Capítulo 14

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Vendo Harry se aquecendo lentamente, ela assentiu, aliviada. Levaria algumas horas para ele se recuperar, mas Draco tinha a situação sob controle.

Com um gesto hábil de sua varinha, ela preparou um chá leve e doce, bem quente, que colocou perto de Draco, cuidando para que não esfriasse.

Então, ela colocou a mão no ombro do ex-sonserino.

— Vamos deixar você cuidando dele. Assim que ele abrir os olhos, dê-lhe um chá quente. Ele ficará um pouco confuso, mas vai passar. Dê-lhe algum tempo para recobrar o juízo, não o apresse. Não hesite em nos ligar se tiver alguma dúvida.

Draco parecia hesitante, pronto para protestar por ter que ficar sozinho com Harry, provavelmente, mas ele rapidamente se resignou e assentiu.

Hermione franziu os lábios por um momento, antes de acrescentar.

— Não tome uma decisão precipitada, por favor. Você sabe como Harry pode ser... teimoso.

Ron rosnou atrás dela.

— O que ela quer dizer é que você não tem a necessidade de desaparecer novamente como da última vez. Você não está sozinho, Malfoy.

Draco piscou surpreso, então encolheu os ombros com um suspiro exausto.

— Não tenho certeza se consigo... aturar essa bagunça de novo se isso faz vocês se sentirem melhor. Acho que não estava tão resignado quanto pensei que estaria.

Ron riu antes de concordar.

— Boa sorte.

Draco observou os dois amigos de Harry saírem da casa, incrédulos. Ele provavelmente estava sonhando, pois nunca imaginou que seria tratado dessa forma depois de deixar Harry.

Embora as suas relações tivessem melhorado desde o fim da guerra, tal aceitação foi inesperada... e incrível. De repente, ele se sentiu culpado por seu antigo comportamento, quando os desprezou sem perceber que eram pessoas realmente boas.

Ele foi tirado de seus pensamentos por um gemido de Harry, quando o mesmo começou a resistir contra ele.

Draco fechou os olhos por um momento, tentando reunir uma coragem que ele não sabia que tinha. Ele esperava ser rejeitado por Harry ou repreendido assim que abrisse os olhos e sabia que isso iria partir seu coração ainda mais.

O jovem em seus braços piscou, antes de tremer e abraçar nervosamente as cobertas contra si. Sem dizer uma palavra, Draco levou uma xícara de chá quente aos lábios dele, ajudando-o a beber com cuidado e paciência.

Quando seus olhos se encontraram, Harry relaxou um pouco contra ele, mas continuou a beber calmamente, sem desviar o olhar.

O coração de Draco batia forte e ele sentiu como se um nó de tristeza estivesse bloqueando sua garganta. Ele sentiu muita falta daquele olhar de confiança e ternura durante todo o tempo que esteve longe de Harry.

Ele pensou que nunca mais veria isso colocado nele novamente e imaginar Harry olhando para outra pessoa daquele jeito o deixava doente de ciúme.

Quando Harry terminou a xícara, Draco a colocou ao lado dele, tentando ignorar suas mãos trêmulas. Ele permaneceu em silêncio, incapaz de encontrar as palavras certas, apenas esperando que Harry o afastasse.

No entanto, Harry encostou-se nele com um leve suspiro de satisfação e olhou para ele até que seus olhos tremeram. Ele lutou contra o sono até o fim e murmurou antes de pronunciar algumas palavras que torceram o coração de Draco.

— Você está mesmo aqui?

Draco engoliu em seco, com a garganta apertada, e se inclinou para dar um leve beijo na testa dele, fechando os olhos por um momento para não começar a chorar.

— Descanse, Harry. Eu não estou indo a lugar nenhum.

Embora Hermione tivesse lhe mostrado a localização dos quartos, Draco preferiu ficar perto da lareira com Harry. Ele pegou alguns cobertores extras e um travesseiro e montou um ninho aconchegante para eles, garantindo que Harry permanecesse aquecido.

Então, ele se sentou ao lado dele e o pegou nos braços, abraçando-o contra ele com uma respiração trêmula ao perceber que havia chegado muito perto de perdê-lo. Muito perto.

Quando Harry abriu os olhos outra vez, ele franziu a testa, um pouco confuso. Ele se sentia exausto e estranhamente entorpecido.

Demorou alguns segundos para perceber que não era Grimmauld Place e procurou em sua memória tentando lembrar o que havia acontecido.

Suas memórias estavam dispersas, até mesmo incompletas. Ron contou a ele sobre a nova loja de George e ele se perguntou se uma de suas pegadinhas poderia ter tido um efeito não intencional.

Franzindo ainda mais a testa, Harry lembrou-se brevemente de uma sensação de frio. Felizmente, ele estava aconchegado em frente a uma lareira, agradável e aquecido.

Ele suspirou e quando quis levantar a mão para esfregar os olhos, percebeu que alguém o estava abraçando.

Imediatamente, ele congelou, horrorizado.

Tinha quase certeza de que não havia bebido ou consumido nenhuma substância que pudesse fazê-lo perder o controle de seus atos; não tinha a sensação de ter cometido excessos. Porém, algo aconteceu que o levou a dormir com alguém. Alguém que ele havia esquecido.

Enjoado, Harry tentou se desvencilhar do abraço, quando os braços o apertaram um pouco mais forte. Ele foi distraído por um cheiro dolorosamente familiar e então uma voz rosnou, com uma pitada de aborrecimento.

— fique aquecido.

Não uma voz qualquer. A voz dele. A voz do Draco.

O alívio tomou conta dele. Por um momento, ele pensou que poderia ter traído Draco, mesmo que este tivesse ido embora. Como ele foi estúpido.

Incrédulo, ele congelou e resmungou, apesar da dor de garganta.

— Draco?

Ele sentiu um toque em sua nuca e sentiu como se estivesse voltando no tempo, quando acordou nos braços de Draco e Draco o beijava naquele exato lugar. Harry nunca teve a chance de dizer a ele o quanto adorava esse pequeno hábito, que o fazia se sentir bem. Esse simples beijo afugentou as sombras em sua mente e afastou os pesadelos, dando-lhe a sensação de que nunca mais ficaria sozinho.

Então a sensação desapareceu e houve um suspiro, enquanto Draco o soltava lentamente.

— Como você está se sentindo ?

Harry resistiu à vontade de se virar, porque temia que fosse tudo uma ilusão. Ele esperava tanto pelo retorno de Draco que quase conseguia se convencer de que às vezes sentia sua presença. Mas nunca foi real.

Se foi uma alucinação, foi a mais tangível que ele já teve. Ele sentiu o cheiro dos braços de Draco, seu cheiro e seu calor. Ele ouviu a voz dele e sentiu sua respiração.

Ele procurou um pouco mais na memória, tentando entender, mas por enquanto, deu de cara com uma parede preta.

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