𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒; 𝘉𝘢𝘫𝘪𝘍𝘶𝘺𝘶

𝐕𝐈𝐈𝐈

Dois anos atrás.

Todo jovem ômega, vindo de família nobre, tem seu debut em meio à alta sociedade aos quatorze anos. Durante esse evento será escolhido um pretendente para o jovem que debutar, logo esse pretendente tomará o cargo de noivo arranjado, e, ambas as famílias saem em vantagem.

  Era dia dezenove de dezembro, e eu, que havia recém completado quatorze anos estava sendo preparado por, no mínimo, dez empregadas. Meu rosto não transmitia nada, no último trinta e um de outubro completou-se um ano da morte de minha mãe. Papai, sequer tinha forças para sair do quarto desde a morte dela. Kisaki, meu amigo de infância, e, meu único apoio emocional, foi obrigado pelo pai a sair do país e viver com o noivo, que, inclusive, foi escolhido por seu pai em seu debut, que ocorreu no início do ano, dia vinte de janeiro. Já fazia quase um ano que não o via, além de perdermos contato.

Sentia saudades.

De minha mãe. Do carinho de meu pai. De Kisaki. De ter uma família.

  Estava devaneando em miséria, enquanto, as mulheres tiravam os bobes do meu cabelo longo. Escolhi algo que lhe lembrava minha mãe — queria sentir ao menos, o mínimo de conforto aquela noite —, ela amava a cor rosa, seus olhos eram em um tom rosado, os vestidos e saias também. Olhava com pesar para as ondulações em meu cabelo, Shira, minha babá desde que nasci, me chamou, após já ter minha maquiagem e cabelo prontos. Vesti a longa saia em tom rosado com ajuda dela, a fenda ia quase até o cós da saia, que tinha detalhes dourados, por ser cintura baixa, mostrava bastante de minha barriga. A parte de cima era era um top da mesma cor da saia, tinha mangas, mas meus ombros estavam desnudos, a gola em detalhes dourados pendia em meu pescoço, e, as costas estavam nuas, tendo apenas uma correntinha dourada juntando as extremidades do top. Nos pés, a sandália dourada, e nas orelhas, longos brincos dourados.

A vestimenta era, claramente, inspirada nas roupas de dançarina de minha mãe.

  O local da festa era enfeitado lindamente, mas nada disso fazia meu ânimo aumentar. Queria entrar no salão com meus pais. E, definitivamente, não queria achar um pretendente. Tinha certeza que entraria sozinho, papai nem pisava fora do quarto, muito menos viria ao meu debut.