Capítulo IV

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...

Mon

Não sabia mais que horas eram, possivelmente um pouco tarde para o almoço, eu estava tão imersa em minha leitura que perdi a noção do tempo. Fechei o livro à minha frente, ainda atônita com tudo o que havia descoberto. Inicialmente, imaginei que o conteúdo pudesse envolver feitiços, encantamentos, poções e maldições, mas para minha surpresa, o livro diante de mim apenas narrava histórias.

Eram relatos de mulheres que enfrentaram trágicos destinos por serem consideradas bruxas, apresentando pequenas biografias dessas "personagens". Com suas impressionantes 700 páginas, eu só consegui ler duas histórias até então. A cativante narrativa instigava minha curiosidade. Fiquei em dúvida se essas pessoas eram reais ou se tudo não passava de uma criação inventada para compor o livro. Mas, se fosse uma mera ficção, por que o mantinham trancado, como se fosse algo perigoso?

Me levanto da cadeira tentando focar em outra coisa, estico meu corpo, sentindo os desconfortos de permanecer em uma posição pouco confortável. Ao me aproximar da janela do meu quarto, percebi a agitação da cidade. Talvez fosse pela primeira noite de lua cheia, embora nos últimos vinte anos não houvesse relatos ou indícios de bruxas. Curiosamente, as pessoas ainda mantêm a crença de que nessa noite elas se reúnem para revitalizar suas forças. Mesmo considerando isso como uma tolice, me impressiona como, após tanto tempo, essas superstições persistem entre eles.

Observando atentamente, avisto uma carruagem dirigindo-se aos portões do castelo. Incapaz de identificar quem está dentro, perco de vista quando se aproxima das grades do castelo. Minha leve curiosidade é interrompida por um ruído à minha porta.

Agilmente, seguro os livros que estavam em minha escrivaninha, ponderando onde escondê-los.

[Toc Toc Toc]

Sem tempo para reflexão, deslizo os livros para debaixo da cama, empurrando-os para que não sejam vistos.

— Pode entrar. - Digo, erguendo-me e ajustando meu vestido.

Yuki entra, e sinto um alívio ao colocar a mão no peito.

— Você me assustou. Por que não fez o toque de sempre? - Pergunto assim que ela fecha a porta.

— Haviam outras duas serviçais por perto. Não queria levantar suspeitas. - Explica Yuki, sentando-se na cama ao meu lado.

Vejo que ela está com a cabeça baixa e olhando para as mãos, como se estivesse com receio de alguma coisa, ela nada diz, mas sinto um clima estranho.

— Aconteceu alguma coisa? Por que está tão calada? - Toco no ombro da minha amiga que da um enorme suspiro.

— Yuki... - Meu rosto revela todo o meu questionamento mas eu aguardo para que ela mesma explique o que está acontecendo.

— Ryat me perguntou hoje por que eu estava com você na biblioteca. Parece que a Senhora Jong não disse nada para sua mãe, mas comentou com ela.

Minha respiração acelera. Confio totalmente em Ryat mas sei que se ela perceber alguma aproximação, talvez outras pessoas percebam também, como a Rainha.

— Eu disfarcei, disse que você pediu minha ajuda por acaso, mas ela não pareceu acreditar. Ela pretende falar com minha superior, alegando que minha atitude na biblioteca não foi adequada por estar diante de uma princesa. - Yuki limpa uma lágrima que escorre dos olhos.

— Sinto muito, não queria te causar problemas. - Digo, abraçando-a enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Você não tem culpa, Mon. Sempre que eu puder, vou te ajudar. Ajudar você é meu dever, você é minha princesa. - Yuki se afasta, olhando-me com um sorriso fraco e sincero.

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