Capítulo 11

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Neste preciso momento, a única certeza de Draco era que queria ir à procura de Harry. A separação deles provavelmente quebrou a confiança que tinham um no outro, o tempo que passaram separados foi mais do que suficiente para corroer seus sentimentos ou abafar a necessidade que sentiam um pelo outro. No entanto, a ferida nele ainda estava aberta e ele sentiu falta de Harry como no primeiro dia.

Draco estava exausto de tanto ansiar pelo que havia perdido.

Estava cansado de ser uma casca vazia, de não ter mais gosto por nada e de passar cada dia como uma provação, esperando um momento de esquecimento.

Ele provavelmente se arrependeria do que havia perdido pelo resto da vida e tinha certeza de que nunca seria capaz de esquecer Harry, mas precisava fazer sua vida voltar ao normal. Para de esperar aquele estúpido Grifinório. Ele tinha que aceitar que eles não seriam capazes de concordar desta vez.

O milagre já havia acontecido quando eles se aproximaram. Eles superaram seus passados ​​complicados e apoiaram-se mutuamente.

Draco conseguiu mais do que esperava: ele provou a felicidade e tinha certeza de que guardaria essas lembranças pelo resto da vida. Porém, era hora de voltar à realidade e ele teve que deixar Harry ir. Para o bem de ambos.

Ele deixou Hermione e Ron se prepararem em silêncio, sem dizer uma palavra. Ele se apressou em se vestir, vestindo rapidamente suas roupas e aceitando um suéter grande, mas quente, emprestado por Ron.

Quando Hermione lançou-lhe um olhar hesitante, provavelmente pronto para sugerir que ele ficasse aquecido e descansasse um pouco mais, o jovem falou primeiro, com firmeza. Na verdade, foi provavelmente a primeira vez em seis meses que ele teve tanta certeza de si.

— Eu vou com vocês!

Hermione estava prestes a protestar, mas Ron colocou a mão no braço dela e acenou rapidamente com a cabeça, obviamente entendendo as motivações do jovem.

Todos se amontoaram na chaminé para uma viagem ao destino e a viagem foi rápida e suja, como sempre acontece neste meio de transporte. Draco olhou para a casinha empoeirada ao sair da lareira, sem fazer o menor comentário.

Obviamente, ninguém vinha àquele lugar há anos e ele franziu a testa, sem entender por que os dois grifinórios o trouxeram para aquele lugar específico.

Ron abriu a porta da frente e imediatamente o vento carregado de borrifos açoitou seus rostos. Estreitando os olhos, Draco avistou o mar revolto a poucos passos de distância, cercado por uma praia de seixos afogada em cinza.

O sonserino engoliu em seco, fascinado apesar de tudo. Era exatamente o tipo de visão que Harry iria gostar. O poder dos elementos tirou seu fôlego e impediu que se perdesse em pensamentos, sem contar que o espetáculo foi bastante impressionante...

Ele estava prestes a sair, mas Hermione o segurou para colocar uma capa pesada, impermeável e forrada sobre seus ombros com um pequeno sorriso.

— Estamos no meio do inverno e você vai rapidamente ficar encharcado pela água. Não há necessidade de ficar doente...

Draco permaneceu em silêncio, deixando a jovem colocar a roupa sobre seus ombros, sem ousar desviar suas atenções. Eles estavam todos nervosos e seria contraproducente iniciar discussões inúteis.

Ao sair de casa, foi atraído por um pequeno monte de pedras, um pouco afastado. Ele se aproximou curioso e descobriu ali uma pequena cova, obviamente cavada às pressas.

Ele ficou surpreso ao descobrir a pedra gravada: “Aqui jaz Dobby, o elfo livre”. Demorou alguns segundos para ele se lembrar do elfo rebelde de seu pai, aquele que foi libertado por Harry e que o seguiu fielmente depois.

Draco nunca perguntou sobre isso, ele até esqueceu sua existência. Esta pequena cova, provavelmente cavada pelo próprio Harry, o chocou e deixou com um gosto amargo em sua boca.

Dobby era alguém próximo de Harry que havia partido. Draco conhecia o moreno bem o suficiente para saber que ele havia lamentado sua perda com a mesma tristeza que sentia por sua família e amigos.

Draco suspirou e enfiou as mãos nos bolsos da capa de Hermione, agora certo de que Harry estava aqui. Em algum lugar. Só precisava ser encontrado antes que ele se machucasse para sempre.

Ele caminhou pela praia, tropeçando nas pedras escorregadias, ignorando Hermione e Rony que haviam ido na direção oposta. Ele não gritava como eles, preferindo se concentrar e procurar o menor vestígio de presença humana. Ele teve a ideia de que mesmo que os ouvisse, Harry não responderia.

O jovem teve a impressão de estar caminhando há horas naquela superfície instável, torcendo os tornozelos e rapidamente se vendo meio encharcado pelo impacto das ondas nas pedras, quando parou com as sobrancelhas franzidas.

Olhou ao seu redor, perplexo, sem entender o que havia chamado sua atenção, até que avistou uma massa escura, um pouco mais distante, perto do mar.

O jovem balançou a cabeça, chamando-se de idiota. Ele já havia pensado que havia encontrado Harry várias vezes e correu, até caindo de joelhos no processo, mas era apenas uma massa de algas empilhadas, imitando o formato de um corpo humano.

Ele poderia simplesmente ter ignorado e continuado seu caminho, mas se moveu lentamente em direção ao que viu, recusando-se a correr o risco de perder algo que o levaria a encontrar Harry.

A princípio ele não entendeu exatamente o que estava olhando. Não era um monte de algas marinhas, mas ele estava meio cego pelo vento e pelos borrifos, e com a escuridão caindo ele não conseguia entender exatamente o que era. Então, uma breve pausa permitiu que ele visse o cabelo bagunçado e seu coração afundou dolorosamente, a ponto de fazê-lo ofegar.

Respirando fundo, com a impressão de que suas pernas não respondiam mais, ele tropeçou em direção ao corpo inerte. Ele caiu no chão, ignorando a dor causada pelas pedrinhas, sem nem perceber que havia cortado a canela em uma pedra mais afiada que as outras, se aproximou quase rastejando, suas mãos vagando ao redor de Harry sem ousar tocá-lo.

Ele ainda não conseguia ver seu rosto, mas sabia que era ele. Ele reconheceu seu cabelo bagunçado, talvez sua figura. O corpo estava de costas para ele, enrolado em posição semifetal de lado, completamente imóvel. As roupas pareciam escuras, pesadas pela água do mar.

Finalmente, ele colocou uma mão trêmula no ombro de Harry e o inclinou em sua direção, estremecendo ao ver o quão molhado e frio o moletom estava.

O rosto que apareceu confirmou sua impressão. Aquele era o Harry. Um Harry pálido e inconsciente, com os lábios azuis de frio.

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