"Que maldição..."

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Mudança de narrador - Henry

Os dois haviam acabado de sair da sala, eu agora estava olhando para uma marca arranhada na cerâmica do chão, provavelmente deixada pelo robô. Eu só podia estar delirando nesse momento, estava com uma mão no rosto quase a ponto do chorar, pensava comigo mesmo se ele seria o William Afton já que o robô chamou-o de... A-afton? - Não pode ser... - sussurro eu, colocando as mãos na boca, eu fui enganado esse tempo todo? Eu fui capaz de ser enganado pelo Afton? Eu estava com muita raiva de mim mesmo, era como se eu pudesse explodir de dentro para fora ali, naquela sala, era como se eu fosse uma bomba que não podia ser desarmada uma vez que tivera sido acionada e apenas estava contando os minutos para explodir por completo. Até que pude ouvir um gemido vindo da maca onde se encontrava Evan, oque me deu um choque de realidade e rapidamente fui correndo até lá.

Evan, você acordou? - susurrava eu colocando uma das mãos em sua testa para verificar sua temperatura. Ele apenas se virou um pouco como se estivesse dormindo profundamente. E conseguiu reagir agarrando minha mão e abraçando-a como um ato de carinho, então, deixei-o ficar assim por longos minutos e até ajeitei sua franja marrom que cobria seus olhos, colocando-a para trás.

O clima estava muito calmo e estranho, isso tanto lá fora como dentro da sala onde eu me encontrava. Aqui no subterrâneo há poucas luzes onde podemos enxergar aqui na sala mesmo havia apenas 1 abajur aceso já que a luz havia quebrado. A paz eo silêncio do lugar foram quebrados apenas por um barulho metálico vindo fora do corredor, oque ecoou até chegar na sala onde eu me encontrava. Evan deve ter percebido isso e virou sua cabeça de lado, soltando minha mão. Minha atenção agora estava voltado para a porta, a qual eu ia caminhando em passos calmos e lentos.

Eu estava tão atendo aos barulhos e me mantinha vidrado na porta entreaberta e mal pude perceber aonde eu estava pisando, até que eu percebi ter pisado em algo fofo e macio, era uma boneca de pano que parecia muito familiar, ao lado dela estava escrito "Me desculpe"
com uma ortografia um pouco difícil de entender e parecia que a pessoa tinha escrito com uma caneta estourada. Rapidamente eu lembrei de onde a boneca era, era a boneca de Charlie, tive um flashback repentino em minha mente. Consistia no de meu último verão com meus filhos, Charlie e Sammy, nós formos visitar o campo, era uma pequena fazenda, ficamos lá por algumas semanas, lá haviam desde cavalos aos mais variados como gansos, coelhos, sapos, porcos entre outros... Me lembro de ter subido uma pequena e esverdeada colina junto de Charlie, ela havia me pedido para subir tal colina desde que marcamos a viagem, ou seja, estava muito ansiosa nunca havia subido uma antes, antez de ir preparei alguns lanches e matérias para uma "Grande aventura" assim como ela dizia e os coloquei na mochila, pois, dali em diante também iriamos explorar as planícies e montanhas do terreno, era uma colina baixa, devia ter uns 17 metros e lá sempre tem vários dentes de leão espalhados pelo chão, ela nunca havia brincado com um, por isso estava me pedindo tanto para subirmos, quando subiu, ela jogou sua boneca para o alto várias vezes devido à alegria e logo depois caímos no chão por causa do esforço que fizemos ao subir. Ela finalmente havia realizado o desejo de pegar um dente de leão e assim como viu nas histórias que eu contava para ela e Elizabeth dormirem ela assoprou, assoprou até que todas suas minúsculas pétalas fossem levadas pelo vento forte para nascerem em algum outro lugar.

Você desejou alguma coisa? - falo eu com um sorriso de canto do rosto.

Sim, eu desejei uma coisa muito especial - fala ela entre risos doces. - eu não posso contar lara você papai, é segredo - menciona ela novamente, se levantando e me pedindo para agarra-la e gira-la no ar como eu sempre fazia nas nossas brincadeiras. Eu me levantei e aceitei sua proposta, girando ela no ar, enquanto ríamos juntos.

Quando o flashback acabou a raiva subiu a minha cabeça e eu peguei o papel do chão rasguei em mil pedacinhos, pois, já tinha alguma ideia de quem teria escrito nesse papel e logo me repousei lentamente pelo chão, abraçei sua boneca e gritei. Eu simplismente não podia acreditar, eu tentava abraçar minhas pernas e as encolhia até meu abdômen, deixava meu corpo mole até ele cair no chão por si só e desabei no choro ali mesmo. Não era possível, eu realmente teria sido enganado novamente... Uma ideia repentina passava na minha cabeça novamente, e ela acabava sendo cada vez mais real a cada segundo que se passava... Seria William quem matou as crianças? Eu não podia mais raciocinar direito meu corpo estava entrando em desespero eu comecei a gritar mais alto e mais desesperadamente. Gritei até que fiquei sem voz, e depois dormi ali mesmo no chão, feito um bebê.

[...]

Quando acordei pude sentir meus olhos
inchados e logo cambaleei ao levantar,

Eu quero mata-lo - volto a chorar com raiva, - como pôde...? Mais que maldição... falava eu com dificuldade.

Eu rapidamente fito a maca onde Evan se encontra e digo num susurro "Eu volto logo, prometo".

Eu saio da sala em passos lentos e posso ver uma luz de lanterna, seria esse o ruído metalico que ouvi mais cedo? era uma luz forte, uma luz que ofuscava meus olhos se eu a olhasse por muito tempo. Eu decido correr até ela, delirando. Pensava comigo mesmo oque haveria ali na sala onde a lanterna se encontrava. Em questão de segundos eu consegui chegar até lá, e rapidamente me abaixei para pegar a lanterna mas fui surpreendido por uma figura mais alta que eu, parecia ser um homem de estrutura magra que em um ato rápido, não hesitou em colocar um saco preto em minha cabeça e me abraçar, me fazendo ficar um pouco sem ar e devido ao instinto comecei a me debater numa tentativa de me soltar de seu agarro, oque foi uma tentativa falha já que o homem me jogou meu corpo contro o chão me imobilizando rapidamente, assim sendo a única coisa que eu pude ouvir de consolo foi um susurro vindo do homem.

Eles estão aqui, Henry... Você lembra deles, certo? - dizia o homem com uma voz apavorada. Até que meus olhos foram se fechando aos poucos, pois minha cabeça começou a doer e eu me dei conta que eu estava desmaiando.

Willry - Reconstruíndo nossas memóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora