu queria que ele saísse comigo.. Eu não queria deixar ele lá. - Completou chorando muito. Isabella a puxou para si e a envolveu em seus braços também em prantos.

- Ele tinha um coração enorme, sempre foi o melhor pai do mundo, a melhor pessoa do mundo. Sempre via o lado bom das coisas. Não me surpreendo que ele tenha dado a vida dele pela sua, pois eu sei que ele jamais escolheria te perder. Eu acredito em você, sei que tentou de tudo para ajudá-lo, obrigada por não desistir dele. Você fez tudo o que podia Lua, não se culpe por isso nunca. Você teve mais coragem do que aqueles que deveriam ter tentado salvá-lo de alguma forma. - Disse enquanto a abraçava.

- Não fica triste tá? Ele está bem... - Respondeu Lua a olhando, passando suas mãos pequenas no rosto dela para secar as lágrimas. - Ele está sempre com você.

- Obrigada por ter me procurado. Mas... Como me achou? - Questionou a olhando.

- Eu vi tudo pela TV, vi o quanto ele era importante e bem conhecido... Pedi pros meus pais me levarem no funeral, mas lá você não estava em condições de falar... Você não estava bem... Então eu esperei... Pedi pro meu pai procurar você, onde você morava. - Respondeu dando um pequeno sorriso. - Te achei. Ainda bem.

- Você é bem esperta, e fala muito bem também. - Elogiou dando um pequeno sorriso de canto.

- Obrigada! - Agradeceu. - Quando estiver triste, lembre-se que ele quer te ver feliz. Como ele disse, vai ficar tudo bem. - Aconselhou dando mais um abraço nela.

- Pode deixar! - Concordou afagando os cabelos dela enquanto a abraçava.

Elas ainda conversaram por mais alguns minutos, Isabella fez algumas perguntas para conhecê-la melhor, perguntou onde estavam morando, já que haviam perdido tudo no incêndio. Estava disposta a ajudar com o que fosse preciso, sabia que seu pai faria o mesmo. Aquela garota entrou em sua vida através dele, seria eternamente grata por ela tê-la procurado para entregar o pingente que seu pai deixou. E no fundo sentia que devia ajudá-la a recuperar tudo. A ter sua vida de volta. Ela reparou que nos braços dela haviam algumas queimaduras, algumas marcas recentes que ficaram daquela tragédia. E que esse dia marcaria pro resto de suas vidas. De alguma forma, um laço havia se formado entre elas.

FBI Unraveling Criminals (Romance Lésbico Policial) Onde histórias criam vida. Descubra agora