Harry engasgou violentamente e empalideceu, antes de recuar um pouco mais, uma mão tapando sua boca. Draco levantou-se rapidamente e o pegou antes que ele tivesse a ideia de abrir a porta e voltar para aquela praia maldita.
— Volte para o lugar quente, seu idiota!
Seu tom ficou mais difícil de esconder suas emoções, embora ele já se arrependesse do que havia dito. Hermione disse a ele para ser paciente e empurrou Harry assim que seus olhos se abriram.
Estranhamente, Harry obedeceu sem muito protesto, apenas olhando para ele e impedindo-o de tocá-lo ainda mais. Draco tentou não se ofender por ter sido rejeitado, mas já havia muito ressentimento não dito entre eles para ele ignorar esse gesto de rejeição.
Harry zombou.
— Você estava esperando que eu lhe buscasse? Achei que você queria que eu me livrasse das últimas lembranças do meu padrinho…
Draco fechou os olhos por um breve momento, então balançou a cabeça, perguntando-se por que havia concordado em falar com aquele cabeça-de-mula.
Ele sussurrou com uma voz rouca de tristeza.
— Como conseguimos conversar sem brigar depois de todos os nossos confrontos em Hogwarts? Como conseguimos superar isso?
Quando ele abriu os olhos novamente, Harry estava olhando para ele com uma expressão de surpresa, e ele respondeu com cautela, sem tirar os olhos dele.
— Éramos crianças em Hogwarts. Acho que crescemos.
Draco bufou e encolheu os ombros.
— Devemos acreditar que no final nada mudou, certo? Sinto que sempre existe um muro entre nós que nos impede de nos entendermos.
Harry fez uma careta com as palavras de Draco. Mais uma vez, ele perdeu a paciência, cego pelo ciúme ao saber que Draco o havia substituído.
Ele esfregou os olhos desconfortavelmente. Ele estava morrendo de vontade de estar nos braços de Draco novamente, mas queria gritar com ele por continuar vivendo sem ele.
Ele teria preferido saber que Draco sentia falta dele tanto quanto ele, mas ele era orgulhoso demais para ser honesto e perguntar a ele.
Ele se perguntou distraidamente se estava enlouquecendo querendo alguma coisa enquanto tentava não ter... Ele estava sabotando suas próprias chances de felicidade e era incapaz de compensar seus erros.
Antes que ele pudesse responder, Draco entregou-lhe uma xícara de chá quente que Harry aceitou agradecido. Ele teve cuidado para não tocar em Draco, com medo de perder todo o controle e atacá-lo — para beijá-lo ou bater nele, ele não tinha certeza de como reagiria.
Seu gesto não passou despercebido e ele notou a expressão magoada do jovem. Essa constatação só acrescentou culpa ao marasmo de suas emoções, e ele se concentrou na xícara, saboreando o líquido quente e doce.
Enquanto bebia, ele observou Draco tão discretamente quanto possível e ficou surpreso ao encontrá-lo mudado. Ele havia perdido peso e parecia exausto. Grandes olheiras destacavam seus olhos e havia pequenas rugas que não existiam antes.
Seus olhos que sempre fascinaram Harry estavam menos brilhantes do que antes. Menos expressivo também.
Ele terminou a xícara e colocou-a ao seu lado, suspirando. Ele conseguiu se acalmar o suficiente para encontrar a questão mais importante. Aquele que ele deveria ter perguntado primeiro, antes de dizer qualquer outra coisa.
— Você a ama?
Draco pulou e piscou, visivelmente perplexo. Ele respondeu imediatamente, surpreso.
— Quem ?
Harry franziu a testa e ficou um pouco irritado. Ele cuspiu sem conseguir disfarçar o ciúme.
— Sua noiva.
A boca de Draco se torceu em uma careta de desgosto e ele revirou os olhos.
— Você imagina que eu queria isso? Esse foi o preço que paguei por voltar para meus pais, Harry. Inferno, eu nem sei o primeiro nome dele!
Harry sentiu como se estivesse respirando mais livremente e se recostou nas cobertas, ao lado de Draco. Eles não estavam se tocando, mas ele quase podia sentir o calor do corpo dele. Tudo o que ele teria que fazer era se soltar um pouco para tocá-lo.
Imediatamente, Draco colocou um cobertor em volta de seus ombros com flagrante ternura e Harry fechou os olhos, exausto e desmoralizado.
— Eu estraguei tudo, não foi?
A pergunta de Harry congelou Draco e ele fez uma pausa, pensando sinceramente. Ele sempre poderia tranquilizá-lo e fingir que estava tudo bem, mas isso seria apenas mais uma mentira ao relacionamento deles — se ainda existisse — não precisava desse peso extra.
Finalmente, ele suspirou.
— Não sei.
Ele não deu tempo a Harry para reagir, perder a paciência ou fugir, acrescentando imediatamente um murmúrio doloroso.
— Senti sua falta, Harry. Mas não podemos continuar assim.
Harry pareceu se encolher, como se tivessem batido nele. Estendeu o braço para abraçá-lo, mas não prosseguiu com o gesto, incerto. Finalmente, explicou, sussurrando como se isso fosse diminuir a importância das palavras ditas.
— Você precisa de ajuda. Eu não percebi, mas... você não pode se destruir repetidamente. Não posso ver você fazer isso, dia após dia.
Harry olhou para ele, olhando para ele com um resquício de combatividade.
— Você me deixou, Draco. Provavelmente é normal que eu seja... afetado, certo? E você acha que preciso de ajuda porque me recuso a me mudar, será esse o cerne do problema?
Draco encolheu os ombros com um sorriso triste, conseguindo manter a calma apesar da vontade de gritar.
— Você acha que é um capricho da minha parte?
Harry fez uma careta, mas não respondeu, apenas encolheu os ombros em aborrecimento. Eles permaneceram em um silêncio desconfortável por alguns segundos, então Draco exalou, forçando-se a relaxar. Gritar não adiantaria nada, começar uma discussão não faria avançar o relacionamento deles.
Ele finalmente murmurou, não sem um sorriso levemente zombeteiro.
— Eu deveria gritar com você e sacudi-lo como uma ameixeira. Você está ciente disso?
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Coeurs brisés
FanfictionA guerra acabou, mas deixou sua marca na mente de muitos bruxos. Harry Potter é um deles, buscando juntar os pedaços de sua vida destruída. Entre os traumas do passado e um caso de amor que deu terrivelmente errado, o futuro parece mais sombrio do q...