📍 Morro do Alemão, Rio de Janeiro
Kauã pov
23 de Janeiro de 2023- Kauã on
Assim que Katrina sai da minha goma eu já logo procuro tocar minha vida, ela ficou na minha cabeça? Sim. Isso já aconteceu antes? Depois daquele dia, nunca. Vou deixar ela continuar na minha mente? Nem morto!
O dia passou tranquilo, nada de diferente, tá ligado?! Todo dia, por volta das 15:00, eu e os moleques vamos fazer vistoria pelo morro, é de lei. Sempre não dá nada, mas nesse dia...
Foi questão de segundos, tudo estava suave e em um piscar de olhos já foi tiro para todo lado. Como que aqueles arrombados entraram no morro? Já fiquei logo puto.
Rapidão mandei o papo pelo radinho:
- Código 150, eu quero um vivo! O resto, mata tudo!
Saquei minha arma e sai atirando, bandido em invasão não tem dó não. Essa é a lei do complexo: Invadiu, morreu.
Era tiroteio mermo, não dava para ver ninguém atirando, o b.o é que tinha civil correndo pra todo lodo, mas geral sabe a regra: Em tiroteio não fica no meu caminho, se ficar vai levar pipoco. Me abaixei atrás de um Gol bolinha e vi um filho da puta atrás de um muro, foi um só no meio das costas do maluco que morreu na hora.
Tinha muito inocente atirado no chão morto, casa destruídas e isso me dava nos nervos, porra mexe comigo, mas não mexe com a minha gente. Por esse morro eu dou a minha vida!
E como já não bastasse a surpresa desses desgraçados, os tiros aumentaram, agora parecida que tinha mais umas 30 pessoas atirando. Eu levanto e saio atirando em todas as paredes possíveis, aqui esses cornos não saem vivos não.
Ao olhar para o lado eu vejo 2 homens conhecidos na rua, rapidão identifico que é o povo da Katrina, mas por que caralhos eles estão defendendo o morro?
Eles faziam tudo com um habilidade que até para mim é surpreendente, caralho, era impressionante mesmo! Me junto a eles e saí com geral metendo bala em tudo, não deu nem 30 min e tudo acaba, os bunda mole tá tudo morto.
A galera da gangue se entreolha e sai correndo geral para o carro, sei lá que porra que aconteceu, não me importa também. Saio andando para ver o que que deu no resto do morro
...
Passo na frente do hospital que está pocando de gente, mas tem um carro que me chama atenção: O carro da Katrina. Puta que pariu, só me falta ela ter levado um tiro.
Aciono o radinho e os moleques chegam em 1-2:
- Ah, tão vivo né, caralho?! Se tivesse morto cês ia ver- digo cumprimentando eles
- Tamo nem doido, chefia. Tiroteiozin só pra deixar o dia animado, tudo suave- diz o AC, esse cara sabe muito
- Mas e ai, chefe, por causa de quê que tu chamou nois correndo?- pergunta o Portuga
- Tá ligado aquele land rover preto ali?- todos concordam- Pois é, é o carro da Katrina, bora ai ver o que aconteceu com a mina.
- Iiiih, chefia tá amarrado- C2 fala e geral racha o bico- Mas hein, falando sério, impossível alguma coisa ter acontecido com ela. A mina é um monstro, fih.
Saio andando, não vou pagar pra ver, se tiver acontecido algo com ela preciso saber com urgência. Eu e os crias entramos no hospital e vemos a trupe mexicana de cara, um deles está gritando com, aparentemente, a Katrina. Os outros estavam olhando para o chão como a chefe deles.
- SE NÃO FOSSE VOCÊ, NESSA PORRA, ESTARÍAMOS NO MÉXICO AGORA! ELA ESTARIA BEM- Aponta para os corredores do hospital- E A MERDA DOS HIDALGO NEM SE ATREVERIAM A APARECER. EU SÓ DIGO UMA COISA: SE A BRISA MORRER, A CULPA É SUA E TODA SUA!- diz um branquelo, até que meio alto, esse ai tá achando que é chefia para fazer zona no meu morro.
