Capítulo 46

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Até conhecer a estátua explosiva, Sabina pensou que estava preparada para qualquer coisa. Ela havia andado pelo convés do navio voador de Diarra, verificando e reverificando as balistas para ter certeza que estavam trancadas, trocou a bandeira de Ares por uma branca da paz, o que rendeu uma Diarra muito irritada e alguns palavrões que não vale a pena mencionar.

Tudo parecia estar em ordem, mesmo aquele misterioso arrepio que ela estava sentindo desde que o navio decolou parecendo ter se dissipado, pelo menos por enquanto. O navio de guerra desceu das nuvens, mas Hidalgo não conseguia parar um segundo sequer de pensar consigo mesma, e se isso fosse uma má idéia? E se os romanos entrassem em pânico e atacassem o navio?

O Argo definitivamente não parecia amigável. Sessenta metros de comprimento, com um casco banhado em bronze com bestas repetidas na frente e atrás, uma cabeça de javali empalhada como figura de proa e duas balistas rotativas que poderiam disparar flechas explosivas poderosas o suficiente para destruir concreto... bem, não era o transporte mais apropriado para conhecer seus vizinhos. Nuvens abriram em torno do casco, revelando a relva verde e dourada de Oakland Hills abaixo deles, Sabina agarrou um dos escudos bronze que ladeavam o corrimão de estibordo e todos os tripulantes tomaram suas posições.

Cercado pelo Oakland Hills, o vale era no mínimo duas vezes maior que o acampamento meio-sangue, um pequeno rio serpentava em torno de um lado e enrolava-se em direção ao centro, como a letra maiúscula G, desaguando em umncintilante lago azul. Abaixo do navio, aninhada na borda do lago, a cidade de Nova Roma reluzia à luz do sol, Hidalgo reconheceu os pontos de referência da Roma antiga, o hipódromo, o Coliseu, os templos e parques, a vizinhança de Seven Hills com suas ruas sinuosas e vilas coloridas com seus jardins floridos.

Ela viu as evidências de uma recente batalha dos romanos contra um exército de monstros, a cúpula de um prédio, que ela adivinhou que seria o Senado, estava quebrada, a ampla praça do Fórum estava esburacada com crateras, algumas fontes e estátuas estavam em ruínas, dezenas de crianças de togas estavam saindo do Senado para ter uma vista melhor do Argo, mais Romanos emergiram de lojas e cafés, boquiabertos e apontando enquanto o navio descia. A cerca de oitocentos metros à Oeste, onde as trompas tocavam, um forte romano apareceu na colina, era exatamente como nos desenhos que Sabina viu em livros militares de história com uma linha defensiva com espigões, grandes muralhas e torres de vigilância armadas com escorpiões e balistas. Dentro, fileiras perfeitas de alojamentos brancos alinhados com a estrada principal, a Via Principalis, uma coluna de semideuses emergiu dos portões, as armaduras e lanças brilhando enquanto corriam pela cidade, no meio da formação ela viu um elefante de guerra de verdade.

Sabina queria pousar o Argo antes que aquelas tropas chegassem, mas o chão ainda estava a trinta metros abaixo, ela olhou para a multidão, na esperança de ver um vislumbre de Sina. Então algo atrás dela explodiu! A explosão quase a derrubou do navio, Sabina girou encontrando-se frente a frente com uma estátua furiosa.

— Inaceitável! – ele guinchou.

Aparentemente ele surgiu da explosão, bem ali no dique. Uma fumaça amarela sulfurosa saia de seus ombros, as cinzas estavam em volta de seu cabelo encaracolado. Da cintura para baixo, ele era nada mais que um pedestal de mármore quadrado, da cintura para cima, ele era uma figura humana musculosa em uma toga esculpida.

— Eu não permitirei armas dentro da Linha Pomeriana! – ele anunciou em uma voz nervosa.— E certamente não aceitarei Gregos! – Sabina engoliu em seco, não era a recepção que ela esperava.

— Esse pedaço de concreto acabou de atacar meu navio!? – Diarra Sylla rosnou, aparecendo de supetão atras da filha de Zeus.

— Do que me chamou mocinha? Oras! Eu vou te ensinar o que esse pedaço de concreto pode fazer.

A filha de Poseidon | SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora