Doze

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Acordei na minha cama, na manhã seguinte, com o alarme tocando. Mas não era meu alarme.

Drik dormia comigo, da maneira que fazíamos tantos meses antes. Meu coração se aqueceu com as lembranças, mas logo pulei da cama.

— Bom dia, Stela — disse ele — Te encontrei na biblioteca e trouxe para cá. Achei que...

— Pode ficar aqui sempre que quiser, sabe disso.

— É que você já tem quase quinze anos. Tá começando a ficar esquisito. Vou sair para você se arrumar.

Meneei a cabeça e vesti o uniforme, escolhendo a saia no lugar da calça, já que ainda era verão. Estava quente nas ruas. Usei um pouco de protetor solar no rosto e finalizador para os cachos. Nunca dava para arrumar do jeito que eu queria já que preferia dormir a acordar mais cedo para isso, mas até que estava razoável.

Desci para tomar café, encontrando apenas Nero e Drik ali. Tate não tinha acordado e Louis estava na casa de Amanda. Fiz careta ao pensar nisso. Eu também não estou preparada para ver meus irmãos em relacionamentos. Ainda parece errado. Respirei fundo, não podia culpá-los.

As aulas foram tranquilas. Era semana de revisão para provas, e até em genética eu conseguia responder as perguntas sem maiores dificuldades.

Meymir se manteve afastada de mim. Não sei o que viu aquele dia na piscina, mas desde então não responde minhas mensagens ou fala comigo. Até Nara já percebeu mas, mantendo sua lealdade, evita trocar mais que duas frases comigo. Hugo tinha os colegas do clube de ciências e não falava muito com nenhuma das duas. Sobrava então, Thales.

Ele me encontrou novamente na arquibancada, uma vez que nosso grupo parecia ter se dissolvido. Eu estava com um livro da biblioteca, a saia enfiada sob as coxas para ninguém olhar demais. Ele usava a camisa do uniforme, a calça e uma jaqueta college que todo o time oficial ganhava. Era legal ver um cara do primeiro ano no time titular. Ele beijou minha bochecha e quase bati nele com o livro.

— Ei, Baby.

— Não faça isso de novo.

— O quê, te beijar?

— É, me deixa vermelha e vermelho não tá na minha paleta de cor pessoal.

Thales gargalhou, passando o braço por meus ombros e me puxando para si. Deixei meu corpo se aconchegar no dele, trazendo os joelhos para perto do peito e garantindo que a saia cobrisse tudo.

Timothy jogava futebol lá com os outros garotos, sem se importar que voltaria para a aula suado e grudento. Fiz careta, mas pelo menos Thales estava cheiroso. Ele só jogava à tarde, com o time.

— Você tem falado com a Meymir? — perguntei, os dedos de Thales acariciando meu rosto.

— Hm? Não, não desde aquele dia na sua casa. Sei lá, ela não responde mais.

Isso só provava minha teoria de que ela viu algo ruim da última vez. Suspirei, pensando se deveria confrontá-la, perguntar o que viu, se eu podia ajudar.

Alguns colegas de time de Thales se aproximaram, e tentei me afastar mas ele não deixou.

— Ei, Thales, quem é essa gatinha aí? — disse um dos mais velhos, talvez o líder.

— Bárbara. Esses são Carlos, Lucas e Denver.

— O-oi, é um prazer.

Tentei novamente me afastar, mas o braço dos meus ombros deslizou para minha cintura, Thales me prendeu ali. Lucas sentou ao meu lado, os demais no degrau da frente, torcendo cada um para um time. Incluindo as meninas que jogavam vôlei na metade direita da quadra. Passei o restinho do intervalo ali, presa com Thales, mas não parecia ruim. Nem um pouco.

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