LORENZO VALENTINI- MÁFIA 'NDRANGHETA

CAPÍTULO 09

KYARA VALENTINI

Faz uma semana que eu estou casada, e sou uma Valentini. Só vejo Lorenzo a noite, no jantar, nós não conversamos, não por mim, e sim por ele. Ele nem dirige seu olhar para mim, parece que eu não sou merecedora da sua atenção. Eu já entendi que esse casamento é falso, só é um contrato, depois de dormir em um quarto que não é o dele, e ser ignorada, e passado os dias esquecida por ele, me conformei.
No segundo dia eu tentei, eu tinha esperança ainda. Eu o esperava todas as noites pensando que ele viria ao meu quarto, mas ele nunca me procurou.

— Helena!

O dia estava muito lindo, então resolvi ficar no jardim, em baixo de uma árvore, sentada na grama. Helena estava passando, então a chamei.

— Sim.

— Vem, senta aqui comigo.

Eu sei que eu vivia sozinha, não tinha amigos para conversar. Tem pessoas que acostuma, e outras até gostam, mas eu sempre odiei. Aqui até que eu não fico muito sozinha, tenho Helena, a Emma que vive aqui comigo, mas esses dias ela não estava muito bem, tinha pegado um resfriado, mas nós conversamos pelo telefone. A Antonella também vem me visitar. Elas me fazem se sentir acolhida, bem.

— Que bom que resolveu sair um pouco de casa. — Ela diz se sentando, na manta que coloquei na grama.

— O dia está tão lindo. Não resisti.

— Que bom menina, não faz bem ficar o dia inteiro dentro de casa.
Antigamente eu ficava.

— Helena me tira uma dúvida.

— Claro.

Eu estava com isso na cabeça, mas até hoje não tive oportunidade para perguntar a ela.

— Onde fica o quanto do Lorenzo?

— No terceiro andar — Ela me diz me olhando com pesar.

Eu ficava no segundo.

Nunca fui no terceiro andar. Mas tinha olhado o segundo andar todo. Tinha uma porta que estava trancada, eu pensei que era o quarto dele, mas me enganei.
Realmente ele queria ficar longe de mim.

— Menina...
Helena pegou minha mão.

— Está tudo bem.
Não, não estava.

Ela me deu um sorriso carinhoso.

— Tenho umas coisas para fazer. Se precisar é só me chamar.

— Tá bom. Obrigada.

Me deitei e fiquei observando as folhas da árvore sento balançada pelo vento. Era algo que me tranquilizava. Sempre que sentia o vento, ou olhava para natureza, sentia a sensação de liberdade. Sempre fui presa, em todos os sentidos. Eu sei que meus pais queriam meu bem, que estavam fazendo tudo oque fizeram para minha segurança, mas isso estava acabando comigo. Tudo se quebrou em mim quando aquele monstro terminou de quebrar algo que estava rachado. Tantas vezes que fui dormir com uma parte do meu corpo machucado, ou como meu psicológico destruído.

E tantas vezes que dormi pensado em não acordar no outro dia. Mas eu pensava nos meus pais, eles já tinham perdido um filho.
Em meio a tantos pensamentos acabo adormecendo.
Dormi era um momento que eu mais gostava, nesse momento não tinha nada e ninguém para me machucar, era um momento que eu fugia de tudo.

Sentia alguma coisa em meu rosto, pensei que era um bicho que tinha caído em meu rosto. Me levantei no susto, mas mãos me seguraram.

— Calma — Eu gostava tanto de ouvir sua voz. Me causava coisas em meu corpo.
Lorenzo estava me segurando.