Fairytale

CAPITULO XIII

*** Mon ***

Acordei novamente com Ryat à espera que eu despertasse, meu corpo todo dolorido como se tivesse dormido sobre pedras, apesar de ter dormido tranquilamente.

— Bom dia. - Chamei a atenção de Ryat, que lia um livro na poltrona.

— Ah, Mon! Que bom que acordou. Como está se sentindo? - Vi ela fechar o livro e se aproximar.

— Estou bem, apesar do cansaço extremo e das dores pelo corpo. - Levantei-me e me espreguicei, buscando alívio para a dor.

— Você ainda deve estar tensa. - Ryat sorriu levemente, passando a mão em meu braço.

— Por que eu estaria tensa? A noite passada foi incrível. - Estreitei os olhos, esperando uma resposta de Ryat, embora algo dentro de mim sussurrasse que algo estava faltando.

— Mon... tem certeza de que está bem? Segundo Samanum, a noite foi agitada. - Ryat agora estava mais próxima, enquanto eu tentava me lembrar do que havia acontecido. — Samanum disse que viu aquela sombra e tentou alcançá-la, mas a perdeu no labirinto. Você seguiu Samanum, se perdeu por um momento e se machucou, ela te trouxe de volta.

Como um estalo, minha mente começou a divagar, imagens confusas se projetavam rapidamente. Voltei a me sentar, sentindo a cabeça girar. Era como se pequenos fragmentos se mostrassem em alta velocidade. Agora que conseguia me lembrar, mesmo que tudo ainda estivesse confuso, senti meu coração se apertar. Um calafrio percorreu minha espinha. O medo voltou a me rondar: e se algo tivesse acontecido? Aquele ser já havia me ferido, e se acontecesse o mesmo com Sam? Eu não me perdoaria. Voltei a me deitar, puxando a coberta até o pescoço como se pudesse me proteger dos perigos físicos, mas não dos da mente, pois a cada lembrança, meu corpo se arrepiava.

— Não estou me sentindo muito bem, Ryat. Acho que vou ficar no quarto. Poderia verificar se Sam está bem? E dizer a ela que hoje não poderei dar aulas de dança. - Olhei para Ryat, que se agachou ao meu lado, acariciando meu cabelo e assentindo.

— Vou avisá-la e trazer café da manhã. Os guardas estão de prontidão. Se precisar de algo, basta chamar. Voltarei em breve. - Ela sorriu e deixou um beijo no topo da minha cabeça antes de sair.

Quando fiquei sozinha, fechei os olhos, tentando organizar meus pensamentos. Preferi me perder em devaneios do que encarar a realidade. Com os olhos fechados, a imagem de Ryat veio à minha mente. Ela, a doce amiga da rainha, que me tratava como filha. Seu carinho me fazia sentir amada, algo que nunca senti com a rainha. Ao pensar em amor, Sam veio à mente. Nunca havia sentido algo assim, exceto por amizade. Talvez estivesse passando tempo demais com Sam, mas o que sentia por ela era diferente.

Já li muitos romances e me imaginava experimentando aquilo, mas não fazia sentido sentir algo por Sam. Ela era uma mulher, e eu também. Não era assim que os livros mostravam. Talvez minha fragilidade e falta de afeto me fizessem enxergar Sam de outra maneira. Quando pedi um beijo a ela, era curiosidade. Mas depois, cada toque se tornou o momento mais esperado do dia.

Sam me protegeu na noite passada, mas eu não poderia fazer o mesmo por ela. Não tinha poder, voz ou força. O pensamento de afastá-la doía, mas não poderia arriscá-la. Se a sombra me queria, não lutaria, nem deixaria que outros lutassem por mim. Sr. Liew e Ryat já se arriscavam, Yuki também. Não podia deixá-los seguir.

Escutei leves batidas na porta, sabia que não era Ryat, ela não bateria para entrar sabendo que a espero, também não era Yuki, ela tinha nosso toque secreto, só uma pessoa poderia estar ali.

Me sentei e limpei a marca da lágrima que havia caído, logo em seguida pedi que entrasse. Samanum estava com um enorme sorriso no rosto, um sorriso capaz de fazer tudo ser curado, e o sorriso dela me fez dar um sorrisinho de lado, o peso que antes estava em meu coração, agora pareceu diminuir.