Riven cresceu sem conhecer sua família. Criado por Ben Harvey, após ser abandonado pelos pais, ele é um menino revoltado com tudo e todos.
Todos exceto ela.
Musa, a única que o entende, a única que é capaz de ler sua mente e saber exatamente o que...
A chuva castiga o lado de fora do carro enquanto Andreas dirige. A criança no banco do passageiro chora a plenos pulmões.
Ele nunca soube lidar muito bem com crianças. Na verdade, nunca as suportou. Nunca aguentou nem o choro do próprio filho que, assim como aquele bebê, berrava aos quatro ventos. Especialmente quando ele estava por perto...
Mas ele precisava se livrar daquilo.
Essa era a única maneira de Silva aceitar entrar no grupo de especialistas do qual ele fazia parte. Ele estava quase aceitando, faltava pouco. Com Silva no grupo, eles seriam invencíveis. É claro que Andreas não contou tudo que eles faziam, ou pra quem trabalhavam, senão Silva nunca aceitaria mesmo.
Mas então Farah engravidou. E todos os seus planos foram por água abaixo. Ele precisava agir, antes que Silva virasse um homem de família certinho e chato que não combinava nada com seu amigo. Ele sabia que não. O grande Saul Silva, melhor Especialista do seu tempo se perder assim? Como um pai de família numa cidadezinha do interior?
O proprio Andreas não se contentou já que nunca quis ficar nem com o próprio filho, delegando os cuidados aos avós, ou até o próprio Silva, padrinho de Sky, o bebê.
Então, no dia que a criança nasceu, Andreas deu um jeito de sumir com o menino que era filho do seu melhor amigo. Que também seria seu afilhado. E agora ele estava ali, dirigindo até o local mais longe que podia de Eraklyon.
— Cala a boca, garoto!– Grita como se fosse adiantar alguma coisa e para o carro, arrancando a criança de dentro do veículo na chuva e colocando-a na porta de uma das casas ali, sem nem se preocupar em bater à porta, só em se livrar daquele moleque que berrava muito alto. Naquela chuva toda, não havia ninguém na rua. Aquele bebê não resistiria até de manhã ali.
E sem remorso algum, é lá que Andreas o deixa, ainda chorando alto, entra no carro e vai embora. No dia seguinte, seu amigo e a mulher iriam estar chorando a morte daquele bebê.
Que, de certa forma, acabou acontecendo, não é?
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