CAPÍTULO 27

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               LORENZO VALENTINI

Já estava quase amanhecendo, eu estava sentado na poltrona no quando de Kyara. Não conseguia dormir depois de tudo. Eu poderia ter machucado ela, nunca iria me perdoar por isso. Poderia ser o fodido que fosse, mas não gostava de machucar inocentes, ainda mais uma garota que foi me dada para ser protegida, uma garota que já tinha passado por um inferno, por uma pessoa que deveria protegê-la.

Não sinto amor ou paixão por ela, nada parecido com isso, o que sinto por ela é posse, ela é minha…
Respiro fundo e sinto uma dor chata em meu ferimento.
Nathan encontrou quem foi o responsável pelo meu acidente, e me ligo, na mesmo hora fui até ele, e fiz o que eu sabia fazer de melhor. Era homens do Nikolai. Não era para me matar, era um aviso, que os jogos começaram. Fatiei cada pedacinho dos merdas e mandei para Nikolai.

Quando eu era criança, eu não sabia quem eu realmente era. Às vezes sentia como se outra pessoa estivesse tomando conta do meu corpo, alguém cruel e insensível. Eu tento lutar contra isso, mas é como se eu não tivesse controle sobre mim mesmo. Eu não entendia o que estava acontecendo, eu era só uma criança, com medo, e apavorado… mas fui crescendo e isso não me deixava com medo, o medo não fazia parte mais de mim, entendi que as pessoas deveriam ter medo de mim.

E que a outra pessoa dentro de mim era meu verdadeiro eu, o menino bom que amava a mãe e os irmãos era uma mentira. Quando eu me permiti ser quem eu era, as coisas mudaram completamente, me sentia livre. Mas eu tinha que me controlar, vi que eu precisaria me esconder para conviver com as outras pessoas. Odiei isso, mas acostumei, até que era engraçado. E as pessoas nunca esperariam nada de ruim da minha parte, então foi uma decisão certa a tomar. As únicas pessoas que sabem quem realmente sou que estão vivas são Santiago e Nathan. Não por que contei, mas porque me viram se a minha máscara de menino bonzinho.
Eu não me importei em machucar ninguém, nem mesmo pessoas da minha família, se fosse preciso machucaria meu próprio irmão, ou até o mataria. Mas a Kyara entrou na minha vida.

Kyara é a única luz na escuridão que é a minha vida. Ela é inocente e gentil, e eu faria qualquer coisa para protegê-la.
Mas às vezes, eu tenho medo de machucá-la. Eu tenho medo, uma coisa que eu não sinto, medo, mas eu sinto por causa dela.
Eu sou uma pessoa, se podemos me chama assim… sou uma criatura sem remorso que anseia por sangue e dor.
Eu me casei com Kyara para protegê-la, mas agora, eu vejo que preciso protegê-la de mim mesmo. Eu sei que não posso viver assim para sempre, constantemente lutando contra a minha própria mente doentia. Mas enquanto eu luto, eu prometo que vou mantê-la segura, custe o que custar.

Olho para ela dormindo tranquilamente, e penso toda merda que ela passou, enquanto eu não acabar com Leonel eu não vou sossegar.

                        ○●○●○●○●○

— Você deveria esta em repouso, não cortado um corpo aos pedaços — Nathan diz.

— Nikolai já recebeu?
Questiono.

— Sim.

— Ótimo.

— Como está o ferimento?

— Bem. Você, mais do que ninguém sabe que isso não foi nada.

— Mais mesmo assim me preocupo idiota.

— Está se preocupando à toa.

Estava em casa, já que os responsáveis pelo acidente estavam mortos, não tinha nada no momento para fazer, então estava descansando.

— E a Kyara?
Nathan pergunta me fazendo encará-lo.

— O que tem ela?

— Você não estava muito bem quando chegou em casa.

LORENZO VALENTINI- MÁFIA 'NDRANGHETA Onde histórias criam vida. Descubra agora