Mentira tem Perna Curta.

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Três dias depois, Geto Suguru retornou ao dormitório da universidade, determinado a manter em segredo sua condição de Hanahaki Byou. Tipo, óbvio que esconderia, ou o que? Chegaria no albino contando estar doente de uma doença lendária porque estava apaixonado por ele. Nem em sonho.

Ao abrir a porta, deparou-se com Satoru Gojo, seu colega de quarto e melhor amigo, absorto em alguma coisa inútil como sempre fazia, aparentemente alheio aos acontecimentos recentes. Nem pareceu notar sua ausência nesses três dias.

Mas ele sabia que isso se dava porque Shoko tinha cuidado das coisas. Ele se lembrou do que conversou com com a amiga durante sua estadia no hospital.

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E então, o que vai fazer? — Shoko perguntou.

— Não é óbvio? Manterei em segredo como sempre fiz. — Geto apertou os lábios em uma linha depois de falar.

— Mesmo com isso chegando a esse nível? Você está doente Suguru! — Ela protestou.

— Quer que eu faça o que então? Vá até ele e diga: "Hey Satoru, chega aqui. Sabia que eu fiquei doente porque amo você a quase oito anos e agora contraí uma doença chamada Hanahaki byou?!" — O rapaz encenou. — Impossível Shoko!

— Talvez deva, quantas vezes eu falei que era melhor contar para ele do que ter isso entalado dentro de você!

Geto parou por uns instantes antes de abaixar os olhos para as mãos em cima de seu colo.

— Se arrepende de tudo que passamos nós três juntos? Se pudesse voltar, mudaria o passado. — Ele abaixou a voz ao perguntar e engoliu em seco.

A sua resposta a própria pergunta sempre foi não quando perguntas assim chegavam em sua mente e continuava sendo a mesma, mesmo que soubesse que amaria Gojo unilateralmente por anos e no futuro estivesse prestes a sofrer e morrer por uma doença terminal maluca. Ele passaria tudo de novo.

Mas ele sabia que a resposta de Shoko seria diferente antes mesmo de escutá-la.

— Sim. — A mulher foi firme e resoluta em sua resposta e Suguru suspirou. — Eu mudaria tudo se soubesse que você sofreria assim no futuro, separaria o caminho de Satoru do seu antes mesmo de se conhecerem para evitar essa tragédia. — E Satoru também se impediria de conhecer você se soubesse disso também, faria a mesma decisão que a minha e você sabe disso.

Ela estava certa, o albino certamente faria isso se significasse que seus melhores amigos vivessem feliz. O moreno se calou por um tempo e o silêncio pairou no quarto do hospital novamente. Graças a isso a mulher achou que tinha conseguido convencer aquele cara pelo menos um pouco, mas antes que pudesse dar sequer um suspiro de alívio escutou a voz do amigo novamente:

— Eu prefiro continuar assim, não temos como voltar ao passado e nada mudara para melhor se ele souber. — Ele suspirou novamente antes de se virar para Shoko. — Por favor, eu preciso que você me ajude, Satoru chegará a noite no dormitório e encontrará sangue espalhado pela minha escrivaninha. Meu diário também deve ter ficado em cima da mesa, de nada vai adiantar se ele ler o caderno.

Ela encarou o melhor amigo em silêncio serrando os olhos cada vez mais na direção de Geto antes de bagunçar os cabelos frustrada.

— Okay, você venceu! Afe.

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Shoko voltou ao dormitório aquele dia e limpou o sangue misturado com pedaços de pétalas na mesa da escrivaninha e no chão, mas ficou muito tentada a deixar o caderno de desabafo do amigo onde estava para que o albino encontrasse. Gojo teria tempo o suficiente para ler já que Geto, o colega de quarto, demoraria a voltar do hospital por ficar em observação e ter de fazer alguns exames e testes.

Hanahaki - Relatos de um doente apaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora