Rodrigo, uma raposa de pelos brancos, usou seus óculos para ler o complexo artigo da faculdade. Era muito difícil ler devido ao seu conteúdo. Mas ter as lembranças da dispensa que recebera de um tigre bonito era de doer o seu coração. Abandonou a leitura e foi ao banheiro para lavar o rosto, o que acabou levando mais tempo do que deveria.
Suas memórias com seus relacionamentos o fizeram tirar a roupa, abrir a porta do box do banheiro e depois fecha-lo. Deixou a água morna do chuveiro molhar os seus pelos na tentativa de apagar da lembrança mais um fracasso romântico.
Estava investindo em machos grandes, mas com pouquíssimas recompensas. Mesmo tendo preferências pelos canídeos, nenhum dos que conheceu lhe agradou muito.
Desligou o chuveiro, pegou a toalha, secou-se e enrolou-a sobre a cintura, escondendo sua nudez. Foi para o quarto, onde vestiu roupas limpas e retornou para a sua leitura incompleta do artigo universitário, levando a leitura para a sala, onde sentou-se ao sofá para ficar mais confortável.
Ouviu a porta da sala se abrir e o conhecido tanuki baixo entrar no ambiente, com um sorriso radiante e os olhos brilhando de felicidade. Apesar de ser pouco mais baixo que a raposa, ele era mais corpudo e parrudo, mesmo para o tamanho que tinha — e ainda assim conseguia ser bonito à sua maneira. Tinha um físico atrativo, como os machos que gostaria de pegar, porém, uma versão mais compacta. Era algo como um gostoso de bolso.
Sebastião, o tanuki, sentou-se ao lado de Rodrigo e observou as folhas de papel impressas grampeadas. Percebeu que era relacionado à faculdade, fez uma carícia nas costas da jovem raposa, o que a deixou mais relaxada.
O canídeo de cor castanha, que tinha ligeira semelhança com um guaxinim, era um amigo da família de longa data e sempre provocava o seu pai com: "quando você vai dar seu filho pra mim?". Era divertido ouvir, afinal, Rodrigo gostava de Sebastião, e o tanuki gostava ainda mais da raposa branca, sendo como seu segundo pai ou aquele tio legal que ele sempre quis ter.
Como não estava conseguindo absorver nada do extenso texto, decidiu largar a leitura.
— Preciso relaxar disso tudo — falou Rodrigo. — Estou com a cabeça muito cheia.
— Relaxa aqui comigo, ué! — brincou o tanuki, jogando-se no lado oposto do sofá.
Sebastião sempre lhe mandava essas brincadeiras de duplo sentido. Parecia-lhe que ele queria algo a mais, mas sem dizer diretamente que queria.
Não era segredo para ninguém que Sebastião, o melhor amigo do pai de Rodrigo, era homossexual e tomava a posição de ativo. Era divertido como contava suas aventuras sexuais sem entrar em detalhes explícitos — exceto quando pediam (e Rodrigo sempre quis pedir para saber mais, mas tinha vergonha demais em pedir). Contudo, depois do último fora, estava indignado demais e cheio demais. Queria saber o que estava fazendo de errado para nenhum macho querê-lo. Porque não escutar mais a fundo as histórias de Sebastião e ouvir como tudo acontecia com ele.
— Você pode me ajudar em uma coisa? — pediu Rodrigo.
— Ajudo sim! — respondeu rapidamente. — Do que precisa? — levantou-se e ficou diante da raposa, prontificando-se a fazer qualquer pedido que fosse dito.
Rodrigo ficou tímido em ter que falar dentro de sua casa, pois a qualquer momento seus pais poderiam chegar em casa e ouvir as coisas que ele iria perguntar a tanuki.
Sebastião pegou o celular, pressionou alguns botões e levou o aparelho à orelha, com um sorriso enorme no rosto.
— Oh, Flávio! — falou Sebastião. — Vou levar seu filho pra minha casa pra ajudar na pesquisa dele — mentiu. Era uma desculpa para poder tira-lo de casa. — Falando nisso: quando é que você vai dar seu filho pra mim? — houve uma pausa. — Ahm? Depois de pagar? Quanto? É só você falar o valor que eu pago! — mais um momento de pausa. Enquanto isso, o tanuki fez um gesto para que a raposa fosse pegar as coisas para poder ir para a casa do canídeo. — Ah, não! Meu cu não. Tudo tem limite. Meu Play 5 também não, pô!
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Leite e Mel
RomanceRomeu é um urso-pardo em busca de uma companhia masculina para poder satisfazer seus desejos e ele utiliza de vários meios para encontrar o que procura. Onde essa busca poderá leva-lo a seguir?