ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 21 | ᴘᴀssᴀᴅᴏ

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ᴊᴜ́ʟɪᴀ
sᴀ̃ᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ

Noah estava estranho.

Desde que deitamos juntos depois do sexo maravilhoso ele ficou apenas fazendo carinho no meu cabelo mas não disse nenhuma palavra.

Ainda era esquisito pensar que aquele homem é o meu garoto dos olhos oceanos.

Era assim que o chamava dentro da minha mente desde os 13 anos, os olhos na cor azul me lembrava tanto o oceano e a calmaria que encontrava ali era mais ainda representativo.

Passei anos relutando para não se lembrar dele ao ponto de realmente esquecer boa parte do que aconteceu na melhor férias da minha vida.

Anos que pareciam em outra vida.

Já havia percebido que começava a escurecer mas não queria sair daquela posição deitada nua sobre seu peito. Em algum momento havíamos puxado a coberta e estávamos parcialmente cobertos.

Queria perguntar a ele o que aconteceu depois daquele mês. Mas também queria dizer o que aconteceu depois daquele mês.

É surreal pensar em tudo que aconteceu depois daquele mês maravilho. Eu sempre quis esquecer cada momento apesar da minha psicóloga dizer que isso poderia ser pior.

_Preciso ir. - Ele falou absolutamente do nada e já começou a tentar se desvincular do meu corpo.

_O que?

_Você disse que eu só poderia ficar para o almoço, acho que já extrapolei bastante o horário permitido.

_Eu... - O que eu falaria? Que sou uma louca que sente raiva do mundo? Que falo coisas sem pensar e com o intuito de ferir outra pessoa? Que a alegria dele me incomodava?

O pior foi me lembrar do que aconteceria se ele fosse embora daquele quarto, não queria passar uma noite de merda em uma crise fudida.

Foi o que mais senti dele esses últimos tempos: inveja, o observei bastante em Fortal e Noah exalava uma energia contagiante e isso me deixava cheia de inveja.

Não sei como os pontos não se ligaram na minha mente. O garoto de Eastington e o homem de Fortaleza tinham a mesma vibe contagiante.

Quando percebi ele já estava em pé indo até o banheiro. Me levantei depressa sem ligar para nada e nem a falta de roupa me envergonhou como normalmente acontecia.

Assim que cheguei na porta do banheiro o vi debruçado pegando a mochila do chão.

_Você não pode ir embora e me deixar dormir sozinha nesse quarto! - Falei exasperada.

Ele se virou sem entender a minha reação. Vi a tatuagem delicada com o meu nome se destacando na pele imaculada e muito branca.

_Me dê um bom motivo e prometa que irá me contar o que aconteceu esses anos.

Revirei os olhos.

_Até parece que eu preciso fazer isso para você ficar.

_Está certa, mas eu posso muito bem dormir em outro local da casa.

Ah canalha.

_Prometo que vou contar tudo mas não quero nenhum olhar de pena sobre mim.

_E o motivo?

_Se eu ficar sozinha nesse quarto em algum momento irei ter uma crise.

_Ansiedade?

Dei de ombros.

_Ou de pânico.

Ele veio na minha direção ainda com a bendita mochila nas mãos.

_Vai tomar um banho, daqui a pouco eu vou. Vamos pedir algo para comer e assistir. Se em algum momento sentir confortável me explica que merda aconteceu durante esses anos longe um do outro, se não me contar nada irei entender e não perguntarei mais sobre o assunto até falar sobre ele sem pressão.

Heart (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora