Capítulo 10

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Capítulo não revisado!

...

Hermione respondeu com um sorriso triste. Draco se mexeu um pouco, nervoso, mas antes que pudessem dizer qualquer coisa, ouviram a lareira acender seguida de um barulho alto. No segundo seguinte, Ron estava gritando o nome de sua namorada com uma urgência que congelou o interior de Draco.

Os dois correram ao seu encontro, Draco rapidamente se enrolando no lençol para não perder tempo se vestindo, e o jovem pôde ver a mesma preocupação que sentia no rosto de Hermione. Na sala, Ron estava sozinho e parecia agitado.

Hermione imediatamente franziu a testa.

— Onde está Harry?

Ron passou a mão pelos cabelos nervosamente e lançou a Draco um olhar levemente preocupado antes de responder.

— Desapareceu. Ele não voltou para casa novamente. Procurei na casa e nos arredores. Fui ao túmulo dos pais dele e... aos bares que ele frequentava. Olhei em volta para os lugares onde ele poderia estar...

Draco engoliu em seco nervosamente, sua boca seca e a culpa rasgando seu interior.

— Ele começou a usá-las de novo? 

Hermione deu-lhe um sorriso leve e triste e colocou a mão em seu ombro.

— Não. Este período parece ter ficado para trás, mas é melhor verificar para ter certeza.

Ron continuou, ainda nervoso.

— Liguei para George só por precaução, mas ele não o viu. Ele também não está na Toca. Eu... eu não sei onde ele poderia estar.

Draco engoliu em seco, o pânico percorrendo seu corpo. Ele não conseguia esquecer o olhar magoado de Harry quando descobriu que iria se casar, nem conseguia esquecer as olheiras em seu rosto abatido.

Ele estava ausente há seis meses e suspeitava que Harry tivesse mudado todos os seus hábitos. Ele havia se escondido na mansão da família, recusando-se a sair para não se encontrar em um lugar que lhe evocasse lembranças.

A ideia de não saber onde encontrá-lo o deixou sem fôlego e ele esfregou o rosto, tentando ignorar os olhares de pena que Ron e Hermione lhe lançavam.

Mais uma vez, foi Ron quem interveio, num tom um tanto áspero.

— Você é quem o conhece melhor, mesmo que me mate dizer isso. Então, pense bem e conte-nos o primeiro lugar que lhe vem à cabeça. O primeiro lugar que ele poderia ir nessas circunstâncias.

Draco soltou uma exclamação amarga.

— Que circunstâncias? Aqueles onde ele descobre que eu…

Ele fez uma pausa, incapaz de dizer mais uma vez que iria se casar. Draco seguiu as ordens de seu pai, mas sem o menor desejo. Ele mal conhecia a escolhida e não conseguia lembrar o primeiro nome dela. Ele nem havia assinado o contrato, deixando seu pai sozinho.

Ele deve tê-la encontrado duas vezes antes daquele dia e se permitiu ser arrastado para o Beco Diagonal porque seu pai o incentivou a experimentar suas vestes cerimonial. Porém, eles não trocaram mais do que duas ou três palavras e ele a tratou com desprezo, deixando claro que não queria esse casamento.

Ele sempre poderia fingir o contrário, mas ver Harry novamente mudou tudo. Ele percebeu que não poderia levar adiante esse casamento falso, mesmo que seu pai tivesse que expulsá-lo de casa e deserdá-lo.

Ele voltou ao presente quando Rony gemeu, colocando as mãos em seus ombros como se quisesse firmá-lo na realidade.

— Droga, Malfoy! Para onde Harry iria se fosse dominado por suas emoções? Em caso de choque?

Hermione ofereceu, esperançosa.

— Hogwarts talvez? Ele sempre disse que aquela era a casa dele, afinal.

Draco imediatamente balançou a cabeça, com uma careta de dor.

— Há muitas lembranças ruins lá.

Ron inclinou a cabeça, olhando para ele, as mãos ainda nos ombros. Draco o ignorou, franzindo a testa enquanto se perdia em suas memórias.

Finalmente, um pouco hesitante, ele sussurrou.

— Ele adora o mar. Harry disse que era o melhor lugar do mundo para esquecer suas preocupações... Que quando olhava para as ondas tinha a impressão de estava livre, vazio de todos os problemas que poderiam assombrá-lo.

Hermione soltou um grito vitorioso.

— A cabana de conchas!

…  

Harry gritou até a exaustão em frente ao mar, na praia deserta. Ele gritou de raiva e dor, finalmente deixando escapar meses de emoções cuidadosamente reprimidas.

Ele estava sozinho, naquele pedaço de terra perdido, pois Gui e Fleur moravam agora na França e a casinha um pouco mais distante não era mais habitada.

Era o lugar perfeito para afogar suas mágoas e ele nem tinha pensado nisso. O seu instinto o levou a este lugar, provavelmente porque o mar sempre o atraiu. A liberação dos elementos selvagens e invencíveis era o reflexo perfeito de seus sentimentos.

Exausto, ele caiu na praia de cascalho, olhando fixamente para as ondas e para o horizonte cinzento.

As ondas tiveram um efeito quase calmante sobre ele, o suficiente para impedi-lo de se debater e continuar a gritar de raiva. No entanto, a dor ainda estava presente, já que ele sentia como se seu coração tivesse sido arrancado e ele tivesse um buraco no peito, cada nervo de seu corpo em carne viva.

E ele foi o único responsável.

Ele acreditava que Draco voltaria para ele. Que o orgulhoso Sonserino acabaria cedendo. Para ele.

Ele não conseguiu deixar de lado o orgulho, recusou-se a admitir que estava errado.

Porém, foi Draco quem mais fez concessões, concordando em morar em uma casa que não gostava, aceitando seus amigos e seus hábitos. Draco o ajudou a melhorar, com infinita paciência. Ele nunca a culpou pelos seus momentos de tristeza, pelos seus pesadelos, pelas suas dúvidas e pelas suas incertezas.

Draco lhe deu tempo, repetidas vezes, até que ele não aguentasse mais suas recusas. Harry o ignorou e o deixou ir, convencido de que ele voltaria.

Ele deveria ter aparecido na Mansão Malfoy dentro de uma hora e levado-o de volta com ele. Ele nunca deveria tê-lo deixado ir em primeiro lugar. Ele sempre soube que a presença de Draco era essencial para seu equilíbrio e definitivamente o havia perdido.

Harry não se importava com o frio, não se importando com seus dedos dormentes e lábios azuis. Ele tinha acabado de se refugiar em sua mente, imerso nas lembranças dos tempos em que era feliz. Onde eles estavam felizes.

As lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ele nem as sentia mais. A falta de sono acumulada nos últimos meses e a pouca comida que comia começavam a cobrar seu preço, pois ele vacilou, sem nem perceber o quão fraco estava.

Harry nem percebeu que estava caindo na inconsciência nesta praia deserta, perdido no final da Inglaterra.

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