Capítulo 7 - As cenas

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Após alguns dias ensaiando com o colega ruivo, o urso castanho estava preparado para o grande dia, assim pensou. E seu pensamento mudou quando chegou no local marcado em que Pablo havia enviado por mensagem.

Não sentiu-se nem um pouquinho preparado para isso, afinal, não estaria sozinho com o panda-vermelho e sim com uma equipe inteira assistindo sua performance enquanto gravavam exibir para o mundo inteiro ver.

Sentiu as bochechas ficarem quentes de vergonha. Será que valeria à pena o pagamento para gravarem suas partes íntimas? Seu membro, seus testículos, seu leite sendo despejado em outro macho. Na sua cabeça, parecia tudo tão perfeito, mas agora, parecia tudo muito mecânico, muito técnico, muito antinatural... agora questionava-se se os atores gostavam mesmo de fazer seus papéis nos filmes adultos.

Teve uma fêmea que o ajudou com o pelo, orientando-o nos produtos que deveria usar para deixar os pelos brilhantes, macios e sedosos. O que eu estou fazendo aqui? As coisas aconteceram muito rápido e, o que começou com um desejo por sexo, tornou-se um trabalho agora. Ele não queria isso, mas também não queria decepcionar toda aquela gente.

Era uma equipe pequena se comparada com a equipe do outro filme erótico, mas mesmo assim, eram muitos olhos virados para eles. E essa atenção o deixou desconfortável.

A fêmea questionou se poderia entrar com ele no banheiro para ajuda-lo com os produtos. Ele não soube o que responder, paralisado em seus pensamentos. Os braços e pernas tremendo de ansiedade.

Gentilmente, a mão pequenina dela tocou a sua e o guiou para dentro, fechando a porta atrás de si. Ela guiou o rosto para que os olhos de ambos se encontrassem e ele percebeu que uma onça-pintada o levou ao banheiro.

A felina acariciou gentilmente a bochecha do urso.

— Calma — falou ela. — Está tudo bem.

O coração dele pulsava acelerado, indicando o contrário.

— É a sua primeira vez, não é?

Ele concordou com a cabeça, ansioso e com medo. Ela passou o dedo ao redor de suas pálpebras ursídeas e notou que era uma lágrima. Estava... chorando? Não! Mas a ansiedade deixou-o com água nos olhos.

— Você consegue, grandão — ela deu um tapinha amigável no ombro dele com um sorriso no rosto. — Se caso não der certo, está tudo bem. Nós esperamos e tentamos de novo.

— E se eu... — ele iria dizer que queria ir embora e desistir daquilo, mas lembrou-se de todo o trabalho que teve para ensaiar as posições e não queria decepcionar.

— Não! Não! Não! — ela disse rapidamente, preocupada. Com certeza aquela não era a primeira vez. — Olha, vamos no seu tempo, está bem? Eu sei que é muita gente olhando de uma vez, mas cada um de nós aqui vai fazer o máximo para te ajudar. Está bem?

Ele assentiu lentamente com a cabeça. Fechou os olhos e respirou fundo por um tempo. Abriu os olhos e dirigiu-se ao chuveiro. A onça-pintada ficou ali próximo, esperando com a mão estendida. Ele percebeu como um susto que ela queria as roupas dele. Entregou suas vestes a ela, mas continuou de cueca.

— Você sabe que eu vou ter que ver tudo isso aí depois, não sabe? — ela deu uma risada. — Mas não tem problema, eu viro de costas.

Ela virou-se e esperou que ele tomasse seu banho com os produtos indicados. Assim como orientado, usou-os na ordem indicada. Ao terminar, recebeu uma toalha para secar-se e enrolou-a pelo seu quadril, escondendo sua nudez (que não adiantaria muito, já que toda a equipe o veria nu quando estivessem gravando o filme). Seu pelo estava cheiroso, porém, úmido.

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