Hospital.

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Geto acordou e antes de abrir os olhos o cheiro de desinfetante encheu suas narinas, ele respirou fundo abrindo os olhos como se tivesse acabado de sair de um pesadelo. Sua garganta doía como o inferno e seu corpo estava pesado e dolorido ao ponto de ele quase não conseguir se mexer, tentou levantar uma das mãos, a que não estava conectada ao soro, mas sentiu algo pesado sobre ela. Se surpreendeu um pouco com o que viu.

Gojo estava agarrado ao seu antebraço e uma de suas mãos entrelaçadas na sua, com a cabeça enterrada no pequeno espaço da cama, ele dormia de forma torta já que o resto de seu corpo estava sentado na cadeira disposta ao lado da maca.

Geto suspirou erguendo as sobrancelhas e estagnou seus movimentos, imediatamente com medo de acordar o albino.

- Ele não saiu do seu lado para nada. - A voz de Shoko veio do outro lado da sala de forma repentina. - Está aí desde que teve permissão para vê-lo então, em algum momento acabou dormindo. Eu vou chamar o médico.

Quando Gojo despertou a primeira coisa que percebeu foi pessoas conversando e ele também identificou a voz de Shoko e então, escutou a voz de Geto e levantou a cabeça subitamente se lembrando de onde estava.

Sua ação assustou os outros tres presente no quarto que ficaram em silêncio o encarando.

- Bom dia, princesa. - Foi Geto quem quebrou o silêncio com sua costumeira voz brincalhona, como sempre agia com o melhor amigo.

O que não esperava era que, assim que fosse encarado pelo outro, as bordas dos olhos azuis do albino ficaram vermelhas e seus olhos instantâneamente se encheram de lágrimas enquanto olhava de forma um tanto recentida para o moreno. Shoko e Geto olharam para essa cena estupefatos, pensando que talvez estivessem em uma realidade paralela.

- S-Satoru...? - Geto chamou de forma receosa.

Em troca recebeu uma encarada ainda mais intensa enquanto as lágrimas ameaçavam cair a qualquer momento.

- Eu... Acho que vocês dois precisam conversar. - Geto se virou imediatamente, com uma expressão amuada, para a mulher que se aproximou para falar baixinho em seu ouvido. - A sós.

Ela cortou a expressão de cachorro sem dono do melhor amigo sem piedade nenhuma, era evidente que os dois precisavam conversar e esclarecerem os males entendidos. O dono da doença rara precisava contar tudo para o albino, sem exceções e decoros, enquanto Gojo também precisava enxergar a sua volta e tudo o que estava acontecendo.

Sem deixar que o homem sentado na cama do hospital protestasse, Shoko se virou para o médico.

- Pode me acompanhar até lá fora por um momento? Voltaremos depois para continuar a conversa que estávamos tendo antes. - O médico assentiu sem hesitar indo em direção a saída do quarto hospitalar junto com ela.

Era difícil não saber ou entender o que estava acontecendo no momento tendo aquela breve cena se desenrolando em sua frente. Sempre se perguntou como poderia Shoko e Geto serem tão calmos e serenos diante de tal situação, como se tivessem descoberto que nao poderiam sair porque ia chover hoje e não que um deles tinha uma doença rara até então incurável. Quando conheceu Gojo a dois dias atrás entendeu, a parte emocional e sentimental era responsável por ele naquele trio incomum.

Depois que a porta do quarto se fechou, sobrando só a dupla caótica dentro do quarto, o silêncio se fez presente novamente. Geto sentia os olhos do albino queimando em cima de si, mas não conseguia se virar para encará-lo de volta. Ele olhou para a porta fechada por um tempo e depois abaixou os olhos encarando suas mãos, agora agarradas uma a outra, em cima de seu colo.

- Que ridículo. - Gojo fungou falando pela primeira vez, o moreno inevitavelmente virou o rosto para o encarar confuso. - Quer dizer, você quem está doente e com dor, mas sou eu quem está chorando.

Hanahaki - Relatos de um doente apaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora