𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 11

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  𝗖𝗮𝗹𝗶́𝗼𝗽𝗲

  Aqui estou eu quase uma hora escutando sermão da minha mãe, motivo pedi para ir a festa fantasia da Dina na semana que vem, e bom eu já imaginava que seria assim, minha mãe sempre foi muito protetora e ela gosta de construir a imagem perfeita da família perfeita, e comigo não seria diferente, desde muito nova eu lido com câmeras e pessoas me elogiando, quando eu tinha apenas quatro anos de idade minha mãe me colocou em uma agência de modelos,pelo qual fiquei até meus quinze anos, desde então ela tenta planejar tudo ao meu respeito,com quem posso andar e os lugares que tenho que ir.
   Minha mãe amou a Cassie diferente de Ellie, ela não suporta Ellie apenas por Ellie não ser "Normal" segundo ela, odeio pensar que minha mãe seja assim não acho justo a forma pelo qual ela trata Ellie, como se não fosse ninguém, ela é minha amiga e bom odeio que falam ou tratam mal pessoas que gosto, conversei com meu pai sobre toda essa situação e ele concordou comigo, ele vive falando que não devemos nos desfazer de outras pessoas pela cor, orientação sexual e assim vai, desde muito nova meu pai nos ensina isso, Hés não conhece Ellie ainda mas acredito que ela iria gostar muito dela.

-Eu não quero saber de você andando com aquela garota, ela não é uma boa influência -Diz minha mãe se referindo à Ellie

-Ellie é minha amiga mãe, você não pode dizer com quem eu posso ou não posso ter amizade, você não tem esse direito

-Você desde que começou a andar com ela está muito mal educada, me respondendo e querendo passar por cima da minha palavra - Continua minha mãe enquanto aponta pra mim com aquele olhar que ela sempre faz quando está com raiva

-Eu continuo respeitando a senhora da mesma forma, mas não acho justo você querer tomar decisões que só depende de mim tomá-las

-Já chega meninas -Meu pai entra na cozinha para tentar resolver a discussão - Querida, deixa Cal ir nessa festa com suas amigas, lembra do que conversamos e acho que vai ser bom pra ela conhecer pessoas novas.

-Eu não confio nas amizades de Calíope, sei bem o tipo de gente que ela está se metendo -Minha mãe revira os olhos enquanto fala - ¬Mas se ela quer ir tanti a essa festa, só vai se levar o Sam, filho de Camile caso ao contrário ela fica em casa.

-Mãe, sério isso? Eu não preciso de babá muito menos de um garoto que eu mal conheço -Respondo indignada

-Mas eu conheço e sei que ele é um ótimo garoto, o tipo de garoto que você deveria sair e passar o seu tempo

-Você é inacreditável -Falo me levantando imediatamente e subindo para o meu quarto.

  Entro no meu quarto e vou em direção à minha cama, me deito e vejo que algumas lágrimas ameaçam cair dos meus olhos, odeio essa sensação após uma discussão com minha mãe, mas ela é uma pessoa difícil de lidar e sempre foi assim, sinto como se ela a minha vida inteira brincou de boneca comigo me tratando como uma, me colocando em concursos e mais concursos, me usando para construir uma imagem minha que não tem nada a ver comigo.
   Vou até a minha varanda e me sento em minha cadeira de balanço que costumo passar o tempo, vejo que haviam algumas pessoas caminhando com seus cachorros, pego o meu livro e retomo a minha leitura,um dos motivos pelos quais eu amo ler é que eu posso estar em diversos universos e histórias sem sair do lugar, gosto da sensação de estar imersa a uma história ao ponto de se sentir dentro dela, gosto de fugir da realidade, principalmente quando a realidade me sufoca como se fosse uma corda em meu pescoço, que a cada dia mais apertasse mais e mais.
   Uma coisa pelo qual eu procuro me esquecer é da Calíope de uns anos atrás, algo que meus pais não contam a ninguém é que eu tinha um irmão gêmeo o Caíle, bom ele era meu melhor amigo fazíamos tudo juntos, éramos inseparáveis, quando eu tinha Treze anos, em uma manhã de domingo Caíle acordou com algumas manchas em seu corpo, e muita febre, não estávamos entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo, pois na noite anterior ele estava bem, meus pais o levaram para o hospital e ele foi diagnosticado com Câncer, isso abalou todos nós principalmente eu, ver Caíle naquela situação acabava comigo, todas as noites via minha mãe chorar em seu quarto e meu pai indo acalmar a mesma, após alguns meses de tratamento Caíle não aguentou e veio a falecer, e pensar que eu nunca mais ia ver meu melhor amigo e a minha outra metade me machucava, após a morte dele, comecei a ter crises e não me alimentava como deveria, tive depressão e fiquei anêmica.
    Foram anos de tratamento e muito remédio, hoje posso dizer que estou bem mas pensar em Caíle ainda me machuca, eu sei que eu nunca vou superar a morte dele mas aprendi a conviver com a sua ausência, depois da morte dele, minha mãe se tornou uma outra pessoa, não a culpo mas ela tentou suprir seu luto brincando de boneca comigo, querendo me transformar em algo que eu não era, quando eu saí da agência ela ficou quase um mês sem falar comigo direito, pois segundo ela toda garota da minha idade sonha em ser como eu, e que a beleza é a maior qualidade de uma mulher, ao longo desses últimos anos minha mãe sempre tentou encontrar alguém que segundo ela era do meu nível, ela sempre me disse que eu deveria casar por interesse e imagem e não por amor, que amor não existia nos dias de hoje, eu acredito que na vida existem inúmeros tipos de amores, e que ainda vamos vive cada um deles.
  
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I burn for you - Ellie Williams (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora