Um sonho.
Aquilo era um sonho.
E foi por isso que eu pisquei algumas vezes, pensando que Kacchan simplesmente sumiria no curto tempo em que eu fosse abrir e fechar os meus olhos.
Mas não.
Não era um sonho.
Escutei o baque seco da sua mochila indo de encontro ao chão.
— K-Kacchan, o qu—
E seu corpo foi de encontro ao meu. Seu abraço era como o abraço de alguém que esteve esperando por isso ao longo de toda uma vida. Só a ponta dos meus pés tocavam o chão e eu mal podia mover meus braços, estes espremidos dentro do seu aperto, mas também eu estava tão chocado que acho que não moveria músculo algum nem se eu pudesse.
Meu coração retumbava contra meu peito em uma força tão notável que eu sabia que ele conseguia senti-lo tocando o seu próprio.
— Kacchan... — Meus lábios, trêmulos, mal se descolaram um do outro ao pronunciar aquele nome. Meus olhos, arregalados, encaravam fixamente a parede branca atrás dele e os dedos de minhas mãos formigavam, como se desejassem a todo custo tocá-lo, mas meu cérebro era incapaz de executar qualquer ação que meu coração clamasse naquele momento.
Katsuki partiu o contato quente para me encarar, suas mãos imediatamente deslizando para os meus braços e se mantendo firmes ali, amassando levemente o tecido da minha camisa entre os seus dedos, como se eu fosse sair correndo caso ele me soltasse.
— Me desculpa. — Foi o que ele disse, simplesmente.
Desculpar? Pelo o quê?
Eu não entendia tudo aquilo, minha mente e coração ainda estavam processando o fato dele estar aqui e... por que ele estava aqui, afinal?
— Me desculpa por ter dito todas aquelas coisas. — Ele não esperou por uma resposta para continuar a se lamentar, o olhar pesado sobre mim. Parecia que ele esteve guardando aquelas palavras consigo há algum tempo. — Não é verdade, ok? Você sabe que não é verdade. Eu não penso sobre você daquela forma. — Do que ele estava falando? — Eu fiz com você o que todos faziam naquela porra de escola imunda... porra... — Suas mãos subiram para o meu rosto e seguraram cada lado com cuidado, e eu pude sentir o suor se formando naquela área, tamanho era o calor de suas mãos. Seus olhos vermelhos me engoliam. — Me perdoa, por favor.
Tá.
Vamos por partes.
Isso tudo é demais para eu digerir em tão pouco tempo.
Pisquei os olhos algumas vezes, tentando assimilar toda aquela avalanche de informação que me soterrava.
— Kacchan... — Meus olhos verdes encaravam os vermelhos perturbados à minha frente. — Eu não tô entendendo nada. O que você tá fazendo aqui?
Ele engoliu em seco após lamber o lábio brevemente.
— Eu... — Ele recolheu as mãos. — Eu queria te ver.
— Mas... — Eu olhei em volta, minha atenção caindo rapidamente sobre a sua mochila jogada no chão antes de se voltar para ele. — Como entrou aqui? Você não deveria estar no seu treino? — Ele mordeu o lábio inferior, de repente parecendo ansioso. — Você podia só ter me ligado, você sabe...
Minha fala pareceu ter causado certo baque nele, que deu um passo para trás.
— Eu... bem, você não precisa se preocupar, Deku. — O quê? — Não existe mais treino algum. — Franzi o cenho. O que está acontecendo, afinal? — Eu não estudo mais naquela escola.
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A tal Heather
FanficVejo por aí muita gente que se apaixona perdidamente por pessoas que nunca nem viram na vida, muito menos trocaram entre si um simples bom dia. Eu, ao menos, tenho a sorte de gostar de alguém que não só vejo e converso diariamente, como também conhe...