Capítulo I

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Mon
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O sol já estava nascendo, conseguia vê-lo pelas pequenas frestas nas janelas, os raios gradualmente iluminando meu quarto. Era a clara mensagem de que mais um dia começava, e mais uma noite havia passado sem eu dormir. Toda a semana foi assim, fechar e abrir os olhos, os pensamentos corroendo minha mente sem controle, deixando um rastro de ansiedade no peito.

Levantei-me sentindo o cansaço de uma péssima noite de sono, o corpo dolorido e os olhos pesados aumentavam a sensação de fadiga. Espreguicei-me e abri as janelas, a luz do sol inundando o ambiente. Respirei a brisa gelada, a sensação fria na pele trazendo paz. Fiquei parada, olhando para a cidade ainda adormecida. Por um momento, parecia que eu era a única acordada naquele reino, e isso não me assustou; na verdade, me deixou aliviada.

O pensamento de estar sozinha, de poder andar, correr e rir sem preocupações, me reconfortava. Ser uma princesa não era fácil, especialmente com a família que eu tinha, tornando tudo mais desgastante. Cada dia começava com a esperança de algo diferente, de um dia melhor, e terminava com a decepção de mais um dia frustrante.

Em alguns meses, completaria 21 anos. Quando criança, sonhava com um dia especial: um vestido lilás, uma valsa com meu pai e irmãos, convidados vindo de vários lugares, comidas e bebidas, músicas tocando e todos dançando e no final, um príncipe pedindo minha mão. Conforme cresci, percebi que era apenas um sonho.
Suspirei pesadamente, perdida em pensamentos sobre como seria minha vida se minha família me amasse de verdade.

Abri o armário, escolhi um vestido marrom simples, tão sem graça quanto galhos secos de outono. Após vestir-me e arrumar o cabelo, sentei-me na escrivaninha com meu diário. Costumava escrever todas as noites e manhãs, expressando meus sentimentos e sonhos. O baú próximo à cama guardava anos de histórias não lidas, reflexo dos dias difíceis.

Deixo que meus sentimentos guiem a caneta em minha mão, deslizando suavemente pelo papel. Não preciso pensar muito para escrever; meu cérebro guarda tudo que sinto, sintonizando meus dedos para expressar o que vai na minha alma.

" Toda noite eu peço a alguém, não sei quem exatamente, mas peço para que eu possa ser livre, peço para que eu consiga me libertar da minha mente, a cada dia que passa eu sinto que estou me perdendo, o pior é que eu não sei qual caminho seguir, não sei o que posso fazer para mudar, talvez eu deva apenas aceitar o que tenho e viver assim até o final. "

Fecho o diário e o deixo sobre a escrivaninha. Não temo que alguém possa lê-lo; ninguém da minha família visita meu quarto, e nenhuma das criadas se importa o suficiente para ler. Dou mais uma olhada no espelho para checar meu cabelo e meu vestido, ciente de que a Rainha não gosta de me ver mal arrumada. Mesmo que eu não a suporte, ainda preciso seguir as regras impostas.

Com postura ereta e mãos entrelaçadas em frente ao corpo, saio caminhando. O caminho é sempre silencioso, apesar do castelo estar agitado. Alguns preparam o café, outros arrumam os aposentos, ou limpam o que já está limpo apenas para se manterem ocupados.

— Bom dia, princesa Mon. - Levo um pequeno susto ao ser abordada pela mulher de cabelos brancos. — Eu estava indo até o seus aposentos para lhe chamar. - Diz Ryat ao se aproximar, fazendo uma leve reverência.

— Bom dia, Ryat. - Cumprimento ela com um leve sorriso. — Me chamar para o que? - Pergunto tentando me lembrar, mas sei que eu não teria nenhum compromisso aquela manhã.

— A senhorita está atrasada para o café. - Ela sussurra mais perto de mim e olha para os lados para ter certeza que não tem pessoas por perto.

O sorriso morre em meu rosto, estou completamente parada, tentando entender, já que não fazia sentido algum, pisco meus olhos algumas vezes e encaro nos olhos a pequena mulher de cabelos brancos.

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