Capítulo II

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...
Sam

O ar gélido cortava meus dedos desprotegidos; minha respiração mínima denunciava a concentração. Diante de mim, o homem sorria presunçoso, com uma faca em punho. Observava seus movimentos, percebendo sua falta de habilidade evidente; o apoio da perna direita vacilava, e a perna esquerda não oferecia estabilidade para um ataque eficaz. Nossos olhares se encontravam, mas, ao contrário dele, eu enxergava além da minha visão periférica.

Avancei pela direita, não dando muito tempo do homem raciocinar. Atingi a perna direita do homem, que não suportou o impacto, levando-o ao chão. Ele girou e tentou me acertar com a faca, mas habilmente desviei para a esquerda. Sua tentativa de luta era patética, ainda assim, admirava sua dedicação.

— Você sabe que não vai ganhar, está apenas tentando ganhar tempo? - Olhei para o homem, agora em pé, com a faca apontada na minha direção.

— Não vou me render, Samanun. Eu sei quem te contratou. Prefiro morrer a ser entregue. - Percebia o receio nos olhos do homem, o medo evidente.

— Parece que você não está com sorte hoje. Fui contratada para te entregar vivo; não posso perder essa recompensa. - Sem dar tempo para ele raciocinar, passo minha perna direita por debaixo das pernas do homem, fazendo-o cair novamente. Chuto a faca para longe enquanto seguro seus braços atrás das costas. Apesar de sua força, ele não tem habilidade para me fazer soltá-lo, e seus esforços apenas aumentam meu tédio.

Seguro firme os punhos do homem que aos poucos para com a relutância, espero mais um pouco e por fim eu solto as mãos do homem, já que preciso dele em pé, vejo que ele tenta rolar à direita para alcançar a faca jogada. No entanto, sou mais rápida, agarrando-a antes que ele possa reagir. Quando ele faz um movimento para se levantar, um chute certeiro em uma de suas pernas o faz cair novamente.

Me abaixo, ficando à altura do homem caído, segurando firmemente a faca. Coloco-a rente ao pescoço dele; seus olhos se arregalam e ali vejo que ele não lutaria mais.

— Você se rendeu muito rápido para alguém que preferia a morte. - Comento enquanto faço o homem ficar em pé.

— Ainda prefiro a morte, mas já ouvi falar sobre você. Não quero ser torturado por não facilitar o seu trabalho. - O homem fala com desdém, o que me faz sorrir.

— Fico feliz que tenha tomado a decisão certa. -  Dou um sorriso de lado, retiro uma corda de minha bolsa e prendo dando nós nas mãos do homem que apenas aceita a realidade. Coloco a faca que ele havia perdido em minha bolsa. Olho mais uma vez para os lados, percebo uma leve movimentação perto das árvores mas não posso me preocupar com isso agora. Empurro-o para começar a andar; a caminhada seria longa, embora ainda houvesse algumas horas antes do prazo acabar.

O percurso até lá foi demorado, o homem mancava devido ao chute que dei, o que acabou prolongando mais do que eu esperava.

— Você deve ser bem remunerada por esses serviços, essa jaqueta de couro poderia sustentar uma família. - O sujeito não conseguia ficar em silêncio, já era a quarta vez que ele tentava puxar assunto.

— Ganho o suficiente para não precisar tirar dos outros. - Digo, olhando para trás, vendo-o sorrir de maneira convencida.

— Ainda vai encontrar alguém que quebre toda essa pose de mulher forte. - A voz dele já estava me irritando profundamente.

— Escute aqui, seu energúmeno. - Puxo a corda, fazendo-o desequilibrar-se. — Ninguém mudará quem sou, e suas palavras só reforçam isso. Agora, cale a boca, se disser mais alguma coisa, garanto que não falará nunca mais. - Sorrio convencida ao ver que o homem estava estarrecido.

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