Capítulo 7

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De volta ao chalé 11 todo mundo estava falando e se divertindo, esperando pelo jantar ser servido, pela primeira vez, notei que muitos campistas tinham feições parecidas como narizes pontudos, sobrancelhas arqueadas, sorrisos maliciosos, eram o tipo de adolescentes que os professores classificariam como encrenqueiros natos, felizmente, ninguém prestou muita atenção em mim quando fui até meu lugar no chão e me deixei cair com o chifre do minotauro.

Any me viu e se aproximou, ela também tinha a aparência familiar de Hermes

— Arranjei um saco de dormir para você – disse ela.— Aqui, furtei alguns artigos de banheiro na loja do acampamento – os jogou pra mim, não deu para saber se ela estava brincando quanto àquela parte de furtar.

— Obrigada

— Sem problemas – disse se sentando ao meu lado, descansando as costas contra a parede.— Primeiro dia difícil?

— Meu lugar não é aqui.. isso.. – gesticulei nervosa.— Bem, eu.. nem mesmo acredito em deuses.

— Entendo – falou brincando com fiapo solto do short.— Foi assim que começou com todos, um spoiler, depois que você passa a acreditar neles não fica nenhum pouco mais fácil – A amargura em sua voz me surpreendeu porque Any parecia ser o tipo de garota despreocupada e capaz de lidar com qualquer coisa

— Então seu pai é Hermes? – perguntei, ela puxou um canivete de mola do bolso de trás, e por um segundo pensei que fosse me estripar, mas apenas raspou o barro da sola do tênis

— Sim.. Hermes, o Deus com asas nos pés, patrono da medicina, viajantes, mercadores, ladrões – sorriu travessa nessa parte.— E qualquer um que use as estradas, é por isso que você está aqui desfrutando a hospitalidade do chalé 11, meu pai não é exigente com relação a quem apadrinha

— Você já encontrou seu pai?

— Sim, uma vez..– Esperei pensando que se ela quisesse me contar, mas aparentemente não quis, então me mantive entretida com o chifre

— Por que todos aqui me olham como se eu tivesse três cabeças?

— Não se preocupe com isso Sina, a maioria dos campistas é boa gente, afinal somos uma grande família, certo? – não pareci convencida e Any percebeu.— Pode não parecer, mas cuidamos uns dos outros

Ela parecia entender o quanto me sentia perdida, eu me sentia grata por sua empatia, mas ao mesmo tempo eu odiava quando me olhavam com pena..

— Então... – comecei ansiosa em mudar o rumo da conversa.— Você e Sabina, qual o lance de vocês duas? – Any me olhou deixando escapar um sorriso que não chegava aos seus olhos

— Bina e eu temos uma relação.. digamos complicada, eu compliquei as coisas entre nós duas nos últimos dois anos e pra piorar, me dei mal na minha última missão por não ter escutado ela, Quíron não autorizou mais nenhuma missão depois disso, Sabina está morrendo de vontade de sair para o mundo, ela importunou tanto Quíron com isso que ele finalmente disse que já conhecia o destino dela

— Acho que não entendi? – Era muito informação de uma vez só, eu apenas perguntei porque senti uma tensão entre as duas

— Quíron consultou Oráculo, afim de saber o destino dela, seja lá o que ele descobriu não quis contar tudo a ela, mas disse que Sabina ainda não estava destinada a sair numa missão, tinha que esperar até...

Ergui uma sobrancelha

— Até alguém especial vir para o acampamento – minha boca formou um O

— Por isso ela não foi com a minha cara? – pensei alto, Any riu

A filha de Poseidon | SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora