𝐁𝐀𝐁𝐀𝐂𝐀

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Quando eu era mais nova, costumava bater o pé no chão e dizia em voz alta que independente de me tornar adulta ou não, eu jamais seria alguém amargurada que não me colocaria no lugar dos outros. Acreditava que as pessoas poderiam ser perdoadas. Se alguém machucasse meu coração, tudo bem eu perdoá-la. Se brigassem comigo, tudo bem perdoar... se me abandonassem, tudo bem eu aceitar de volta. Uma completa idiota, pois com o tempo eu percebi o quão cansativo era. Alias, quem usa um discurso desse ?

Achava que quem guardava mágoa, iria continuar andando para trás ao invés de seguir em frente. Entretanto, ninguém quer ter pessoas que algum dia te fizeram mal ao seu lado. A espera do seu fracasso, prontos para rirem da sua desgraça.

Além disso, outra coisa que nunca entendi bem são as pessoas que mudam sua personalidade para agradar os demais. Fingem ser alguém pois sentem medo do que acharão caso mostre sua verdadeira face. Foi com esses pensamentos que acabei adormecendo.

No dia seguinte teria o início das minhas aulas e estava vivendo em completa ansiedade, me questionando sobre tudo e posso dizer que já pensei diversas vezes no meu passado.

- S/n, você já acordou ou irá faltar logo no primeiro dia ?

O celular tocava descontroladamente para provar que eu estava atrasada, pois assim que olhei o horário, eu percebo que ele tinha adiado automaticamente cinco vezes. Ou seja, eu já deveria estar arrumada.

Me levantei em um pulo ao notar que dormi mais do que a cama, meu banho foi como de um gato, lavei o cabelo e o meu corpo em um tempo menor que o de costume. E em vinte minutos estava pronta. Me xinguei um pouco por não ter tempo nem de usar um rímel e fui descendo as escadas até a cozinha, peguei um sanduíche natural da mão da minha mãe e me despedi.

O caminho até a faculdade não era longo, mas provavelmente eu teria que pedir licença ao professor antes de entrar na sala. E foi exatamente isso que aconteceu, meu rosto completamente avermelhado pela vergonha que senti. Me sentei ao lado de Nobara e abri meu caderno para anotar as provas e trabalhos.

Por sorte, o primeiro dia de aula sempre é de avisos ao invés de aula. Então, não durava mais do que uma hora dentro de sala. Assim que finalizei todos os meus compromissos, caminhei com a ruiva e Itadori até a saída e lá percebi uma rapaz de cabelos solto rodeado de pessoas. Forçando a vista, consegui notar que as garotas estavam praticamente em cima do Choso, onde o mesmo vestia uma roupa esportiva e bebia sua água enquanto escutava cada uma delas.

- Isso é real? - Balbuciei e os dois que estavam comigo olharam em direção.

- Sim, pode acreditar - Yuji me lançou um olhar meio que envergonhado - Meu irmão tem um ímã para essas garotas, mesmo que ele não faça nada, elas surtam, suspiram, brigam entre elas. - Revirei os olhos - É o que acontece com os veteranos de educação física.

- Mas com você não vejo estar acontecendo isso nesse exato momento.

- É porque o nosso querido Itadori tem um segredinho que faz afastar essas loucas do pé dele. - Nobara o abraçou por trás e sorriu.

- Você... tem uma namorada ? - Tentei adivinhar e ambos começaram a rir.

- Acha mesmo que essas garotas ligam para o cara estar comprometido ? Se deixar, elas arrumam briga achando que você está roubando o homem delas - Meus ombros murcharam e continuei observando aquele tumulto, até o rapaz que estava presente por alguns segundos olhar para mim e eu desviar.

- Então ? - Olhei para Yuji que coçou a nuca e sorriu sem graça.

- Acontece que eu sou gay, S/n. - Falou baixo e eu em surpresa levei minhas mãos até a boca.

IN MY BLOOD - CHOSO KAMOOnde histórias criam vida. Descubra agora