Capítulo VIII

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Em tempos nos quais a delicadeza dos sentimentos humanos entrava em consonância com a obscura cadência das paixões mais recônditas, havia no semblante de Jiraiya-sensei, ao franquear a entrada de sua morada, um sorriso que era um híbrido entre a malícia e a promessa de um segredo ainda não desvelado. Hinata, portadora da sacola que continha elementos cuja finalidade lhe era ainda um mistério, foi envolvido pelo olor embriagante dos cabelos da mulher, reminiscência de um perfume que evocava as mais lúbricas anedotas daqueles que se entregavam aos prazeres carnais.

Era uma pontada de excitação, uma fagulha de desejo que percorria o ser de Jiraiya-sensei ao considerar a beleza candente e a inocência de sua discípula. Ela, com uma inocência talvez não tão imaculada quanto seu mestre supunha, sentiu uma chicotada de desconfiança; a expressão de Jiraiya, aquela piscada de olhos sibilina, não passou despercebida por entre as lentes de sua percepção.

— Qual o destino deste aparato? — indagou ela, sua voz tintilando a hesitação de quem descortina o véu das intenções alheias.

— Ah, minha cara Hinata, logo desvendarás — respondeu seu mentor, com uma voz que era mais um afago, um sussurro de sândalo ao pé do ouvido que prometia trevas tão deliciosas quanto desconhecidas. Um gesto perspicaz, seu polegar traçando a cintura dela num contato de volúpia, arrancou de Hinata um tremor, uma reação primitiva àquele toque incendiário. Enquanto emaranhava os dedos entre os fios de cabelo dela, um beijo úmido na nuca foi deposto, eriçando a superfície de sua pele com arrepios de antecipação.

— Já ouviste, porventura, a expressão 'massagem tântrica', Hinatinha? — inquiriu Jiraiya-sensei, empregando um tom que era um manjar dos deuses ao ouvido.

A ingenuidade da palavra, contudo, revelou a Hinata sua vertente mais curiosa e ávida pela alquimia daquelas letras.

— Hmmm... não — murmura, entregando-se ao magnetismo daqueles olhos que lhe sorviam a alma como um abismo misterioso, cujo convite para a imensidão era tentador demais para ser recusado. Olhos de um escultor de pecados, oblíquos, dissimulados, roubando-lhe a sanidade com a promessa de submersão.

— Mostrar-te-ei, porém, é mister que te desnudes — disse ele, seus olhos crepitando chamas de paixão indomável, enquanto suas mãos, sem impedimento, despojavam-na da leve alça que lhe vestia. — Enquanto te liberas desse véu mundano, farei os preparos necessários — acrescentou ele, com uma voz que acariciava e ao mesmo tempo ordenava, ao depositar um sopro de beijo na orelha de Hinata.

O recinto, santuário dos encontros da carne, mostrava-se em serena ordem, reflexo das intenções de seu morador. Tudo ali respirava simplicidade, e qualquer deslize de um dedo sobre os móveis não revelaria um grão sequer de impureza. A temperatura mantinha-se em convite à nudez, enquanto melodias leves como a brisa da manhã acariciavam os ouvidos. As velas e os incensos dispersos pelo local desenhavam com sua luz vacilante sonhos ardilosos nas paredes.

Hinata, tomada por uma ousadia que o momento exigia, desprendeu-se de suas vestimentas sem hesitação, revelando-se em toda sua magnificência nua, despida de artifícios mundanos, entregue às sensações mais primárias.

— Vossa senhoria está pronta? — indagou ele, regressando com o óleo em suas mãos, o mesmo que ela havia adquirido naquela ocasião. Seus olhares se encontraram, e Jiraiya experimentou um arrepio percorrer-lhe a espinha. A despeito de Hinata aparentar inocência e fragilidade, ele sabia que ela era uma mulher de força e determinação, o que o atraía ainda mais.

— Sim — replicou ela, e o som de sua voz fez o coração de Jiraiya palpitar aceleradamente. Ansiava contemplar aqueles olhos por séculos, e agora, tão próximos, adquiriam novas nuances, sabores, malícias e sensações indecorosas, nas quais até ele se envergonhava. Os olhos de um pareciam a foz da boca do outro, ávidos por um contato profano.

A arte da s3duç40 (JIRAHINA)Onde histórias criam vida. Descubra agora