Prólogo

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A água escorria no asfalto quente, refletindo a tristeza que transbordava da minha alma. Vi a vida do meu padrinho se esvair entre os destroços retorcidos e as ferragens que um dia foram seu carro. Seu rosto, outrora radiante de determinação, agora estava pálido e sem vida. Sua profissão, sua paixão, seu sonho, tudo se desfez em um instante cruel, esmagado pela implacável mão do destino. A chuva continuava a cair, como lágrimas do céu, testemunhando a tragédia que se desdobrava diante dos meus olhos. Nada mais importava além da dor avassaladora que consumia meu coração.

Eu me agarrei às memórias dos momentos felizes que compartilhamos, das risadas que ecoavam e das conversas sinceras que agora pareciam um eco distante. Lembrei-me das vezes em que ele me encorajou a seguir meus sonhos e nunca desistir, das palavras de força que agora soavam como uma melodia dolorosamente bela. Ele era meu pilar de força, meu guia, e agora estava perdido para sempre.

Enquanto observava os destroços fumegantes, prometi a mim mesma honrar sua memória e continuar a busca pelos meus próprios sonhos. Embora o vazio em meu peito fosse insuportável, eu sabia que ele desejaria que eu seguisse em frente e encontrasse a felicidade novamente. Mas a felicidade parecia um conceito distante, quase inacessível, envolto na névoa densa da perda.

Cada gota de chuva que caía parecia levar consigo um pedaço da tristeza que me consumia. Sabia que levaria tempo para curar as feridas profundas deixadas por essa perda irreparável, mas eu estava determinada a encontrar forças para seguir em frente, mesmo que cada passo parecesse um esforço hercúleo.

Enquanto olhava para o horizonte cinzento, encontrei um frágil vislumbre de esperança. A vida é frágil e imprevisível, mas também é repleta de oportunidades e recomeços. Com o tempo, aprendi que a resiliência é a chave para superar as adversidades e encontrar a paz interior, embora essa paz parecesse um sonho distante, enterrado sob camadas de dor.

Meu padrinho sempre me ensinou a nunca desistir, mesmo diante das circunstâncias mais difíceis. Agora, era hora de aplicar esses ensinamentos em minha própria jornada. Eu sabia que ele estaria olhando por mim lá de cima, guiando-me silenciosamente em direção a um futuro cheio de esperança e realizações, mesmo que seu olhar agora fosse invisível para meus olhos mortais.

Assim, com o coração carregado de saudade e determinação, prometi a mim mesma que não deixaria essa tragédia definir meu destino. Eu honraria seu legado vivendo uma vida plena e significativa, encontrando força nas memórias que compartilhamos e abraçando cada novo dia como uma oportunidade de crescimento e renovação, mesmo que o crescimento viesse envolto em dor.

A chuva continuava a cair, mas agora eu via as gotas como símbolos de renovação e purificação. Elas lavavam minha alma ferida e me lembravam que mesmo nas tempestades mais intensas, há sempre uma luz no fim do túnel, por mais distante que ela possa parecer.

E assim, com amor no coração e as lembranças do meu padrinho como guia, segui adiante, determinada a transformar essa tragédia em força e encontrar um novo propósito na vida. Mas a tristeza, como uma sombra constante, sempre estaria lá, lembrando-me da fragilidade e da preciosidade de cada momento.

Capítulo dedicado a:
Jules Bianchi 1989-2015.
🕊🖤

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