Capitulo VI

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...

Mon

O jantar estava agitado naquela noite, pelo menos para os meus irmãos. Eles estavam enchendo a convidada de perguntas, e ela mal conseguia comer enquanto respondia a todas. A rainha, por outro lado, apenas observava atentamente a interação entre eles. E eu, como de costume, permaneci calada até o final do jantar.

Era muito raro receber visitas no castelo, especialmente pessoas que ficariam por "alguns dias", como a rainha havia dito. No meu silêncio, eu me perguntava qual era a verdadeira razão daquela mulher estar ali. Eu não conhecia ninguém fora do castelo, mas já li sobre muitos assuntos. Por ela ser considerada uma duquesa, sua maneira de falar me pareceu um pouco brusca, mas pode ser apenas minha impressão. Talvez, em sua terra natal, seja comum esse tipo de palavreado.

— E você, princesa, o que gosta de fazer? - Olhei para a mulher que me encarava esperando a resposta. Eu estava tão absorta  em meus pensamentos que não prestei atenção à conversa ao meu redor.

— Kornkamon não tem nada de especial, a maior parte do tempo ela se tranca no quarto. - Escutei a voz da rainha dando a resposta em meu lugar.

Vi Samanum levantar as sobrancelhas como se estivesse um pouco surpresa. Bem, meus irmãos têm muitos atributos, são renomados, então não a culpo por saber que a princesa não faz mais nada além de ficar trancada.

Nenhuma outra pergunta foi direcionada a mim. Eles conversavam animados, só pararam quando os serviçais retiraram os pratos vazios de sobremesa.

— Foi um ótimo jantar. Agora, preciso me retirar, espero que todos façam o mesmo, já está tarde. - A rainha se levantou, fazendo os outros se levantarem também. — Samanum, gostaria de falar com você por um instante. Pode me acompanhar? - A voz da mulher era calma e suave, como se Samanum fosse uma menina frágil.

Vi as duas saírem lado a lado com sorrisos no rosto. A cena me causou um pequeno desconforto, e quando dei por mim, percebi que estava sozinha. Suspirei, retirando a frustração do meu peito, e fiz meu caminho para o meu quarto.

...

Sam

Vou para o lado da rainha assim que ela me pede para acompanhá-la. Ao me aproximar, ela pede discretamente para que eu segure um sorriso no rosto até sairmos. Não questiono nada, apenas faço o que ela pede. Forçando um sorriso em meu rosto e caminhando ao lado dela, como se fôssemos amigas. Ao passarmos pela segunda pilastra do salão, o sorriso da mulher se desfaz e eu entendo que também já estou liberada de fingir. Ela não fala mais nada, mas eu continuo a seguir, o caminho é silencioso, apenas o barulho dos sapatos ecoa quando passamos pelo corredor que agora já sei para onde leva.

Entramos no escritório da rainha, e ela se senta, apontando a cadeira à sua frente para que eu faça o mesmo.

— Você está indo muito bem. Se não conhecesse seu tipo, acharia mesmo que é alguém com conhecimentos. - Vejo ela se recostar na cadeira e me encarar.

— Sempre dou o meu melhor. Posso não ter tido as melhores oportunidades de estudo, mas vivi muito para a minha idade, e posso lhe afirmar, sei muitas coisas. - Não deixo de devolver o olhar que ela me lança. Eu não tenho medo e não tenho porque aceitar as palavras afiadas que ela me diz. — Mais alguma coisa? - Nossos olhares ainda estão ligados um ao outro.

— Apenas gostaria de te relembrar, você não deve se aproximar de ninguém deste castelo, exceto por Kornkamon. Meus filhos são da realeza. Não esqueça o seu lugar.

— Eu tenho uma cópia do contrato. Sei muito bem o meu papel. Não se preocupe, sei o que está em jogo. No entanto, a princesa me pareceu muito acuada, nem cheguei a ouvir a voz dela, me pergunto se tem algo que a impede de se comunicar. - Minha pergunta era estratégica, para saber se conseguiria obter mais informações antes de dar início ao meu trabalho.

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