Katsuki
Eu não tava bêbado porra nenhuma.
A única cerveja que eu bebi foi aquela na frente do Deku.
Mas ele não precisava saber disso.
Eu quis berrar, como um adolescente em crise na puberdade, assim que escutei a porta lá debaixo batendo com força e passos apressados cruzando pelo quintal.
Guardei essa vontade de merda para mim mesmo, mas não consegui conter a próxima vontade de merda: pegar todos os travesseiros da cama e tacar tudo em cada canto daquele maldito quarto.
Por que eu sou tão diferente deles?
Que merda foi essa?
Sério que essas palavras saíram da minha boca?
Me joguei na cama, agora sem qualquer travesseiro e lençol, e tive a brilhante ideia de ficar só deitado lá, por um tempo que eu fui incapaz de calcular, encarando o maldito teto branco daquele maldito quarto.
Como um adolescente de merda em crise na puberdade mesmo.
Um pouco tarde para isso, né?
Suspirei pesarosamente, a mente vazia aos poucos sendo preenchida por sons e cores. Meu cenho foi se franzindo à medida que as cores tomavam formas e, os sons, melodiosos demais.
Não, não, não.
Fechei os olhos com força para afastar esses fantasmas, mas aparentemente recorrer a esse tipo de coisa só piora tudo mil vezes mais.
A-ah... por favor...
Sentei na cama com tudo, os olhos completamente esbugalhados.
Quando foi que minha respiração ficou tão desgraçadamente rápida?
Levantei e peguei minha toalha de novo, ainda meio molhada pelo banho recente.
Que se foda, vou tomar outro.
Eu só preciso esfriar a cabeça.
~*~
É, não adiantou muita coisa.
Eu quase quebrei o azulejo do banheiro pelo menos umas quatro vezes.
Desci em direção à cozinha.
Já que eu disse ao Deku que eu tava bêbado, acho que vou honrar a minha palavra.
Parei assim que vi a lata dele aberta sobre a bancada. Totalmente cheia.
Por algum motivo que nem eu sei explicar, eu a peguei e simplesmente entornei todo o álcool amargo de dentro dela na pia, arremessando a lata agressivamente no lixo em seguida.
Abri a geladeira em busca de cervejas lacradas e, naquele momento, parado em frente à geladeira mesmo, eu bebi, sem qualquer pausa, no mínimo três latas.
Soltei um arrotão alto, só fechando a porta depois de pegar mais algumas, sem esquecer do Whisky caro da minha velha também. Não resisti, aquela garrafa tava definitivamente me chamando, apesar de saber que a velha vai me descer o cacete depois por isso.
Soltei uma risada com o pensamento de quando esse dia chegaria.
Ela nunca tá em casa mesmo.
Eu senti que eu surtaria – mais um pouco – se eu continuasse dentro daquela casa. Na verdade, ela parecia menor cada dia que passava e, naquele momento, era minúscula, um cubículo. Eu me sentia como se meus braços, pernas e o resto do corpo todo estivessem sendo prensados contra as paredes metálicas de tubos de ventilação.
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A tal Heather
FanfictionVejo por aí muita gente que se apaixona perdidamente por pessoas que nunca nem viram na vida, muito menos trocaram entre si um simples bom dia. Eu, ao menos, tenho a sorte de gostar de alguém que não só vejo e converso diariamente, como também conhe...