Capítulo 2 - A hiena

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Depois de alguns dias conversando com a hiena, decidiu encontra-la em uma lanchonete barata. Comeram um sanduíche natural grande e deram uma volta na orla.

— Então é sua folga hoje? — a cauda da hiena abanava de excitação.

Se Romeu tivesse uma cauda tão longa quanto a de um canídeo, também estaria abanando. O membro masculino estava rígido de excitação em expectativa do que fariam futuramente. Mantinha-se sob controle para que seu encontro não desse errado como o último.

— Você já saiu muito essa semana? Me contou que gosta de sair bastante — perguntou Romeu.

A hiena deu uma risada desengonçada. — Eu saio com os amigos para beber e dançar. E, de vez em quando, beijar uns rapazes — a cauda do canídeo abanava de animação ao lado do urso. Ajustou o colete de flanela xadrez castanho escuro que contrastava com seu pelo que era o mesmo tom mais claro e a camisa amarela que vestia por baixo.

O canídeo, em seguida, cutucou a barriga do urso, saliente sobre sua camisa vermelha. O ursino sorriu com o gesto do canídeo, que apontou para o seu membro e depois perguntou o quanto estava animado para ter uma relação sexual.

— Muito — exclamou com um sorriso.

— Você pensou em algum lugar em particular para podermos... você sabe?

— Eu pensei que fossemos apenas nos conhecer, conversar e comer um sanduíche — a voz do urso subiu uma oitava, com os olhos abertos de espanto e brilhando de ânimo.

— Pensei que queria fazer algo hoje — respondeu a hiena. — Será que tem algum lugar em que podemos... sabe?

Romeu olhou ao redor e, realmente, não havia muitos lugares propícios para que fizessem um ato sexual. A pressa da hiena definiu o rumo da conversa com um próximo encontro, que seria onde houvesse comida e um local onde pudessem aliviar suas tensões.

Romeu voltou para casa, mais uma vez, decepcionado. E se o levasse para casa? Era um bom local, afinal, morava sozinho e não havia problema com a vizinhança. Por outro lado, não conhecia a hiena o suficiente para que pudessem dormir juntos. Levar a ariranha no local onde trabalhava já foi um risco, pois ela poderia fazer uma baita bagunça, comer todos os lanches, beber todas as bebidas e não pagar nada por pura pirraça. Quem pagaria tudo? O sr. Romeu.

Abriu a geladeira e não encontrou a caixa de leite que procurava. Olhou para o lixo da pia e encontrou-a lá. Fechou a porta da geladeira, foi ao quarto, onde pegou a carteira sobre a mesa, abriu-a e tirou um pouco de dinheiro. Guardou o dinheiro no bolso de seu short largo para que suas coxas musculosas ficassem confortáveis, além de poder enfiar as mãos grandes com facilidade em seus bolsos.

Pegou as chaves de casa e fechou a porta ao sair. No meio do caminho em direção ao mercado, encontrou a jovem raposa-do-campo macho andando um pouco mais devagar para aproveitar a música que tocava pelos fones de ouvido.

Chamou a atenção do jovem macho com alguns sinais de mão e o canídeo tirou os fones, acenou de volta e andou ao lado do urso. Ambos foram ao mercadinho. Vicente não encontrou o que procurava e Romeu também não. O urso soltou o ar pesado, os ombros caíram de decepção, mas a raposa deu tapas amigáveis em seu ombro e disse que havia outro mercado no bairro. Um maior onde havia o que procuravam.

Romeu acompanhou Vicente até o outro mercado. A caminhada era mais longa por conta da distância em que se localizava o mercado.

— Eu não perguntei sua idade — começou o urso.

— Ah, eu tenho dezenove anos — a voz apressada como se tivesse se lembrado de algo que esqueceu. — E você não me contou aquele dia quantos anos você tem.

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