Capítulo 40

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* Bailey May *

Eles param em frente a varanda, como Bailey temia, pequenas fogueiras estavam espalhadas pelo jardim, mas a casa permanecia intocada. Os sinos de vento de sua avó badalavam com a brisa noturna, a cadeira de balanço permanecia vazia de frente para a estrada, luzes brilhavam através das janelas dos andares de baixo, porém, Bailey decidiu tocar a campainha, ele não sabia se era tarde, se sua avó estava dormindo ou se até mesmo estava em casa, instantaneamente ele verificou a estátua de elefante no canto, uma cópia da chave reserva estava escondida em baixo da escultura, Bailey hesitou em abrir a porta.

— O que houve? – perguntou Sina, Bailey se lembrou da vez em que abriu a porta para o militar que contou o tinha acontecido com sua mãe, ele se lembrou de ter andado por esses mesmos degraus para o funeral dela, segurando um pedaço de lenha sobre seu o casaco pela primeira vez, se lembrou de ter ficado parado naquele mesmo lugar observando os lobos saírem da mata, os servos de Lupa que o levaram ao acampamento Júpiter.

Aquilo parecia ter acontecido há tanto tempo, mas havia sido apenas seis semanas. Agora ele estava de volta, será que a vovó o abraçaria? Será que ela diria “Bailey graças aos deuses você está de volta, eu estou cercada de monstros!” Era mais provável ela repreendê-lo, ou confundi-los com intrusos e persegui-los com uma frigideira.

— Bailey? – Krystian o chamou preocupado.

— Ella está nervosa! – murmurou a harpia de seu poleiro nas grades.— O elefante.. o elefante está encarando Ella.

— Vai ficar tudo bem – a mão de Bailey estava tremendo tanto que ele mal conseguia encaixar a chave na fechadura.— Apenas fiquem juntos.

No lado de dentro, a casa fedia à lugar fechado e mofo, geralmente o ar cheirava a incenso de jasmim, mas todos os defumadores estavam vazios. Eles examinaram a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha, havia louça suja na pia, o que não estava certo, a empregada de sua avó vinha todos os dias, a não ser que ela tenha sido afugentada pelos gigantes, ou tenha virado almoço, Bailey pensou.

Ella tinha dito que os Lestrigões eram canibais...

Ele afastou esses pensamentos, monstros ignoravam os mortais, pelo menos até agora. Na sala de estar, estátuas de Buda e deuses filipinos sorriam para eles igual a palhaços psicopatas, Bailey lembrou também que Íris, a deusa do arco íris, era interessada por budismo, ele imaginou que uma visita a essa casa velha e assustadora tiraria isso da cabeça dela. Os vasos de porcelana estavam cobertos de teias de aranha, novamente, aquilo não estava certo, sua avó insistia que sua coleção de vasos fosse espanada regularmente.

Vendo as porcelanas Bailey sentiu uma pontada de culpa por ter destruído tantas peças no dia do funeral, isso parecia estúpido para ele agora, zangar-se com sua avó quando havia tantas outras pessoas para ficar com raiva, Juno, a mulher que dorme, os gigantes, seu pai Marte, especialmente Marte. A lareira estava fria e escura, Krystian abraçou o peito como se fosse impedir o pedaço de lenha de pular na lareira.

— Aquilo é...

— Sim – Bailey suspirou.— É isso mesmo.

— Aquilo o quê? – Sina perguntou, a expressão de Krystian era simpática, mas aquilo só fez com que
Bailey se sentisse pior, ele se lembrou do quão horrorizado Krystian havia ficado, a repulsa que ele havia sentido quando ele invocou Cinzento.

— É a lareira – ele falou para Sina, o que soou estupidamente óbvio.— Vamos checar o andar de cima.

Os degraus rangiam debaixo de seus pés, o antigo quarto de Bailey permanecia o mesmo, nenhuma de suas coisas havia sido tocada, seu arco e aljava extras (ele tinha que pegá-los mais tarde) seus prêmios de concursos de soletrar da escola (sim, ele provavelmente era o único semideus não-disléxico campeão de soletrar no mundo, como se ele já não fosse estranho o suficiente) e as fotos de sua mãe em sua jaqueta camuflada e capacete, sentada em um jipe na província de Kandahar, na sua roupa de treinadora de futebol, no verão em que ela treinou o time de Bailey, em seu uniforme militar com suas mãos nos ombros de Bailey, quando ela foi a sua escola no dia das profissões.

A filha de Poseidon | SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora