Matar aula?

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Já tinha acordado atrasada hoje cedo, o que me levou a colocar uma legging preta qualquer que eu achei jogada no meu quarto - que eu provavelmente já devia ter usado antes e esqueci de guardar - e um moletom do One Direction que minha prima mais nova esqueceu aqui no último domingo em família.

Não tinha como meu irmão me levar pro colégio de carro como tem feito nessas últimas duas semanas já que nossos pais decidiram se auto darem férias e ainda não voltaram, mas nos ligavam toda noite sem falta. Impressionante...

Pietro saia mais cedo e tinha que dirigir por quase uma hora até a faculdade, e como ele não estava em casa quando acordei, tive que dar meu jeito. Só tinha um bilhete colado no vidro do banheiro me informando que ele tinha saído e que meus tênis estavam limpos.

Claro que aproveitei meus tênis limpos e os coloquei nos pés antes de ir ANDANDO para o colégio. 

Agora eu encarava o slide monótono de todas as aulas que a porcaria de filosofia me fazia ler e decorar. A professora era por si só uma simpatia ambulante, eu tinha um carinho por ela, só que pela matéria... isso aí já era outra história.

Só via a boca da professora abrir e fechar e algum som distante sair dali, mas era como se tudo estivesse longe da minha cabeça. Não conseguia ouvir absolutamente nada do que ela falava. Voltei a realidade quando vi que na janelinha da porta surgiu a figura emburrada de Natasha Romanoff.

Ela parou de frente para a janela da porta e quando me dei conta, minha atenção estava voltada toda para ela. Vi seus olhos vagarem pela sala como se estivesse procurando por alguém do terceiro ano e pude também perceber como seus olhos se abriram mais que o normal quando me encontraram.

Franzi as sobrancelhas quando a vi fazer gestos com a mão indicando para eu sair dali. Olhei em volta discretamente e tive a confirmação de que ninguém prestava atenção em mim, e muito menos na aula.

Apontei o dedo pra mim e fiz cara de dúvida, dando a entender para ela que eu precisava de uma confirmação de que era eu quem ela estava chamando. Vi ela revirar os olhos e me confirmar de forma apressada que estava mesmo ME chamando.

Natasha Romanoff queria falar COMIGO.

Usei do meu maior superpoder naquele colégio, ficar e também ser invisível, para poder sair da sala sem ser notada. 

Nos poucos passos que dei até chegar em Natasha pude ter três pensamentos em minha mente. "O que Natasha quer COMIGO?" "Por que eu estou indo até Natasha sendo que eu poderia só ter ignorado?" e por último "Kate me mandou ficar longe dela então eu claramente deveria manter distância" mas esse último foi o que menos me impactou.

As palavras de Kate entraram por um ouvido e saíram por outro. No momento pelo menos.

Fechei a porta atrás de mim e vi Natasha dar uma olhada no corredor antes de segurar meu braço de forma que não me apertasse demais, mas que não seria fácil de eu me livrar dela caso tentasse.

Acho que desliguei meu cérebro por um momento e só aceitei a ideia de Natasha de ir me arrastando em completo silêncio pelo longo corredor colégio e ir se esgueirando comigo até as arquibancadas do campo de futebol. Ela não falou nada o caminho todo.

E muito menos fez questão de soltar meu braço.

Quando finalmente sentamos na arquibancada, ela me soltou e apoiou os cotovelos no banco de trás e ficou ali me olhando.

Enquanto ela me analisava, mil pensamentos corriam pela minha cabeça, mas tirei um tempo para olhar seu rosto também. Por mais que todos falassem algo de negativo dela volta e meia, todos admitiam que Natasha era uma coisa, significativamente linda.

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