Merda.
Merda, merda, merda.
Meeeerrrrda.
E agora?
Não tenho como fingir que não estou em casa, as luzes estão acesas. E eu suponho que ele tenha escutado o barulho que estamos fazendo na garagem.
Ele sabe que eu tô em casa.
Não tenho como fugir dessa situação e, se eu tentar, isso só vai se tornar mais ridículo do que já está.
Estou farto disso.
— Midoriya? — Todoroki chamou a minha atenção após alongar as costas por ter carregado uma caixa pesada, se aproximando de mim com as mãos na cintura e o cenho franzido. — Tudo bem? — Eu não devia estar com uma cara muito boa, pois a sua expressão de preocupação era mais do que perceptível.
Minhas mãos tremiam um pouco e eu não conseguia focar os olhos em ponto algum.
Eu estava perdendo a cor e um formigamento estranho crescia em meus pés. Eu torcia para desmaiar e, assim, não ter que lidar com aquela bosta de situação.
Seria bizarro demais se eu pedisse para Todoroki me apagar com um soco?
— O que foi, garoto? — A voz de Jirou se fez presente, junto com uma risada nasalada. Ela sentou numa das caixas grandes de papelão, os joelhos bem separados e os cotovelos jogados de um jeito esparramado sobre eles. — Parece que perdeu o cu em algum lugar e tá tentando lembrar aonde foi.
Eu ainda tava sem reação, encarando o nada enquanto ainda tinha o celular em mãos, como se a Samara tivesse acabado de me ligar e dito sete dias.
Sinceramente, eu preferia que tivesse sido a Samara. Mil vezes.
– Ei, ô, Izuku! — A garota abanou as mãos, tentando captar a minha atenção. Engoli em seco ao fitá-la, me deparando com sua sobrancelha arqueada. — O que você viu nesse celular aí? Alguém morreu?
Kaminari a deu um tapa no ombro e ela resmungou alto, devolvendo o tapa nele.
— Ai! Isso doeu!! — Ela reclamou, bufando.
— E se alguém tiver mesmo morrido? Que insensível! — Ele retrucou, o que fez a garota revirar os olhos, mas seu silêncio significava que Denki havia ganhado no argumento. — Izuku, tudo bem? — E eu levei um susto quando ele se virou para mim de repente.
— T-tudo. — Balancei a cabeça, apertando os lábios e guardando o celular no bolso. — Tudo bem, sim. — Olhei em volta, recebendo os olhares estranhos de todos. Hitoshi cruzou os braços e franziu o cenho, sua expressão analítica me dando a certeza de que ele já sabia que havia algo errado, só tentava descobrir o quê. — Gente, eu... tenho que falar com um amigo meu, ele... tá me esperando lá fora. — Pigarreei, desviando o olhar. Tentei dar um sorriso para aliviar a tensão, porque algo me dizia que meu rosto transmitia claramente o meu pânico interno. — Eu já volto. — Não esperei por respostas e já fui tomando meu rumo até a saída, não queria que eles fizessem perguntas. — Podem ficar aqui, não vou demorar. — Eu não queria que eles achassem que havia a necessidade de ir lá se apresentar. Tudo menos isso. O pior cenário possível seria eles aparecendo lá, eu nem queria imaginar a expressão que Kacchan faria. A mente dele já deve estar confusa o suficiente. — Continuem... ér... arrumando tudo. — Dei um último sorriso a eles antes de bater a porta, por fim, soltando um suspiro profundo.
Merda. Merda. Merda. Merda. Merda.
Era a palavra que repetidamente ecoava dentro da minha cabeça enquanto eu andava em passos robóticos até a sala.
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A tal Heather
FanfictionVejo por aí muita gente que se apaixona perdidamente por pessoas que nunca nem viram na vida, muito menos trocaram entre si um simples bom dia. Eu, ao menos, tenho a sorte de gostar de alguém que não só vejo e converso diariamente, como também conhe...