Capítulo XII

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*** Sam ***

Já haviam se passado quatro dias, e cada um parecia uma cópia fiel do anterior. As manhãs começavam com o ritual compartilhado do café da manhã, cada um seguia para um lado,e eu e Mon seguimos nossa rotina de ir até a estufa, regando as plantas e cuidando das flores. Embora ocupasse uma boa parte de nossas manhãs, ainda tínhamos tempo, então comecei a ensinar a Mon alguns movimentos simples de luta, o que se tornou uma divertida aventura, com ela se entregando ao desafio com um entusiasmo contagiante, ela chutava e batia ao vento como se estivesse vendo um inimigo iminente. À medida que os dias passavam, eu percebia como nos tornávamos cúmplices nesse universo isolado do castelo, onde parecia que apenas nós e a família real habitávamos.

Percebi que eu e Mon estávamos agora sendo completamente excluídas de tudo, as refeições se tornaram tudo sobre o baile, mas nós duas apenas estávamos focadas em terminar cada refeição para então voltar a nossa rotina, eu não me importava com a exclusão, e Mon parecia compartilhar desse mesmo sentimento de desapego em relação ao restante do mundo.

Após o almoço, era hora da dança, e Mon se dedicava a relembrar cada passo aprendido durante sua infância. Mesmo sem a presença de outros para dançar em pares ou grupos,ela se esforçava para tornar cada movimento o mais real possível, imbuindo nossas sessões de dança com um encanto único. Eu assumia diferentes personagens durante nossas aulas de dança, criando um mundo defantasia para Mon explorar e desfrutar. Queria que ela experimentasse ao menos uma pequena amostra da magia de um baile, sem a pressão ou ansiedade que o evento iminente poderia causar. Enquanto os dias se desenrolavam, a ausência do Sr. Liew se tornava mais palpável. Eu ansiava por qualquer sinal de sua parte, uma pista que nos levasse além dos muros do castelo. Sentia-me confinada, desejando estar do lado de fora em busca de respostas para Mon, em vez de limitar-me às muralhas do castelo, sentia que poderia fazer mais do queapenas fingir.

Além das atividades na parte da manhã, nossas tardes eram preenchidas com aulas mais íntimas. Naquela primeira noite, pensei que um simples beijo seria o suficiente para satisfazer Mon, mas estava completamente enganada. O que começou como um gesto inocente rapidamente se transformou em algo mais profundo, desafiando os limites entre ensinar e desejar.

4 dias atrás

— Eu sei que isso não é tudo Sam, já li muitos livros, sei que isso é só o início, e eu não vou pedir pra você me ensinar mais do que você realmente quer, mas também sei, que na teoria, esse beijo é básico. - Mon fala se olhando no espelho assim que nos afastamos após trocarmos um primeiro beijo.

Por um momento eu me senti desafiada, mas eu também lembrei que quem estava falando isso era Mon, e eu sabia que ela não era o tipo de pessoa que desafiaria a outra.

Bem, mais uma vez, eu estava errada. A cada troca de beijo parecia um mergulho em águas desconhecidas, onde meus sentimentos se misturavam com incertezas sobre o futuro de Mon. Enquanto eu lutava para manter uma distância segura entre nós, era impossível ignorar a conexão que crescia a cada olhar trocado.

Eu me via presa em uma teia de emoções conflitantes, lutando contra a inevitável atração quecrescia entre nós. Diante dos olhos castanhos de Mon, vi o reflexo dos meus próprios sentimentos florescendo, e me amaldiçoei por isso. Eu me via sendo arrastada para a maldição que envolvia a princesa, uma maldição da qual ela nem sequer tinha consciência.

Eu sabia do fim que a aguardava , não sabia quando seria, e me perguntava se eu estaria ali ao lado dela, ou se eu já teria sido mandada pra casa, então apenas teria que fingir surpresa, quando todos ficassem chocados com a morte prematura da princesa que sempre esteve longe do reino.

Como eu poderia, em sã consciência, começar a nutrir sentimentos por alguém destinado a um destino tão cruel? Como poderia ter esperança de salvá-la quando nem mesmo compreendia a natureza de sua aflição? Era um dilema que me consumia a cada dia que se passava, uma batalha entre a razão e o coração, entre o dever e o desejo. Mas cada vez que olhava nos olhos de Mon, sentia que precisava dar a ela o que ela pedisse, desde que isso a fizesse sentir que poderia viver eternamente.

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