Coeurs brisés

Capítulo 13

Houve um silêncio um pouco mais longo atrás dele e ele claramente imaginou Hermione e Ron trocando um olhar estranho.

O mesmo tipo de olhar que eles trocaram quando Harry lhes disse que eram um casal, o mesmo olhar que provavelmente trocaram quando Harry falou sobre seu... rompimento.

Um olhar simples que lhes permitiu se comunicar da sua maneira, provando que eram particularmente próximos e que se conheciam perfeitamente bem.

Ao mesmo tempo, Draco esperava que um dia estivesse perto o suficiente de Harry para se comunicar com ele dessa maneira, mas o destino decidiu o contrário.

Ele esperou pacientemente, continuando a cuidar de Harry, e foi Hermione quem falou, hesitante.

— O medibruxo do St. Mungus falou sobre depressão.

Draco suspirou.

— Metade do mundo mágico teve problemas como este depois da guerra. Acho que isso não é surpreendente.

Hermione o interrompeu imediatamente.

— Não, Draco. Estou falando de doença. Não é uma simples queda no moral ou o resultado de um choque emocional. Harry carrega uma série de traumas de sua infância e nunca conseguiu chegar a um acordo sobre a morte de Sirius. Não estou nem falando de todos que morreram durante a batalha final e cujas mortes Harry se culpa.

Hermione fungou levemente antes de concluir em tom sombrio.

— Ele precisa de ajuda.

Draco gemeu, sem saber o que fazer com essa revelação óbvia. Em vez de discutir, ele mudou radicalmente de assunto.

— Tem pimenta aqui? Eu só quero que ele não acabe com uma bronquite grave. O ar está gelado aqui e ele ficou exposto a isso por horas...

Hermione suspirou e pareceu vasculhar alguma coisa. Provavelmente a bolsa que ela sempre carregava consigo e que parecia conter uma solução para qualquer situação de emergência.

Ele lembrou do dia que estava conversando com Harry, e este lhe revelou que Hermione havia adotado esse hábito quando eles estavam fugindo dos Comensais da Morte, logo após a morte de Dumbledore. Embora a guerra tivesse acabado, ela nunca abandonou sua bolsa magicamente ampliada e carregava sistematicamente o suficiente para enfrentar qualquer situação... onde quer que fosse.

Olhando para trás, Draco lembrou-se do olhar triste e quase assombrado de Harry quando falou sobre aquela época de suas vidas e se perguntou quantos outros sinais ele havia perdido sobre seu estado mental. Houve tantas pistas que ele ignorou — ou optou por não ver — perdido em sua própria culpa e lutando contra seus próprios demônios...

Hermione colocou o frasco de pimenta ao lado dele e ele o pegou com um breve aceno de cabeça. Ele segurou Harry contra ele suavemente, suprimindo a vontade de beijar sua bochecha ligeiramente áspera, e forçou o frasco entre os lábios, forçando-o a engolir a mistura suavemente.

Quando os ouvidos do jovem começaram a fumegar, ele sussurrou para os dois amigos de Harry.

— Como é tratado?

Hermione soltou um suspiro frustrado.

— Os trouxas usam remédios e existem algumas poções reguladoras de humor no mundo mágico. Porém, o ideal seria que ele procurasse uma medibruxa especializada ou um psicólogo. Ele tem que falar sobre tudo isso para… tirar todos os traumas da cabeça. Ele deve concordar em deixar tudo isso no passado para seguir em frente.

Ainda observando Harry, Draco encolheu os ombros enquanto respondia distraidamente, seus dedos acariciando suavemente a mão flácida e ainda fria.

— Ele se recusará a falar com um estranho.

Ron interveio.

— Vocês dois poderiam ficar aqui por algumas semanas. Bill concordará, ele nunca vem nesta temporada de qualquer maneira. Vocês dois têm que conversar, certo? E talvez ele te escute... Se existe uma pessoa no mundo que vai fazer ele mudar de ideia, é você...

Draco soltou um suspiro de surpresa.

— O que ? Mas…

Hermione o interrompeu, impedindo-o de justificar uma possível recusa.

— Não vamos deixar você voltar para seus pais se o resultado for vê-lo casado com uma mulher que você despreza, Draco! Inferno, mesmo que você não fosse tão próximo de Harry, se não tivéssemos nos conhecido, eu não seria capaz de fechar os olhos para uma situação como essa!

O jovem abaixou a cabeça e notou com alívio que Harry estava começando a se mexer ligeiramente. Hermione insistiu, obviamente esperando pela concordância dele.

— Você precisa resolver as coisas entre vocês para seguir em frente, Draco. Não importa o que você decida a seguir.

Ele suspirou e assentiu, subitamente exausto.

…

Aos olhos de Hermione, já foi uma primeira vitória que Draco concordou em falar com Harry. Foi principalmente um milagre ele ter encontrado Harry a tempo, mas ela preferiu não pensar nisso... Às vezes, especialmente quando se tratava de Harry Potter, era melhor não imaginar o que de pior poderia ter acontecido.

Enquanto ela os observava, ela não pôde deixar de notar o modo como Draco olhava para Harry.

Como se nada mais no mundo importasse.

Eles estavam cegos para ver apenas a rivalidade infantil em Hogwarts. Harry sempre esteve muito mais interessado nas ações de Draco do que em qualquer outra coisa, mas aquele idiota provavelmente enterrou profundamente esse início de atração em vez de ter que admitir isso.

Quanto a Draco… ele foi preso por sua educação e pelos desejos de seus pais.

Foi um milagre eles se terem encontrado depois da guerra e terem conseguido avançar juntos.

Ainda havia um longo caminho a percorrer para que eles se encontrassem, mas a jovem estava decidida a não deixá-los escapar.

Mesmo que ela tivesse que amarrar esses dois idiotas cegos para se explicarem, ela faria isso. Para o seu próprio bem.

Neste ponto, ela tinha certeza de que não teria que lutar contra Ron. O namorado dela às vezes era cego, às vezes completamente indiferente, mas parecia aceitar a situação com uma calma surpreendente.

Provavelmente era por esta razão que ela ainda o amava tanto, apesar dos seus defeitos: ele ainda tinha o poder de surpreendê-la, quando ela menos esperava.