Capítulo V

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...
Sam

Estava sentada de frente para a rainha. Ela me olhava com um olhar superior, o que era seu direito. Sua postura era impecável, enquanto eu me ajeitava algumas vezes na cadeira para tentar melhorar a minha.

— Agradeço por ter aceitado a proposta. - A rainha finalmente falou, olhando por cima dos óculos que usava.

— Ainda não aceitei. Tenho algumas exigências antes de formar um acordo. - Apesar de ser uma rainha, eu precisava me mante firme. Afinal, era meu trabalho negociar.

— Estou escutando. - Vi-a largar um papel e fixar o olhar em mim, deixando-me apreensiva. Seu olhar era carregado de algo sombrio.

— Primeiro, eu gostaria de receber uma parte adiantada. Isso me assegura que, se desistir dos meus serviços, ainda serei paga. Também gostaria de poder enviar e receber cartas, preciso me manter informada do que acontece do lado de fora. Por último, preciso estar assegurada de que, qualquer que seja o trabalho que você tenha para mim, estarei imune a quaisquer punições que possam ser aplicadas. - Ela me escutava com atenção, e quando terminei de falar, ela apenas levantou um dedo e chamou alguém que rapidamente se aproximou com vários papéis em mãos.

— Suas exigências são válidas, mas eu também tenho as minhas. Aqui estão dois contratos que preciso que você assine. Pedirei que façam um com suas exigências e assim você estará assegurada. - O guarda colocou os papéis que segurava em minha frente.

— Tire o tempo necessário para ler todas as cláusulas, porém preciso que me entregue tudo até no mais tardar antes do pôr do sol. Enquanto isso, você ficará aqui. Se assinar os contratos, poderá ir para o seu quarto, caso contrário, pode pedir para ir embora. - A rainha não me deu oportunidade de responder mais nada. Ela apenas se levantou e deu a ordem de que preparassem um contrato em meu nome, depois ela simplesmente saiu.

Ainda olhava os papéis em minha frente. Cada contrato tinha pelo menos quatro páginas. As regras e o que deveria ser feito estavam escritos ali. O primeiro documento me deixou reflexiva, e eu esperava ter a oportunidade de conversar sobre as questões ali escritas.

Li e reli os contratos duas vezes. Tudo parecia estar de acordo. O trabalho em si não era tão ruim, não envolvia nenhum tipo de morte, pelo menos não explicitamente.

— Antes de assinar, gostaria de falar com a rainha. Tenho dúvidas em alguns quesitos nos termos. - Falei, virando-me para o guarda que me acompanhava dentro da sala.

O guarda não disse nada, apenas se comunicou com outro homem que estava perto da porta. Fiquei esperando que eles me dessem uma resposta se ela viria ou não, mas ninguém me falou nada. Então, apenas me sentei em um banco perto da janela e observei o lado de fora do castelo.

Conseguia ver uma grande parte do reino por ali. Era uma sensação estranha saber que todas aquelas pessoas estavam ali, simplesmente vivendo, esperando alguma coisa da vida. Eu era uma dessas pessoas, e esperava uma resposta, o que poderia decidir o curso da minha vida.

Já haviam se passado mais de uma hora, e a rainha ainda não tinha voltado. Agora, eu estava nervosa. Sentia minha barriga reclamar pela falta de comida, e o que mais queria era poder comer e tomar um banho relaxante.

Mais meia hora se passou até a rainha entrar novamente na sala. Sem dizer nenhuma palavra, ela voltou a se sentar e analisou por alguns instantes o contrato agora feito em meu nome. Ela assinou assim que terminou de ler. Eu já havia lido a alguns minutos atrás, estavam apenas as três exigências que eu havia falado.

— E então, já se decidiu? - Ela continuava a olhar alguns papéis que estavam em cima da mesa.

— Eu tenho algumas dúvidas. - Perguntei se os guardas a informaram sobre isso.

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