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Capítulo 42: Escolhas

Depois de mais algumas lágrimas roladas, Petra abandonou as bebidas e voltou para o quarto. Sua cabeça doía e apenas pensava no pior. Se deitou a cama ao lado de Vicente. Já que estava quase na hora do alarme tocar, ele não desconfiaria que passou noite em claro.

Pouco tempo depois, o alarme do celular de Vicente tocou. Petra estava virada para o lado, ainda acordada. Observava cada coisa que fazia calada. Ele tinha ido para o banho, e depois de alguns minutos estava se vestindo no closet. Como estava acordada, o chamou para conversar:

- Vicente...- Gritou Petra da cama para que escutasse do closet.
- Bom dia, meu amor! Dormiu bem?
- Eu quero conversar com você.
- O que aconteceu?
- Vicente... Meus pais tiveram uma piora. A Lúcia me ligou falando que eles talvez não passem desse mês.
- Mas o mês acaba em duas semanas.
- Sim. Eu estou muito preocupada.
- Então você vai...
- Sim, eu vou para o Brasil. Eu preciso me despedir dos meus pais.
- Eu vou com você.
- Eu sei. Mas não quero ser presa quando chegar.
- E não vai. Eu vou pedir para o falsificador fazer alguns documentos para nós, assim podemos viajar sem medo.
- Ótimo! Mas precisa ser rápido. Eu quero ir amanhã.
- Sim, nós vamos. Eu prometo.- Falava Vicente abraçando Petra.

O dia seguiu normalmente, até chegar a hora da boate abrir.

As garotas já estavam prontas para ir trabalhar, e Vitória já estava com as pernas boas, conseguindo andar, correr, e dançar sem nenhuma dificuldade. Petra tinha feito um verdadeiro milagre, pois se não tivesse cuidado das pernas dela, poderia ter ficado sem o movimento delas.

Brasa e Vitória eram amigos, apenas amigos, uma amizade bem fiel, mas ele sentia algo a mais, nada sentimental, apenas atração, mas não falava, e nem demonstrava nada. Amava D'ávila, tanto que se encontrava com ela todos os dias pelos cantos da boate. Até despistavam Petra para ficarem mais tempo juntos, que com o que estava passando, não fazia questão de notar ou repreender.

Brasa foi até o porão para tirar Vitória, já que iria voltar a trabalhar na boate. Estava muito feliz por ela, afinal, não foi nada fácil tudo o que tinha passado trancada no porão. Petra não tinha o mínimo de sensibilidade, ou compaixão que um ser humano normal devia ter no coração.

Todos estavam na boate, já trabalhando, inclusive Petra. Vitória estava dançando no palco para algum cliente escolhê-la. Ainda sentia muito a falta de Fábio, e não tinha um dia que não pensasse nele, que tinha deixado uma marca permanente. O amou com todo o coração, se entregou de corpo e alma. Tinha planos de se casar, ter filhos, e de envelhecerem juntos, mas tudo isso foi embora, junto com sua vida, quando Petra o matou, mas estava determinada a vingar a morte de Fábio, e para valer, e também se vingar, pois Petra tinha destruído sua vida em todos os aspectos possíveis. Só tinha que pensar em um plano que não poderia ter chance de falhar, e também precisaria de um cúmplice, que já sabia muito bem quem escolher.

Petra estava no balcão de cabeça baixa, nem fuzilava Vitória como sempre fazia, que olhava para ela no balcão e percebia que algo de muito ruim tinha acontecido, pois nem estava maquiada como sempre. Olheiras fundas, olhos vermelhos, cabelo bagunçado e ressecado, e as roupas amassadas, denunciavam que tinha se descuidado bastante, até de si mesma.

Vitória não queria arranjar problema logo no primeiro dia de volta para a boate, mas estava muito curiosa para saber o que estava acontecendo com Petra, não que se importasse, mas aproveitar um momento de fraqueza dela seria o ideal para qualquer plano dar certo. Estava na cara que Petra tinha se descuidado da maioria das coisas da boate, não estava nem prestando atenção no dinheiro que estava bem à sua frente. Tinha certeza de que tinha voltado no momento mais do que certo.

Vitória saiu do palco caminhando em direção a Brasa, na entrada da boate, aproveitando Petra não estava prestando a mínima atenção:

- Brasa...
- Vitória, você não podia estar falando comigo! Quer que a Petra te deixe naquele porão de novo?!
- Relaxa! A Petra não está nem prestando atenção. Aliás, você sabe o que aconteceu com ela?
- Não, porquê?
- Ela está com uma cara de acabada.
- Sei lá, não fico reparando nela. Era só isso que você queria? Saber da vida da Petra.
- Nossa! Grosso! Mas não era isso.
- E o que é?
- Eu quero conversar com você, sobre um assunto importante.
- Como conversar? Aqui na boate você sabe que não tem como. A Petra tem informantes em todo lugar.
- Então me busca no alojamento.
- Está doida?! Se alguém descobrir já era para nós dois.
- É sério! É muito importante.
- Tá bom! Eu vou ver o que eu posso fazer. Fique acordada a noite. Eu vou passar no alojamento de madrugada, vai ser melhor.
- Vou te esperar.- Falava Vitória dando as costas para Brasa e voltando para o palco.