𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒; 𝘉𝘢𝘫𝘪𝘍𝘶𝘺𝘶

𝐗𝐗𝐈

  O dia amanhecia em tons de laranja, nossa caminhada para fora do hospital parecia acontecer em câmera lenta. Seu braço me rodeava e seus dedos faziam uma leve carícia em minha cintura, como um conforto. Seus olhos ainda vermelhos, sua dor palpável.

  Seus olhos — finalmente — me encararam quando ele abriu a porta do carro para mim.

— Ainda me sinto desnorteado, como se estivesse em um sonho.

  Suas orbes se desviaram novamente e só voltaram a me encarar quando segurei sua mão.

Um toque suave valia mais que algumas palavras.

  Keisuke começou a dirigir, mas diferente de antes, sua respiração era suave, seus olhos não tão quebrados, como se tivesse voltado a realidade. Seus cabelos longos balançavam com o vento da janela e sua mão repousou em minha coxa — como antigamente — me trazendo calor. Os sentimentos entre nostalgia e novidade não se conflitavam mais.

É como se estivesse de volta em casa.

  O soar baixo da música fazia o clima leve. Meus olhos se fecharam e o sentimento de acolhimento crescia com a letra de Margaret — de Lana Del Rey — tocando. Senti um formigamento em meu peito, enquanto ela repetia o refrão.

When you know, you know.
When you know, you know.

Sim, concordava completamente com a letra "quando você sabe, você sabe". Você sempre saberá se é, ou não, sua pessoa. Minhas orbes correram para Keisuke, o encarava de canto de olho. Encantado. Sua pele bronzeada, seus olhos dourados, seus cabelos tão longos que chegavam ao meio das costas.

'Cause when you know, you know.

  Ele repetiu de maneira suave, suas presas aparecendo com um leve sorriso. Ah, Deus.