O aroma delicioso dos pães que acaba de sair do forno invadem minhas narinas, dobro o jornal que estava lendo e coloco minha cabeça para fora da janela.
— Antônio! Por favor, pare o carro! — E assim ele faz, estaciona próximo a padaria, desço rapidamente e adentro a padaria.
— Senhor Manoel? — Me apoio no balcão de vidro que continha alguns doces em exposição.
— Senhor pendlenton? — Ele aparece dos fundos da cozinha limpando suas mãos com um pano de prato, seu avental azul estava sujo de farinha e a ponta de seu nariz com um sorriso simpático no rosto.
— Estava indo trabalhar, mas resolvi passar aqui... O de sempre, por favor.
— Croissant de chocolate com um café sem açúcar?
— Exato.
— Sairá rapidinho, pode se sentar. — Ele aponta para um banco aveludado que parecia confortável, e retorna para a cozinha.
Me acomodo nele e volto a ler o jornal do dia, nada de muito importante, mas gosto de me manter informado. Em poucos minutos, Durval, o filho mais velho de Manoel vem até mim com uma bandeja de alumínio com o meu pedido.
— Obrigado. — Pego a xícara de café pequena e o bebo em um só gole.
— Posso fazer uma pergunta para.. o senhor? — O jovem de cabelos loiros me encara sem jeito.
— O quê seria? — pego o Croissant e dou-lhe uma mordida.
— Por quê sempre pede café aqui sendo que.. seu pai é dono de uma cafeeira?
— Gosto do café daqui. — coloco a xícara já vazia em cima da pequena mesa a minha frente e coloco meu chapéu em minha cabeça. — Algo mais?
— Não... Na verdade tenho sim. — Olho para meu relógio de ponteiro impaciente.
— Têm mesmo? — Lanço um olhar repreensivo para ele que engole a seco. Tenho um compromisso importante, será que ele é tão lerdo ao ponto de não perceber isso?
— Não.. bobeira minha. — Ele coloca a bandeja debaixo do ombro. — Com licença, senhor.
Coloco a gorjeta em cima do balcão então saio da padaria, aceno para Antônio que estava me esperando encostado no carro do lado de fora, caminho até ele e entro no banco de trás.
— Indústria cafeeira senhor?
— Por favor. — enquanto ele dirigia eu procurava me distrair, me acomodo no banco de couro e resolvo ler um livro qualquer que achei debaixo do banco. De repente o carro freia bruscamente, fazendo com que eu me arrependa de não ter colocado o cinto de segurança e dar de cara com as costas do banco de passageiro
— O quê foi isso Antônio? — Falo impaciente enquanto arrumo meus cabelos.
— Quase atropelei um cachorro.. o seja lá o que for isso. — Ele estreita os olhos.
— Um cachorro? Está brincando! — Abro a porta do carro e vou para frente do carro, aonde encontro uma garota sentada no chão com os olhos marejados.
— Você está bem? — Pergunto mais ela não me responde. — Perguntei se está bem garotinha! — Minha testa se franze quando noto seus joelhos ralados. — Vamos, deixe-me te ajudar.
— Não pode andar assim achando que é o dono da rua! — Diz irritada ainda sem me encarar. — Só por quê tem um carro acha que é melhor que os outros? Ora seu.. — Ela levanta seu olhar para mim e arregala os olhos, parece que tinha visto uma assombração.
— En? — Me agacho para ficar até sua altura e pego seu livro que havia perdido a capa e sua lombada havia amassado. — Perdão.. se quiser eu compro outro.
— Não... Não precisa! — Ela soluça e toma o livro de minhas mãos. — Com licença. — Ela se levanta, arruma o vestido empoeirado e corre em direção a padaria.
— Ei garota do livro! — Tento chamar sua atenção pois ela havia deixado seu marcador de página no chão, mas ela estava longe demais.
— Está tudo bem garoto? — Antônio vai até mim, me levanto e entro no carro novamente.
— Está. — Reviro os olhos impaciente.
— Quem era a criança?
— Não sei, mas é uma garota sem escrúpulos. — serro os dentes. — Ela me desafiou! Acredita?
— Creio que ela é jovem demais para saber quem você é. — Ele me encara pelo retrovisor e sorri com os olhos. — Experimente ser mais amigável.
— Amigável? Eu? — Arregalo os olhos incrédulo.
— Pelo menos com a pobre garota! Deve ter a assustado.
— Não dirigi a palavra á ela em nenhum momento. — Dou de ombros. — Se ela se assustou não é problema meu.
— Tudo bem senhor. — Ele sorri enquanto nega com a cabeça. — Estamos chegando, está preparado para a reunião?
— Os humanos são os seres mais difíceis de lidar. — Suspiro. — Mas sim, estou preparado.
— Fico feliz pelo senhor. — Confirmo com a cabeça, aproveito para usar o marcador de páginas brega com fitas coloridas e Glitter exagerado que sujaram meus dedos daquela garota para marcar meu livro, pretendo continuar lendo ele no meu tempo de lazer.
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Algumas horas depois chego em casa exausto, não consigo agrada-los totalmente, e a ganância dos investidores me enoja, são meras cédulas de papel, o quê há de errado com eles?Me jogo no sofá depois de afrouxar minha gravata e dobrar as mangas de minha camisa, fecho meus olhos tentando descansar nem que seja por meros 30 minutos, mas o barulho dos gritos de meus pais brigando estão me atormentando.
— Sara. — A chamo em um tom grave.
— Sim senhor? — Ela deixa de limpar o vasos de cristal e vem em minha direção.
— Prepare um banho quente para mim. — Pego meus sapatos que estavam no chão e me levanto do sofá. — Preciso relaxar.
— Como quiser senhor. — A empregada de cabelos curtos e estatura baixa caminha até o meu banheiro.
Em poucos minutos ela vem até mim avisar que estava tudo pronto, me livro de minhas peças de roupa e entro na banheira, a água quente faz com que cada músculo do meu corpo relaxe e como mágica a angústia que sentia desapareceu, a espuma cobre meu corpo da cintura para baixo enquanto bolinhas de água faziam cócegas em meus pés.
— Senhor! — O mordomo vem até mim e estende a toalha para mim. Fecho meus olhos enquanto suspiro pesadamente.
— O quê foi dessa vez? — Saio da banheira e pego a toalha de suas mãos, a enrolando em minha cintura. — Já falei para os acionistas me deixarem em paz!
— Não é acionista senhor, o padeiro está aqui.
— O padeiro? — Pego um roupão e cubro meu corpo. — O quê ele quer?
— Não faço ideia senhor, mas pediu para que eu o avisasse que estava aqui.
— Certo.. — saio do banheiro e visto uma roupa básica, apenas uma camisa de magas compridas e uma calça folgada.
Chegando lá o encontro sentado no sofá conversando com uma criança que não pude ver o rosto por conta do ângulo.
— Senhor Manoel? — Entro na sala e o cumprimento. — Por quê a visita?
— Não queria incomoda-lo senhor.. mas precisamos conversar. — diz em um tom sério, mais ainda Gentil.
A garota que estava de costas se vira de frente para mim, arregalo os olhos quando a encaro.. não pode ser..
— Garota do livro?! — Exclamo surpreso.. ela.. é filha do padeiro?
Continua.
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Reflexo da alma° | Luotto
FanfictionJá ouviu aquele ditado " Os olhos são a janela da alma"? Pois bem, essa história terá perspectivas diferentes, tanto do ponto de vista dos protagonista quanto de você! querido leitor. Espero que gostem da história.