As pessoas em Los Angeles não falavam em francês.
Essa era uma das certezas que mais haviam impactado os dias de Diana. Ela tinha saudades em ouvir a língua francesa a cada esquina, mas mais ainda de ouvir seu ator favorito falando em francês pra ela.
Ma cherie.
A voz masculina ainda soava clara em seus ouvidos mesmo depois de dias sem contato com ele.
E esses dias se passaram como um respiro. Diana teve que ficar uns dias em casa resolvendo todos os problemas que surgiram enquanto ela estava fora, então aproveitou bem a grana extra que havia ganho com Jeffrey. Conseguiu ir atrás do emprego na cafeteria somente na outra semana.
Nesse dia, ela levantou cedo como sempre, pois para chegar na cafeteria ela tinha que pegar muitas horas de conduções. Preparou seu uniforme, arrumou o cabelo e pegou sua bolsa. Ela não sabia se conseguiria o emprego de volta, mas optou pra ir de uniforme para ver se lhe dava alguma vantagem.
- Me parece um tanto quanto patético você voltar aqui depois de duas semanas, beaner*! – Seu chefe brigava com ela na sala do escritório. – Sua amiga não te deu o recado? Você não trabalha mais pra mim!
- Por favor, Erick. Isso não vai mais se repetir. Deixa eu voltar, por favor. – Ela implorava pelo emprego. – Eu faço qualquer coisa. Por favor!
Erick ergueu uma das sobrancelhas.
- Qualquer coisa? – Ele pergunta se escorando na cadeira preta do escritório com um sorriso sacana no rosto.
- Qualquer coisa relacionada ao trabalho. – Diana se faz mais específica e seu chefe revira os olhos.
- Vai passar a limpar o chão da cafeteria antes de fechar. Todos os dias. – Ele faz sua proposta e Diana engole seco. – Sem receber um tostão a mais por isso.
Ela abaixa a cabeça analisando suas opções e então responde.
- Combinado.
Os dias de trabalho de Diana se tornam mais longos com o tempo. Ela acabava saindo da cafeteria uma hora a mais do que o normal, já que agora limpava o chão no final do expediente.
Esses atrasos fizeram com que algumas oportunidades de trabalhar como acompanhante de luxo fossem recusadas e isso a deixava extremamente irritada. Ela estava perdendo dinheiro com seu "segundo turno" e não estava ganhando nada a mais na cafeteria.
- Merda! Velho idiota! – Ela resmunga ao receber a resposta negativa de um possível cliente por mensagem. Era o segundo "não" naquela semana. – Boa tarde. O de sempre, por favor.
Na farmácia próxima ao seu trabalho, ela faz o pedido que comprava todo mês. Os funcionários de lá já a conheciam e sabiam qual era o "de sempre".
- Tivemos um ajuste nacional de 15% no valor da medicação. – A atendente responde com as caixas de remédio em mãos.
- 15%? Que absurdo.
- Infelizmente é um ajuste tabelado que ocorre em todo país. Apenas seguimos a tabela.
- Engraçado. Meu salário não segue o ajuste dessa tabela. – Mal-humorada, ela encara o valor final exorbitante da compra. – Tudo bem. Vou levar. Fazer o que?!
Eu não poderia mais perder clientes. – Era a preocupação que rondava sua cabeça.
Do outro lado da história, a preocupação também se fazia presente.
Johnny passou os dias se perguntando do estado da mexicana. Se ela estaria bem, o que estaria fazendo... eram pensamentos difíceis de serem desviados, principalmente quando eles vinham acompanhados das lembranças maravilhosas dos dias em Paris.
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In return
RomanceUm encontro ao acaso em um hotel em Paris. Uma noite conturbada e uma manhã de surpresas. A vida não era doce com Diana e por isso era difícil acreditar que coisas boas poderiam vir sem nada em troca. Em menos de sete dias, essa percepção mudaria. E...