Capítulo III

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Num diáfano dia de sol, encontramos as damas Ino e Hinata em amistosa cumplicidade, enquanto saboreiam com satisfação infantil o sorvete que, qual néctar celeste, se derrete entre seus dedos. Risonhas e animadas, tecem diálogos tão melodiosos quanto o canto das aves primaveris.

— E então, amiga? Como têm sido as aulas com o venerável Jiraiya-sensei? Terá ele apresentado a você a lendária ''Jiraconda''? — A pergunta de Ino, impregnada de malícia brincalhona, foge de seus lábios adornados por um sorriso que rivaliza com a luminosidade solar. Com prazer, ela degusta o sorvete de tonalidade céu-azul que repousa em suas mãos como um tesouro efêmero.

— Como? Não. Nossa relação é de um cunho estritamente profissional, de mestre para discípula — Hinata responde, dirigindo um olhar atento à loira, que se entrega ao deleite culposo do sorvete. Mas, eis que os caprichos da mente humana podem urdir artimanhas inesperadas. Num instante, um pensamento vetado insinua-se no santuário de seus pensamentos. Seriam as dimensões do membro de Jiraiya amplas ou limitadas? Delgado ou largo? Curvado ou ereto? Esses questionamentos, como um fascínio insinuante, agitam-se em sua mente, gerando um turbilhão de pensamentos lascivos que se sobrepõe à sua habitual compostura. Noções de proporção, forma e textura misturam-se num mosaico proibido. Qual seria a envergadura daquela imagem enigmática? Sinuosa como as águas de um rio meandrante ou imóvel como uma torre de pedra?

As palavras dos tratados que estudara pareciam meras elucubrações distantes diante da realidade que agora se insinuava em sua mente. O conhecimento teórico cede espaço ao desejo íntimo de vivenciar.

Com umedecimento dos lábios, como quem saboreia um fruto proibido, Hinata anseia pelo gosto que somente a imaginação pode proporcionar. E assim, enquanto o sorvete de Ino se desfaz em meandros líquidos, Hinata sente seus pensamentos escorregarem por veredas inesperadas. Devaneios tão ímpios quanto secretos flutuam entre o recato e a audácia.

Ciente da natureza licenciosa de seus pensamentos, Hinata trava uma batalha interna, balançando a cabeça de um lado a outro, como se procurasse escapar da tentação que a cerca. A atmosfera, quase conivente, conspira para corromper sua compostura.

Hinata lambe e mordisca os lábios, numa tentativa vã de se desvencilhar dos pensamentos lascivos que fervilham em sua mente.

Cada momento compartilhado com Jiraiya, Hinata sente, a arrasta cada vez mais para as profundezas de um abismo tentador, transformando-a, quase sem que perceba, numa criatura desejante, uma "tarada" arrastada por correntezas incontroláveis de pensamentos sensuais. A introspectiva mulher de modos contidos e reticentes sequer poderia imaginar tais devaneios a respeito de um homem que deveria ser seu guia. Era uma virada de maré que a deixava estupefata.

Enquanto Hinata se debate com tormentos internos, a cena ao seu lado desenrola-se com uma intensidade quase cruel. Ino, imersa no prazer do sorvete que escapa entre seus dedos, deixa à mostra uma faceta quase hedonista, lambendo os vestígios doces com avidez quase selvagem. E novamente é inevitável: Hinata se vê questionando como seria a sensação de degustar um...

— Amiga? Que expressão é essa? — Questiona a loira, interrompendo as elucubrações da amiga de tez perolada.

Hinata, trazida subitamente de volta à realidade, sente o rubor do constrangimento tingir suas bochechas, uma manifestação viva de sua consternação. Ela desvia os olhos, como se buscasse refúgio nas sombras que se formam a seus pés, enquanto a resposta escapa de seus lábios com um tom trêmulo.

— N-nada. — Sua voz é um sussurro suave. Em um esforço para desviar a conversa para águas mais seguras, acrescenta apressadamente: — Agradeço por me auxiliar nas compras.

A arte da s3duç40 (JIRAHINA)Onde histórias criam vida. Descubra agora