Ela olha para o viadinho com um olhar mortal, de dar medo mermo papo reto, mas ao mesmo tempo sem vida. Nem parece a guria do baile.
- Ou ou ou ou, baixa o tom ai, fiote. Tu não tá na casa da mãe Joana não.- Apareço apertando o ombro do guri escandaloso. A mexicana olha para mim e nem dá atenção, coé, nem parece que tava dando para mim umas horas atrás- Qual foi que cês tão aqui com essas caras de cu?
Uma mina baixinha, toda tatuada, levanta e diz:
- Nossa parceira levou um tiro quando arrombaram nossa casa- A guria falou isso e automaticamente eu olho para Katrina, o que diabos deu nessa guria, parça?!
- Kah, eu dei uma olhada no sistema de segurança do morro, mas não consegui identificar exatamente as pessoas, seja quer quer que for tomou um cuidado extremo para não aparecer em nada - diz uma morena alta, a chefe deles só olha e balança a cabeça concordando
- Pera ai, como tu entrou no nosso sistema de segurança?- Portuga manda o papo
- Ah kkkk- riu ironicamente- Isso foi fácil. Tem uma falha grotesca no sistema de vocês, mas fiquem tranquilos, eu só entrei nas câmeras do morro para ver quem foi o invasor. Se quiserem, posso resolver a falha para vocês- A pretona já lança a real, essa ai é mina inteligente. Gostei dela, sangue bom demais!
- Falô, te chamo depois para resolver esse papo- Olho ao redor e procuro me sentar do lado da "kah" kkkk, vou começar a chamar ela assim. Os guri sentam também e geral fica esperando os médicos dar sinal de vida.
- Ou, fica suave, a mina de vocês vai ficar legal- digo baixinho no ouvido da mina ao meu lado, ela, em humilde retribuição ao meu ato de bondade, me dá uma puta cotovelada doída pra caramba
- Cala a boca, ok?! E não fala o que você não sabe. Não te dei a mínima intimidade para me direcionar a palavra- uia, ela tá tiltando muito
- Tu quer mermo falar de intimidade, delícia?- falo e ela me lança um olhar mortal mermo, papo reto. Eu sorrio e me endireito olhando para frente, essa ai é complicada, viu?! - Vocês viram a cara de quem atirou?- perguntei para todos
- Sim, ele está lá em casa, morto.- Diz Leona
Mando uns caras irem lá pelo radinho e verem se acham alguma coisa, só sei que sentia que precisava ficar ali.
...
Passou algumas horas e um médico apareceu na recepção:
- Família de Brisa Esparza!
Leona e o tal Ramon levantaram e foram direto ao doutor para conversar com ele sobre o caso da amiga deles.
E a Katrina? Não moveu um músculo, só olhou para eles e prestou atenção na conversa. Mas, por conta do tiroteio, o hospital tava mó cheio e barulhento, então nem dava para ouvir nada.
Passam alguns minutos e o povinho da gangue (menos o Matteo e a Sia) vão até mim e a Katrina para avisar o que houve:
- Bom... A bala não atingiu nenhuma veia ou órgão importante, mas queimou bastante. A cirurgia foi bem sucedida, entretanto ela vai precisar ficar no hospital durante um tempinho.
A Katrina, que nem parecia estar ouvindo, finalmente diz algo:
- Quanto tempo?
- Tempo o suficiente para ela ficar bem- Diz Leona olhando nos olhos da mexicana
Parece que as coisas não estão boas entre eles
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𝙈𝙚𝙭𝙞𝙘𝙖𝙣𝙖
RomanceUma mafiosa com sede por vingança e um dono do morro com o coração trancado por milhões de chaves. Dois passados obscuros que virão à tona. Será que o amor será forte ao ponto de juntar essas almas destruídas? Há 16 anos atrás, Katrina Sepúlveda tev...