28: Despedida

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O sol da tarde pintava o céu com tons de laranja e rosa, lançando uma luz suave sobre a movimentada delegacia. Richard, com seu semblante sério e postura autoritária, despediu-se de Mark, seu olhar refletindo uma preocupação evidente. Era hora de buscar Meredith e levá-la para casa.

Enquanto a hora se aproximava, Richard contemplava os eventos recentes. A situação com Meredith tinha se tornado mais complexa do que ele inicialmente imaginara. A relação entre a policial e a detetive adicionara uma camada de tensão e drama ao ambiente já carregado.

No entanto, Richard também era um homem de experiência. Ele sabia que, muitas vezes, o pessoal e o profissional se entrelaçavam, criando dilemas difíceis de serem resolvidos. Seu papel como chefe era manter a ordem e garantir que sua equipe funcionasse de maneira eficiente, mas também era um líder que se importava com o bem-estar de seus subordinados.

Com a firmeza habitual, Richard seguiu em direção as meninas, pronto para enfrentar os desafios que a vida na delegacia sempre trazia. O sol poente lançava longas sombras, antecipando um entardecer que testemunharia mais uma página da complexa trama entre polícia, mistério e relações pessoais.

-- Meredith, vamos? -- O mais velho chamou.

-- Você já vai? -- Addison disse demostrando tristeza no olhar.

-- Meu trabalho aqui acabou...

-- Confesso que vou sentir falta da sua voz irritante pela manhã.

-- É claro que vai. -- Disse convencida.

-- Não ficaria aqui se estivéssemos um cargo pra você?

-- O lugar que eu trabalho é perto da minha família, eu tenho amigos lá... -- Meredith a olhou. -- A não ser que tenha um motivo pra me manter aqui...

Addison sentiu um nó na garganta diante das palavras de Meredith. A possibilidade de perdê-la era dolorosa, e a barreira que ela mesma erguera ao longo dos anos parecia impenetrável. No entanto, uma centelha de determinação acendeu em seus olhos.

-- Talvez... talvez eu tenha um motivo.

Meredith franziu o cenho, observando a expressão intensa de Addison. Richard, que estava próximo, percebeu a tensão no ar e decidiu dar um passo para trás, deixando as duas lidarem com a situação.

-- O que você quer dizer? -- Meredith questionou, tentando decifrar a mensagem por trás das palavras de Addison.

A policial suspirou, sentindo a urgência de se abrir, mas a batalha interna persistia. Addison finalmente decidiu romper com suas próprias barreiras.

-- O que eu quero dizer é que... você é o motivo, Meredith. Você é a razão pela qual eu quero que você fique. Eu... eu não sei como explicar isso direito, mas é a verdade.

O olhar de Addison era uma mistura de vulnerabilidade e sinceridade. Meredith, surpresa com a confissão, processou as palavras lentamente. Ela sabia que Addison não era uma pessoa de demonstrar sentimentos abertamente, o que tornava aquele momento ainda mais significativo.

-- Eu... eu não esperava ouvir isso de você.

-- Nem eu esperava dizer. Mas é a verdade, e eu não quero que você vá. -- Estava usando toda a força que tinha para demonstrar seus sentimentos mais sinceros.

A tensão pairava no ar enquanto ambas aguardavam a resposta de Meredith, sabendo que aquele momento poderia redefinir o curso de suas vidas.

-- Eu preciso ir...

As palavras de Meredith ecoaram no silêncio tenso da delegacia. Addison sentiu o coração afundar, uma mistura de desapontamento e compreensão pesando sobre ela.

-- Eu entendo. -- Addison respondeu com uma voz contida, tentando mascarar a decepção.

Meredith lançou um último olhar antes de seguir em direção à saída. A expressão de Richard era de preocupação, enquanto Mark, que observava à distância, percebeu a intensidade do momento.

Enquanto Meredith se afastava, Addison lutava contra as próprias emoções. Ela sabia que havia exposto uma parte dela que raramente via a luz do dia. A incerteza do que aconteceria a seguir pairava no ar.

Mark se aproximou de Addison, oferecendo um apoio silencioso. Addison aceitou com um aceno de cabeça, mantendo seus sentimentos guardados, pelo menos por enquanto.

A porta da delegacia se fechou atrás de Meredith, deixando Addison no vazio dos seus próprios pensamentos e da possibilidade perdida. O que aconteceria a seguir permanecia incerto, e a detetive se viu em um cruzamento entre o passado e um futuro que ela ainda não conseguia visualizar.

Naquele momento de despedida, quando Richard se aproximava, Addison não pôde conter as emoções que fervilhavam dentro dela. Lágrimas, discretas, mas carregadas de sentimentos reprimidos, escaparam dos cantos de seus olhos.

Era uma mistura de tristeza, medo do desconhecido e a dor de se ver diante da possibilidade de perder alguém que, mesmo relutante em admitir, havia se tornado significativo em sua vida. Addison não estava acostumada a mostrar fragilidades, mas a situação desafiadora mexia com suas defesas.

Enquanto Richard se aproximava, e apesar de não conhecer Addison, ele percebeu a expressão vulnerável de Addison. Seus olhos, normalmente tão determinados, refletiam agora uma sinceridade crua. Ele respeitava o que acontecia ali, sabendo que o trabalho na delegacia nem sempre se restringia às questões profissionais.

Silenciosamente, Richard ofereceu um aceno compreensivo, sem a necessidade de palavras. Addison, mesmo com as lágrimas que teimavam em escapar, mantinha sua postura firme. Ela sabia que, apesar do desafio iminente, precisava enfrentar o que quer que viesse pela frente.

O entardecer se desenrolava, testemunhando não apenas o cair do sol, mas o desdobrar das complexidades pessoais em meio ao ambiente policial. O destino de Addison e Meredith permanecia entrelaçado, mesmo que as circunstâncias tentassem separá-las.

...

Uma quase duplaOnde histórias criam vida. Descubra agora