Dor.
Dor é a palavra que mais saia da minha boca desde que eu tinha meus sete anos e apanhava em casa daquele que deveria me proteger. Minha mãe não tinha mais forças para me defender e começou apenas a sair de perto quanto ele chegava em casa completamente alcoolizado pronto para deferir em mim toda sua frustração.
Eu tentei durante meses entender sua raiva, mas não havia justificativa para seus atos. Independentemente do que eu fizesse, ele vinha até mim e me maltratava. Tentei de todas as maneiras fugir de casa, mas era logo encontrada pelo vizinhos que acreditavam que eu era uma filha rebelde que desobedecia os pais e que o genitor apenas estava tentando a proteger do mundo. Quem iria imaginar que o meu inferno era dentro de casa e não na rua.
As marcas no meu corpo não desapareciam pois o mesmo fazia questão de sempre reforça-las. Na escola ninguém se arriscava a me ajudar pois o homem que eu deveria chamar de pai possuía uma grande influência em Shibuya.
Mas em uma certa noite, aos meus quinze anos, ele me arrastou até a porta de entrada pronto para me humilhar na frente de todos. Eu teria tido mais uma noite de dor e inconsciência se não fosse pelo barulho do seu corpo sendo atingido por algo que o atravessou e o matou imediatamente, um silêncio ensurdecedor no meio daquela escuridão antes da tempestade.
Foi então que um choque tomou conta do meu corpo e eu percebi que finalmente estava livre.
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Cinco anos depois
S/n Yamamoto, 20 anos.
Eu não me lembrava mais do lugar que eu morei durante a minha infância até minha adolescência, parece que a minha mente me fez um enorme favor em apaga-la. As vezes tenho pesadelo com referente ao meu passado e sempre que acordo assustada, fico me questionando quem foi o meu herói e como ele possa ser.
Obviamente a mídia compartilhou a notícia sobre a morte do empresário Hayato Yamamoto e junto da notícia, a minha foto era compartilhada como a filha que sofria violência do próprio genitor. Precisei me mudar da cidade para que esquecessem do caso, me afastei da minha mãe para preservar sua vida já que a mesma não teve sua foto espalhada e todos questionavam qual era a atitude dela diante de tal ato.
Agora, cá estou eu voltando para a cidade que tenho tantas lembranças ruins depois de todo esse tempo. Dizem que voltar ao passado é querer se torturar, mas eu vejo como um passo para a superação. Eu preciso disso.
Segurando uma mala de tamanho médio, dou alguns toques na porta de madeira a minha frente e observo a minha nova vizinhança com atenção. Prometi a mamãe que ela seria a primeira pessoa que eu visitaria assim que voltasse, mas ainda me sinto nervosa, me sinto como se a qualquer momento ele quem irá abrir essa porta e puxara meu cabelo enquanto me xinga.
- S/n ! - Minha mãe parecia ter rejuvenescido, possuía um brilho em seu olhar e um sorriso largo que ele havia tirado naquela época. - Finalmente você esta aqui.
- Pois é - Entrei na sua nova casa enquanto olhava a decoração - Também senti sua falta, mãe.
- Deixei um quarto separado para você no segundo andar, fique a vontade para decorar e ... - Sua voz falhou quando a mesma olhou para os meus olhos e os viu marejados. Se aproximou de mim pedindo desculpas enquanto puxava meu corpo para um abraço - Eu sinto muito por ter sido fraca, sinto muitíssimo... Me perdoe, S/n...
Cinco anos longe não foram suficiente para superar um trauma, quem eu quero enganar ? O detetive Higuruma fez o possível para que toda notícia sobre o crime fosse abafada e que meu genitor não fosse mais lembrado pelo mundo, mas sabemos o quanto isso é impossível. Apesar de ter feito terapia, não foi o suficiente. Deixo a dor escorrer pelo meu rosto enquanto mamãe limpa cada lágrima.
- Alguma vez... Durante esses anos... Eles chegaram a descobrir quem foi ?
De cabeça baixa ela negou, mostrando que a polícia não havia alcançado o meu possível "herói". Então, a única fagulha que me restava de um dia agradece-lo, foi apagada. Peço licença e subo as escadas até o tal quarto que seria meu daqui em diante. Abro a porta e dou um leve suspiro, passando a mão pelas últimas lágrimas presentes.
- Então... Vamos tentar recomeçar - Pego um maço de cigarro do bolso e observo com atenção - Talvez eu devesse parar.
É isso, o começo de tudo.
Espero que gostem dessa história que será postada aos poucos por conta de outras que tenho em andamento, mas relaxem, não irei abandona-la.
Alias, eu penso que essa terá apenas 20 capítulos com no máximo 30. Nada além disso pois quero no futuro ter uma história para cada personagem (isso inclui até os odiáveis) e preciso de tempo.
Beijinhos
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IN MY BLOOD - CHOSO KAMO
Fanfiction𝐀𝐬 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬, 𝐬𝐢𝐧𝐭𝐨 𝐯𝐨𝐧𝐭𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐢𝐬𝐭𝐢𝐫 𝐌𝐚𝐬 𝐞𝐮 𝐧𝐚𝐨 𝐩𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐍𝐚𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐧𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐬𝐚𝐧𝐠𝐮𝐞.