Imprevisível. Simone e Soraya.

Episodio 14 - Rosas Brancas

— O que você acha de ir na feira artesanal que começou hoje? — Perguntou a loira, acariciando os fios oscuros da namorada que estava deitada sobre seu peito.

— Acho uma ótima ideia. Quando começa?

— Às 18 horas mas podemos ir um pouquinho mais tarde, vamos aproveitar um pouquinho mais aqui. — Disse Soraya apertando a morena em seus braços.

Simone sorriu, levantando a cabeça para deixar um selinho nos lábios da namorada, entrelaçando suas mãos.

— Sabe, eu gosto muito da sensação das nossas mãos assim. — Falou Simone, fazendo carinhos com o polegar na mão da loira.

— Eu também gosto. — Disse Soraya sorrindo, levando as mãos de Simone até os lábios, onde deixou um beijo casto.

Ambas permaneceram juntas por mais um tempo aproveitando a companhia uma da outra. Simone segurava a loira como se a mesma a qualquer momento fosse ir embora, fruto dos seus pensamentos inseguros onde na criação dos mesmos ou talvez era o que acontecia realmente, lembrava quando a loira não fazia questão da mesma a pesar de já saber dos sentimentos da mais velha.

Aconchegadas uma na outra em uma rede no jardim, sentindo a brisa do vento que aparecia no finalzinho da tarde bagunçar os fios soltos do seu cabelo, escutava atentamente a música que soava baixinho no fundo, uma das poesias cantadas de Gal Costa. Uma das mesmas que enfatizava a importância de abraçar plenamente o amor entre suas linhas.

Pensava em suas inseguranças em relação à demonstração de afeto em público, em como seria agora que elas realmente namoravam e não só ficaram em um quase algo.
Se bem mantinha calma pelo momento e pela companhia, sentia uma dorzinha no estômago cada vez que sua cabeça rondava tais questões fazendo seus olhos marejarem.
Pensar nisso a fazia pensar em como funcionariam as coisas após o que aconteceria em breve em suas vidas. Uma questão que preferiu evitar com a loira, é que querendo ou não, pesava muito.

— Eu posso ouvir sua cabecinha daqui. — Falou Soraya, passando carinhosamente a ponta dos seus dedos pelo rosto da morena que mantinha seu olhar para suas mãos ainda unidas. — O que tanto pensa, meu bem?

— Coisas do meu título, nada do que se preocupar. — Disfarçou Simone, fazendo com que a loira a olhasse com dúvida.

— Seus olhinhos não me dizem a mesma coisa. — Soraya soltou suas mãos para segurar o rosto da namorada com ambas mãos, olhando pausadamente para cada um dos seus olhos. — Está tudo bem?

A morena sentindo a preocupação em sua voz, junto com o carinho dos seus polegares em seu rosto, não conseguiu evitar seus olhos encherem de lágrimas
, tentando desviar o olhar envergonhado.

—Ei, o que aconteceu? — Perguntou a loira preocupada.

— Eu gostaria de não falar sobre isso agora, pode ser? — Respondeu Simone, já se sentia muito vulnerável por ter chorado pela primeira vez em frente a Soraya como para expor ainda mais o que sentia.
Preferia confiar em que as coisas não seriam como suas inseguranças a faziam acreditar.

— Se isso vai fazer você ficar mais confortável, tudo bem. Mas eu estou pra te ouvir sempre que precisar, sabe disso, não é, meu bem? — A loira ainda mantinha o carinho em seu rosto.

Simone apenas assentiu, voltando a se aconchegar em Soraya. Um pedido silencioso pra que a loira a segurasse ali, prontamente entendido e feito pela mesma.
Soraya em partes entendia o que se passava pela cabeça de Simone, embora a morena não falasse o que rondava pela sua cabeça, ela sabia perfeitamente o que aquilo significava.

Entre ouvir a melodia da voz da loira que cantava baixinho as músicas que tocavam e os contínuos beijos que recebia em sua cabeça, Simone acabou pegando no sono.