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A pior parte de saber que, em algum momento, aquela conversa chegaria não é a conversa em si, mas o conteúdo e o peso das memórias que aquilo desbloquearia na minha mente.

Mick e nossa irmã já estavam no café/restaurante onde foi marcado nosso encontro. O lugar se destacava pela arquitetura local, e mesmo sendo um país conservador em relação às mulheres e bastante rigoroso com as roupas, o estabelecimento parecia ser mais flexível quanto a isso. Não implicaram com meus braços e ombros à mostra por causa do calor.

Gina e Mick estavam sentados em uma mesa nos fundos do salão, onde a pouca luz criava um ambiente discreto e íntimo. Percebo que estou parada perto da entrada quando mamãe segura minha mão e faz menção de me conduzir até onde parte da minha família estava reunida.

Permito que a mais velha me leve até nossos lugares e transmito um leve sorriso para Mick, que me olha preocupado. Apesar da mesa ser redonda, Mick se levanta e senta ao lado de Gina, ficando entre nós, como se fosse um mediador, assim como nossa mãe, que tinha um olhar temeroso sobre suas duas filhas.

Respiro fundo e olho para mamãe tentando tranquilizá-la. "Querida, por favor, não seja dura com sua irmã, está bem?" Nossa mãe intervém em meu favor recebendo de minha irmã um sorriso doce que quase me acalma. "Lily, eu queria começar pedindo desculpas por ter gritado e dito coisas que você não merecia ouvir." Assinto positivamente pedindo para que ela continue.

"Eu tive medo de que algo sério tivesse acontecido com você e por tudo o que mais amo na vida, eu não suportaria perder mais ninguém, Nana." "Eu não queria que vocês ficassem preocupados comigo ou pensassem o pior." "Não pensamos o pior, mana. Eu só tive medo de que se algo tivesse acontecido com você, isso viesse a te perturbar no futuro, como já provou ter feito na sua primeira corrida." Ela segura minha mão sobre a mesa, atraindo meu olhar para elas juntas.

"Nossa família não pode se deixar abalar por comparações que as pessoas façam entre nós dois ou nos comparando ao papai, ou criando boatos para nos desestabilizar." Nossa irmã conclui recebendo um sorriso emocionado meu e de Mick, que se transforma em risos assim que nossos olhares se encontram com mamãe, que está com as mãos sobre o peito e os olhos marejados de lágrimas olhando para nós.

"Eu amo tanto a forma como vocês cuidam uns dos outros. O papai ficaria tão orgulhoso de ver onde vocês estão hoje e das pessoas fortes e honrosas que se tornaram. Isso é família. Estar lá sempre que o outro precisa, seja para dar uma bronca ou apenas para sentar e escutar um desabafo e oferecer um colo para que o outro se sinta acolhido e amparado." Concordamos com as palavras da matriarca enquanto unimos nossas mãos e aproveitamos aquele momento de união e calmaria antes de Mick e eu começarmos a falar besteiras e bobagens, causando risos nas mais velhas.

Essa é a nossa realidade. Risos, lágrimas, superações e união. Isso é ser um Schumacher. Isso sou eu.

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