Capítulo VII

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Mon

Era hora do jantar, mais uma vez passei o dia no quarto lendo sobre os livros que havia secretamente pego emprestado. Quanto mais eu lia mais eu ficava interessada, me contaram uma história totalmente diferente do que estavam escritos ali naquele livro.

Havia um pequeno manuscrito, aonde mulheres contam pequenas histórias de suas vidas, e mesmo se fossem apenas histórias fantasiosas, me deixava aflita o tanto que aquelas mulheres sofreram. Muitas fugiram e a maioria delas foram dizimadas. Eu sempre aprendi que bruxas foram pragas no nosso reino, que eram seres horríveis, e eu sempre acreditei finalmente nisso, aliás não tinha ninguém que dizia o contrário. Agora, lendo tudo o que li, percebo que a história foi contada de um lado só, não tem sentido todo ódio que todas aquelas pessoas sofreram.

Guardo os livros mais uma vez, e me preparo para o jantar, minha cabeça ainda estar fervilhando com informações, não é fácil você perceber que algo que você sempre cresceu acreditando ser errado, não passa de uma mera realidade invertida e inventado por outras pessoas.

Dessa vez eu chego mais cedo a sala de jantar, vejo um por um de cada membro da minha família entrar, e a nova convidada também, ela parece mais silenciosa agora, vejo meu irmão mais velho tenta interagir com ela mas ela não o responde com mais do que algumas poucas palavras.

— Amanhã o Rei estará voltando. Não se esqueçam que temos uma reunião com ele e com o Duque de Sewel. - Vejo a mulher direcionar o olhar para os meus irmãos que apenas acenam com a cabeça em sinal de afirmação. — Como estaremos muito ocupados amanhã, tenho uma tarefa para você, Kornkamon.

O garfo em minha mão cai no prato com mais força do que eu gostaria, mas não pude deixar de evitar a surpresa inicial, e eu não fui a única já que meus irmãos olhavam intrigados para a Rainha.

Olho para a mulher esperando ela dizer qual seria tal tarefa, já que em todos esses anos, eu nunca fui designada a nada.

— Samanum não está acostumada a ficar sem afazeres, ela comentou que se sente entediada, como você tem o dia livre, preciso que planeje alguma atividade. Podem ir ao jardim, a biblioteca, a sala de música, apenas faça companhia a nossa convidada e obviamente, não saia do castelo. - Pela primeira vez eu senti que não era uma ordem e sim um pedido.

— Claro, ficarei feliz em ajudar. - Me odiei por meu tom de voz ter saído tão trêmulo, mas eu ainda não podia acreditar que a rainha realmente estava me designando a algo.
...

Sam

Ser sútil não era um ponto forte na rainha. Pelo o que pude perceber, a princesa era alguém reservada, que não tinha amigos, e que não saia do quarto, e agora ela simplesmente falou a princesa para ficar ao meu lado, como se eu fosse a que precisasse de companhia.

Dei um largo sorriso quando a princesa aceitou sem questionamentos, aliás, era uma ótima maneira de me aproximar da garota, mesmo que de uma forma abrupta.

A rainha não disse mais nada sobre esse assunto, ela voltou a falar sobre os deveres dos outros filhos teriam no próximo dia.

Algumas vezes durante o jantar eu observei a princesa olhando pra mim, como se tentasse saber alguma coisa sobre mim apenas me olhando, eu estava nervosa sem saber se conseguiria manter o personagem por tanto tempo.

No final do jantar, todos começaram a ir para seus aposentos, eu me direcionei ao meu também, apesar de não estar com sono, não queria ficar vagando pelo enorme castelo.

— Com licença, Samanum. - Escuto a voz baixa e me viro para confirmar quem é, a princesa estava me com aos mãos juntas na frente do corpo e com um leve sorriso no rosto.

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