Fronteiras quebradas

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Das muitas sensações que vida nos proporciona, ser acordado era uma que Johnny não vivia com frequência. Ou quase nunca.

Isso se dava pela dificuldade de dormir do ator. As vezes trocava o dia pela noite e quando conseguia fechar os olhos, dormia por poucas horas. E então, sempre que dormia com outro alguém na cama, era o último a pegar no sono e o primeiro a acordar.

Era difícil entender o porquê.

Mas naquela manhã Johnny passava pela experiência de ser acordado.

Ele sentiu as pontas dos dedos de Diana passeando pelo seu rosto e fazendo um carinho especial em sua barba. Ela gostava da sua barba e ele sabia disso. Era um fato engraçado pra ele.

Junto ao toque, ele ouvia de leve uma música sendo murmurada pela mexicana. Ainda de olhos fechados, ele se deu ao direito de aproveitar a sensação gostosa que sentia naquele momento com ela.

Mas ao mesmo tempo, ele queria abri-los para poder ver o rosto de Diana. Ela estaria de olhos fechados também? Estaria sorrindo? Seu cabelo estaria bagunçado?

Claro que sim. O cabelo ondulado da mexicana sempre acordava um pouco rebelde.

E Johnny adorava o fato de Diana não se importar com isso.

Ao ouvir um suspiro profundo em meio a melodia de Diana, o ator resolve abrir os olhos.

A mexicana se encontra com o rosto próximo ao seu e com os cabelos soltos pelo travesseiro. Alguns fios caiam sob seu pescoço, chegando até perto de Johnny.

O que ele não esperava era encontrar uma expressão séria em seu rosto. As sobrancelhas juntas formavam um vinco de preocupação e seus olhos pareciam levemente vermelhos, como se tivesse chorado tempos antes.

- Hey. – Ele sussurra chamando sua atenção. – Está bem?

Diana não responde. Apenas encara seus olhos de forma profunda. Ela passa os dedos pela bochecha do ator, chegando com o carinho em seu pescoço.

- Está sentindo algo? Você sempre dorme até mais tarde.

- Eu recebi uma ligação. Acordei faz pouco tempo. – A voz de Diana sai falha.

- Hmmm. – Johnny se questiona se ele deve perguntar mais sobre essa ligação. – E você está bem?

- Eu preciso te perguntar algo. – É o que ela responde, surpreendendo o ator.

- Que foi? Pergunte. – Já a voz de Johnny sai preocupada e impaciente.

- Você realmente fez tudo aquilo pra me ajudar? – Ela pergunta mantendo a expressão séria.

- O que?

- A cafeteria... e os jantares no nome de Paul.

Johnny suspira fundo imaginando que ele levaria mais uma bronca.

- Oh... sim. – Ele pausa pensando no melhor a se dizer. – Com a melhor das intenções. Eu não quero que você...

- Okay. – Ela o interrompe. Ela aperta os lábios pensando bem se deveria fazer mesmo a pergunta a seguir. – Você realmente quer me ajudar?

Aquela pergunta surpreende o mais velho. Ele não conseguia imaginar o que estava por vir. Ela pediria novamente para se afastarem?

- Ma belle. Claro. Você sabe que sim...- Ele diz colocando a mão por cima da dela e ficando cada vez mais preocupado.

O que teria acontecido para ela estar assim?

- Eu vou... abrir meu coração pra você. – Diana diz com os olhos em lágrimas. – Porque o que eu vou pedir é grande demais.

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