Faísca de bondade

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Estava ventando, até demais, Sara previu que pudesse chover a qualquer hora, mas mesmo assim Luísa teve que ir para fora, colher as flores do Jardim da mansão com delicadeza e ir até uma loja comprar um vaso de flores de cerâmica, caso contrário, ela não almoçaria naquele dia.

- Eu achei esse lindo! - A garota aponta para um vaso de cerâmica em cima da prateleira de madeira rústica.

- Esse é um dos mais desejados, mas é um pouco mais caro senhorita. - Diz o atendente enquanto limpava a bancada.

- Sem problemas, quanto é?

- 200 cruzeiros. - Ele organiza as cédulas dentro de uma gaveta.

- 200 cruzeiros? - Ela arregala os olhos. - Tudo bem, eu levo. - Então ela retira duas cédulas de 100 cruzeiros da pequena bolsa que carregava nos ombros

- Bela compra garotinha. - O atendente recebe, os coloca no caixa e pega o vaso de cerâmica, o colocando em uma frágil sacola de plástico transparente.

- Obrigada! - Ela sorri, pega a sacola e sai dali.

No caminho ela olha para o céu, as nuvens estavam acinzentadas e o céu estava se fechando, isso era um mal sinal.

Distraída olhando para cima ela não notou um garoto a sua frente que, por sinal, também estava distraído olhando para o carro que acaba de concertar, sair de sua mecânica.

Os dois se trombam, o garoto estava apoiado em uma coluna, mas Luísa não, ela se desequilibrou e deixou o vaso cair, e caindo junto com ele em seguida, seus joelhos estavam ensanguentados e cortados porque por acaso, ela caiu nos cacos de cerâmica do vaso.

- OLHA POR ONDE ANDA PIRRALHA! - O jovem dá passos para trás para não se cortar com o vaso quebrado. - Mas que droga, minha calçada está toda suja de sangue!

- Me-me desculpa senhor.. - Ela abaixa a cabeça enquanto tirava os pequenos cacos que entraram em sua pele.

- Saia daqui, ANDA, SAIA! - O homem era jovem, por volta dos seus 18,19 anos, mas mesmo assim era alto, e amedrontador. Suas mãos cheias de graxa pegam uma das tranças de Luísa e a puxa. - Vamos! Ou vou perder clientes.

- Solta! Isso machuca.. - Sua voz sai embargada por conta das lágrimas que escorriam por seu rosto.

- Então saia! - Diz entre dentes enquanto soltava a trança de Luísa.

Luisa pega sua bolsa,e pelo menos tenta ver se restou algo do vaso, mas isso só resultou em vários cortes em sua mão e com dificuldade ela sai correndo em direção a casa de seu senhor, no caminho ela é encharcada pela chuva que estava evidente que iria cair.

Ela finalmente chega, abre a porta e sua primeira visão é Otto sentado em uma de suas poltronas confortáveis de couro lendo o jornal do dia.

- Sara! - Ela grita em um tom choroso, despertando a atenção de Otto para ela.

- Criança oquê.. - Ele arregala os olhos. - O quê houve com você? - Ele pingarreia e volta a pôr o jornal em sem campo de visão.

- Senhorita Luísa! - Sara segura a borda de seu vestido enquanto corria em direção a menina. - O quê aconteceu menina? - Ela se agacha na altura dela.

- Eu.. eu cai e quebrei o vaso que o senhor pediu.. - Diz entre soluços enquanto limpava as lágrimas com as costas do braço. - Me.. me perdoe senhor..

- É um mero vaso garota. - Ele fala.

- Olhe só.. pobrezinha.. olhe seus joelhos, estão sangrando! Viu isso garoto pendlenton? - Ela o encara.

- Vi, mas pouco me importa. - Se faz de indiferente. - Aliás, Luísa. - Ele estreita os olhos. - Seu cabelo está com graxa, foi até a mecânica?

- N-não.. eu sem querer esbarrei no filho do borracheiro.. - Ela se senta em uma poltrona e apoia as pernas em um banquinho. - Aí.. ele puxou meu cabelo, me mandando sair de lá.

Reflexo da alma° | Luotto Onde histórias criam vida. Descubra agora